Sumiram os navios e os marítimos

962
Embarcação (foto Transpetro)
Embarcação (foto Transpetro)

Semana passada, a P&O Ferries – empresa controlada pelos Emirados Árabes Unidos que opera viagens de passageiros e transporte de cargas no Reino Unido, inclusive a ligação com o continente europeu – demitiu todos seus 800 marítimos. Uma carta do executivo-chefe da P&O, Peter Hebblethwaite, vazada para a imprensa, revelou que a empresa esperava reduzir pela metade seus custos trabalhistas substituindo os marítimos sindicalizados por funcionários mais baratos.

O Brasil navega para este rumo, ou pior. Durante a pandemia, a Transpetro, subsidiária da Petrobras, vendeu quase 20 navios. A bandeira brasileira na companhia ficou reduzida a apenas 25 embarcações, segundo Carlos Augusto Müller, presidente da Confederação Nacional de Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Aéreos, na Pesca e nos Portos.

É um aperitivo do que vem por aí com a BR do Mar, Lei patrocinada pelo Governo Bolsonaro que beneficia empresas estrangeiras de navegação. Em artigo, Müller afirma: “Precisamos estar atentos, pois distorcer o BR do Mar para reduzir a frota em bandeira brasileira, transferindo os navios brasileiros para outros países para depois operá-los, de forma direta ou cruzada, buscando possíveis brechas na legislação, criam um forte cheiro de evasão fiscal no mar.”

Não é distorção, é o objetivo da Lei. Tanto que, na votação dos vetos feitos por Bolsonaro, a base governista no Congresso manteve, por 254 a 141 votos de deputados, veto a trecho que fixava em no mínimo 2/3 de brasileiros na tripulação de embarcações que serão alugadas. Vetado o artigo, só ficam a obrigatoriedade de brasileiros nos postos de comandante, mestre de cabotagem, chefe de máquinas e condutor de máquinas.

Espaço Publicitáriocnseg

Este é o porto que busca o BR do Mar, parte de projeto que poderia ser chamado de BR Entregar, tocado por um governo que jura que o Brasil está acima de tudo e integrado por militares que não fazem força para escapar do rótulo de entreguistas.

 

Em tempo – 1

A P&O Ferries, estrangeira como quase tudo no Reino Unido, faz parte do grupo DP World, empregador certificado Great Place To Work. É controlada por uma estatal de Dubai e foi elogiada pelo governo de Boris Johnson como exemplo do sucesso do Brexit.

 

Em tempo – 2

No Brasil, a estatal árabe controla a DP World Santos, “responsável pela operação de um dos maiores e mais modernos terminais portuários privados multipropósito do Brasil (…) Com investimento de R$ 2,3 bilhões, proporcionamos mais de 1,2 mil empregos diretos e 5 mil indiretos”, diz o site da companhia.

Os trabalhadores deveriam colocar as barbas de molho.

 

Fim da lista

Em relatório sobre saneamento com as 100 maiores cidades do Brasil, o Estado do Rio de Janeiro não emplaca nenhuma entre as 20 melhores. Mas tem 4 entre as 20 piores – Belford Roxo, São João de Meriti, São Gonçalo e Duque de Caxias; estas 2, as piores da região Sudeste.

 

Rápidas

Estão abertas inscrições para o workshop “Transforme sua Imagem 360°”, com Fernanda Gazal, de 4 a 6 de abril *** O Cadeg – Mercado Municipal do Rio promove o Festival Mesa Santa entre a próxima sexta e 17 de abril *** Estão abertas as inscrições para o Curso Introdutório de Direito de Energia Elétrica, que a Escola Superior do Instituto dos Advogados Brasileiros (Esiab) realizará a partir de 27 de abril. Mais informações: (21) 2240-3173 *** Alexandre Machado assumiu o cargo de líder de Delivery na Unidade de Retail & Consumer Goods da consultoria internacional Bip Brasil.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui