A receita dos supermercados do Estado do Rio de Janeiro cresceu 3,7% em abril, já descontada a inflação, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgado pelo IBGE. Esse resultado expressivo representou uma importante recuperação após as perdas registradas em março (-2,9%) e ocorreu mesmo sobre uma base elevada de comparação, já que abril de 2024 também havia apresentado crescimento (1%). O desempenho positivo ajudou a conter a retração observada nas vendas do varejo fluminense na totalidade, que caíram 0,5% no mesmo período, marcando o segundo mês consecutivo de queda, após o recuo de 6,9% em março.
Para o presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), Fábio Queiróz, os números reforçam a solidez do setor.
“Mesmo em um cenário desafiador para o comércio em geral, os supermercados seguem desempenhando um papel fundamental para a economia do estado. Isso demonstra a capacidade de adaptação do setor e a sua relevância para a população”, afirma Queiróz.
A queda no varejo fluminense em abril foi puxada principalmente pelos setores de combustíveis (-16%), equipamentos de informática e comunicação (-13%) e vestuário e calçados (-5,3%). Pelo 22º mês consecutivo, o setor supermercadista superou o desempenho do varejo como um todo no Rio de Janeiro.
Em âmbito nacional, os supermercados também apresentaram forte crescimento em abril (7%), recuperando as perdas de março (-1,2%). Todas as 12 unidades da federação analisadas pelo IBGE registraram crescimento no setor, com destaque para Santa Catarina (14,6%).
No acumulado do primeiro quadrimestre de 2025, a receita dos supermercados fluminenses cresceu 1,8%, também em termos reais, em comparação com o mesmo período de 2024. Vale destacar que esse crescimento ocorreu sobre uma base elevada, já que o setor havia registrado um forte avanço de 5,9% no mesmo intervalo do ano anterior. Apesar da desaceleração no ritmo de crescimento ao longo dos últimos 12 meses, abril trouxe uma leve recuperação na curva de desempenho do setor.
Ainda segundo Queiróz, o setor tem mostrado resiliência e capacidade de manter o crescimento mesmo diante de oscilações no mercado. “Os supermercados têm sido um ponto de equilíbrio para a economia fluminense. Somos um setor essencial que segue atendendo às necessidades da população com qualidade e eficiência, o que contribui diretamente para a sustentação da atividade econômica no estado”, completa.
O desempenho positivo dos supermercados ajudou a atenuar o resultado negativo do varejo fluminense no acumulado do ano, que caiu 2,2% – o pior início de ano desde 2020, durante a pandemia. As maiores quedas vieram dos segmentos de combustíveis (-13,7%), informática e comunicação (-6,9%), livrarias e papelarias (-5,7%) e vestuário e calçados (-2,8%).
Ainda segundo a Asserj, o Rio de Janeiro registrou, em maio, a primeira deflação no setor supermercadista após nove meses consecutivos de inflação. O índice, que engloba alimentos e bebidas vendidos nos supermercados, recuou 0,06% no período, em um movimento que representa alívio no bolso dos consumidores. A retração contribuiu diretamente para manter a inflação geral do estado em níveis baixos, pelo segundo mês seguido: 0,21% em maio, após 0,16% em abril.
Ao analisar os números positivos em relação à desaceleração nos preços, Fábio Queiróz se mostrou otimista. “Estamos otimistas com a tendência de desaceleração, o que pode trazer maior estabilidade ao poder de compra da população nos próximos meses. É mais comida na mesa do consumidor”, destaca.
Entre os produtos que puxaram essa deflação estão o arroz (-5,82%), o leite longa vida (-1,27%), o frango em pedaços (-0,61%), o queijo (-0,10%) e o biscoito (-2,89%). Para o presidente da Asserj, essa queda nos preços representa uma excelente notícia para os fluminenses, que vinham sentindo o impacto da inflação há quase um ano.
No acumulado do ano até maio, o Rio de Janeiro apresentou a sexta menor inflação do país no setor de alimentação no domicílio, com alta de 3,66%, abaixo da média nacional de 4,08% e a menor entre os estados do Sudeste. “Mesmo com o acumulado ainda elevado, o desempenho fluminense é um sinal positivo. Seguimos negociando com os fornecedores para garantir os melhores preços no abastecimento fluminense”, destacou Queiróz.
Enquanto o Rio de Janeiro observou deflação, o Brasil como um todo ainda registrou leve inflação no setor em maio (0,02%), o nono mês consecutivo de alta, embora com desaceleração em relação a abril (0,83%). Apenas sete das 16 unidades da federação apresentaram inflação no período, com destaque para Pernambuco (0,82%).
Alguns itens apresentaram alta em maio, como o pão francês (2,24%), café moído (2,81%), contrafilé (2,73%) e alcatra (0,84%). Já os artigos de higiene pessoal tiveram inflação leve (0,14%), influenciada pela alta de produtos como desodorantes (2,12%) e itens para higiene bucal (2,67%). Em contrapartida, produtos como sabonete (-3,70%) e papel higiênico (-1,62%) registraram queda nos preços.