Supermercados e lojas de construção sustentam crescimento do varejo

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Supermercado (Foto: Marcelo Camargo/ABr)
Supermercado (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

Puxado pelos supermercados e pelas lojas de materiais para construção e sustentado pelo auxílio emergencial, o varejo paulista vai terminar o ano com alta de 2% no seu faturamento real em comparação a 2019, projeta a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP). Em números absolutos, será um aumento de R$ 12 bilhões no orçamento final de 2020 em relação ao ano anterior – um resultado menos destrutivo do que o esperado em meio à crise do coronavírus.

Nos cálculos da Entidade, no entanto, o setor registraria queda acentuada de 3% se o governo federal não tivesse interferido na economia por meio do auxílio emergencial, a partir de abril, o que mostra, novamente, o caráter decisivo da medida para a economia do país.

O crescimento vai ser marcado por desempenhos assimétricos jamais vistos na história do comércio do estado: a diferença entre o melhor resultado do ano, o das lojas de materiais de construção (alta de 15%), e pior, o das lojas de vestuário, tecidos e calçados (queda de 25%) será de 40 pontos porcentuais. Para se ter uma ideia, em 2019, essa diferença foi de apenas 8 pontos porcentuais.

Depois dos lojistas do setor de construção, as atividades que mais vão crescer no ano serão supermercados (14%) e farmácias e perfumarias (9%). Por outro lado, além das lojas de vestuário, as concessionárias de veículos também vão acabar 2020 com um tombo de 19% em comparação ao ano passado.

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A dispersão também pôde ser vista nos resultados trimestrais que compõem o desempenho do fim do ano: no primeiro trimestre, ainda no início da pandemia, o varejo paulista faturou 5% a mais do que no mesmo período de 2019. No segundo, quando serviços essenciais ficaram fechados, a queda de 11% na comparação representou um rombo expressivo de R$ 20 bilhões para o caixa dos comerciantes – o pior momento da história do setor no Estado. A recuperação no terceiro trimestre (subida de 8%), que se deu pela retomada das atividades, deve ser mais tímida agora, no quarto trimestre, cuja projeção da Fecomércio-SP é de aumento de 4% no faturamento.

Ainda é possível ver a disparidade dos desempenhos por meio do montante arrecadado em segmentos considerados essenciais – como supermercados -, que vão terminar o ano com R$ 39 bilhões a mais em suas receitas do que em 2019. Enquanto isso, as atividades mais impactadas pelas restrições de circulação – como lojas de roupa e concessionárias de veículos – acabarão 2020 com R$ 27,4 bilhões a menos.

O cenário turbulento de 2020 também fez com que o varejo paulista perdesse 64.155 empresas – considerando todos os portes. O setor entrou na pandemia com 410.847 empresas e vai entrar em 2021 com 346.692, segundo levantamento da Fecomércio-SP.

Esses números também são corroborados por outro levantamento da Federação, a Pesquisa de Emprego no Estado de São Paulo (Pesp):  o comércio paulista vai fechar 2020 com 60 mil empregos formais a menos em relação a 2019, configurando o segundo pior desempenho anual desde 2010. No setor de serviços, o número será ainda maior: 121,6 mil vagas celetistas perdidas no ano – uma redução de 2%, também o segundo pior resultado em 10 anos.

Os dados negativos são consequências principalmente dos impactos no auge da pandemia, entre o segundo e o terceiro trimestres. Só o comércio perdeu 143.913 vagas entre março e junho, segundo a PESP, enquanto os serviços viram 257.708 postos de trabalho com carteira assinada serem perdidos, considerando o intervalo entre março e julho.

Também o Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Apas/Fipe e divulgado mensalmente pela Associação Paulista de Supermercados (Apas), aponta uma inflação de 1,58% no setor em novembro. O número é 0,71 pontos percentuais (p.p) menor que outubro. Pelo segundo mês consecutivo, itens da cesta básica que são subprodutos da soja tiveram aumentos menores ou até quedas, apesar da alta demanda do exterior pelo produto. O preço do óleo, por exemplo, que chegou a registrar 30,6% em setembro, caiu para 16,4% em outubro e 9,6% em novembro. Outro item, o arroz, caiu de 16,9% para 10,48% e, agora, 5,7%. O leite, que chegou a registrar inflação de 7,2% em setembro, teve deflação de 4,2% em novembro.

A variação do preço dos alimentos e bebidas é decorrente de uma série de variáveis, entre elas a alta do dólar, o auxílio emergencial, a exportação de milho e soja, e a peste africana que atingiu os suínos na China.

Um dos principais itens que puxou a inflação geral em novembro para cima são as proteínas. A explicação é que o aumento se deve ao crescimento dos custos de produção devido à elevação da ração dos animais, ao aumento da demanda por suíno e à demanda internacional de importação. No geral, os cortes bovinos subiram 3,8% e as aves 2%, frente 5,3% e 9,1% registrados em outubro, respectivamente. Os suínos praticamente se mantiveram em 8%.

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