“Indicadores recentes sugerem que o crescimento da atividade econômica moderou-se no primeiro semestre. O crescimento do emprego desacelerou e a taxa de desemprego subiu ligeiramente, mas permanece baixa. A inflação subiu e permanece relativamente elevada”, disse, em nota, o Federal Reserve nesta quarta-feira.
No comunicado, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) anunciou que busca atingir o máximo de emprego e inflação a uma taxa de 2% no longo prazo. A incerteza quanto às perspectivas econômicas permanece elevada.
“O comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu duplo mandato e avalia que os riscos negativos para o emprego aumentaram. Em apoio às suas metas e à luz da mudança no balanço de riscos, o comitê decidiu reduzir a meta para a taxa dos fundos federais em 1/4 de ponto percentual, para 4 a 4,25%. Ao considerar ajustes adicionais à meta para a taxa dos fundos federais, o comitê avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a evolução das perspectivas e o balanço de riscos.”
O comitê continuará reduzindo suas participações em títulos do Tesouro, títulos de dívida de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências. O comitê está fortemente comprometido em apoiar o máximo de emprego e retornar a inflação à sua meta de 2%.
Ao avaliar a postura adequada da política monetária, o comitê continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas. O comitê estará preparado para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado, caso surjam riscos que possam impedir a consecução dos objetivos do comitê. As avaliações do comitê levarão em consideração uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, além de desenvolvimentos financeiros e internacionais.
Votaram a favor da ação de política monetária Jerome H. Powell, presidente; John C. Williams, vice-presidente; Michael S. Barr; Michelle W. Bowman; Susan M. Collins; Lisa D. Cook; Austan D. Goolsbee; Philip N. Jefferson; Alberto G. Musalem; Jeffrey R. Schmid; e Christopher J. Waller. Votaram contra essa ação Stephen I. Miran, que preferiu reduzir a meta para a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual nesta reunião. Miran foi indicado pelo presidente Donald Trump e recém-aprovado para um mandato-tampão no Fed.
Na coletiva de imprensa realizada após a divulgação da decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, mencionou a moderação do crescimento econômico e o alívio da inflação, que, apesar disso, permanece “relativamente elevada”. As tarifas foram citadas, e seus efeitos sobre a inflação são considerados pelo Fomc ainda imprevisíveis, com a possibilidade de pressão adicional aos preços, apesar de os efeitos terem sido limitados até o momento a itens específicos, como bens.
Quanto à possibilidade de cortes maiores, Powell indicou que o ritmo de 25 pontos parece adequado dado o cenário atual, com uma economia ainda saudável, mas enfatizou que o mercado de trabalho parece estar de fato desacelerando de forma contundente, o que diminui os riscos altistas à inflação. “Este posicionamento corrobora, na nossa opinião, a visão de uma continuidade do ciclo de cortes no ritmo atual”, analisa Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad.
Para Powell, não é surpreendente que haja visões diferentes entre os membros dado o cenário de tensão entre as duas metas, já que a desaceleração do mercado de trabalho e a inflação persistentemente elevada tenderiam a levar a caminhos diferentes de política monetária.

Sara Paixão, analista de Macroeconomia da InvestSmart XP, explica que o Fomc, em seu comunicado, alterou o tom sobre o mercado de trabalho, avaliando que a criação de emprego desacelerou e ressaltou que a inflação subiu e permanece elevada. “Essa mudança na percepção do equilíbrio de risco entre os dois mandatos do Fed, em especial sobre o mercado de trabalho, que antes era considerado sólido e agora apresenta sinais de desaceleração, foi a principal justificativa para o corte de 0,25%”, afirma Paixão.
“Outro ponto relevante é que Stephen Miran, novo membro do Fomc indicado por Trump, foi o único a votar por uma intensidade maior de corte, defendendo uma redução de 0,5 ponto percentual. O fato evidencia a influência do presidente dos Estados Unidos no Fomc e reacende o debate sobre a independência do Banco Central”, comenta a analista da InvestSmart XP.
Apesar do corte, o presidente do Fed, Jerome Powell, adotou um tom cauteloso em entrevista, ressaltando que os efeitos das tarifas sobre a inflação ainda não se manifestaram completamente e que, embora o impacto esperado seja de curto prazo, o risco central a ser monitorado é a persistência da inflação, ressalta Sara Paixão.
Matéria atualizada às 17h03 para inclusão de comentários sobre a decisão do Fed e a entrevista de Powell
Leia também:
-
Mercado mantém estáveis projeções para inflação e PIB
Boletim Focus mostra estabilidade nas projeções do mercado para inflação e PIB em 2025. Juros seguem em 15% ao ano e devem permanecer altos
-
Embraer: energia renovável em todas as suas unidades até 2030
Em menos de cinco anos, a Embraer tem como meta alcançar 100% de energia renovável em todas as suas unidades. A fabricante de aeronaves anunciou nesta sexta-feira a ativação de seu maior projeto global de geração de energia solar, localizado na sede da Embraer Executive Jets em Melbourne, Flórida. O projeto será implementado em parceria […]
-
Ineep questiona dividendos nos resultados da Petrobras no 3T25
Remuneração equivale ao total do investido pela companhia
-
Fitch: gestão de investimentos ‘excelente’ da Bradesco Asset
A Fitch Ratings afirmou o rating de qualidade de gestão de investimentos ‘excelente’ da Bradesco Asset Management (Bradesco Asset). A perspectiva do rating é estável. A menção se aplica apenas às atividades da companhia no Brasil e não inclui suas unidades no exterior, tampouco a gestão de fundos (FoFs) e as atividades de private banking. […]
-
Banco ABC Brasil (ABCB4): resultado do 3T25, dinâmicas e perspectivas
Segundo Ricardo Moura, o Banco ABC Brasil conseguiu um bom resultado no 3T25 devido ao equilíbrio de originação, spread e qualidade de carteira.
-
Às vésperas da COP30, Manifesto dos Economistas pelo Futuro Ecológico ganha o mundo e reforça o papel do Brasil na liderança da transição climática
Aprovado no XXVI Congresso Brasileiro de Economia, documento é traduzido para cinco idiomas, incluindo o magüta/tikuna, e projeta a visão dos economistas brasileiros sobre um novo modelo de desenvolvimento sustentável, justo e inclusivo.





















