O cenário econômico internacional e seu impacto em temas como sustentabilidade e inovação dominaram os debates nas reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, realizadas no final de outubro, em Washington, capital dos EUA. Representantes da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) acompanharam a programação das reuniões e, em paralelo, realizaram uma série de encontros institucionais na capital americana.
O painel de abertura do evento, liderado pela diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, destacou os desafios para a normalização econômica pós-Covid-19. “O mundo saiu da pandemia com dívidas mais altas, assim como inflação de serviços e juros mais altos; agora estaríamos caminhando para uma normalização econômica”, comentou Marcelo da Silva Cidade, assessor econômico da Anbima.
A expectativa, segundo destacou a diretora do FMI, é de que essa normalização ocorra apesar de obstáculos de curto prazo, como os políticos, e desafios estruturais, como as mudanças climáticas, que vieram para ficar. Cidade ressalta o impacto econômico das mudanças climáticas, já que estas interferem diretamente nos preços das commodities, por exemplo.
Prioridade
“A questão climática é um ponto central na agenda do FMI e do Banco Mundial, tema que esteve presente em vários painéis que discutiram o que os agentes financeiros devem fazer para mitigar esses riscos durante a transição para uma economia mais sustentável”, descreveu a Anbima.
“O setor de seguros surgiu como um tema importante nos painéis de mudanças climáticas. A necessidade de incluir a seguradora desde o início de cada projeto desenvolvido, para avaliação e precificação de riscos, foi debatida em diversas mesas”, afirmou Ana Flávia Lopes, coordenadora de Representação Internacional da Anbima.
Inovação
Debates sobre inovação foram amplamente abordados. Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, e Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil, participaram de um painel que abordou a temática dos pagamentos transfronteiriços. Campos Neto detalhou os avanços do BC no mercado de tokenização e no desenvolvimento do real digital, o Drex. A data prevista para o lançamento do Drex, que era inicialmente este ano, será no decorrer de 2025.
Na área de inovação, debates sobre inteligência artificial pontuaram o evento. “Houve muito viés na importância do uso da tecnologia, que pode trazer muitos benefícios, mas também chamando atenção para os cuidados e preocupações que o uso dessas ferramentas deve ter”, comentou Lopes.
A Anbima também realizou encontros institucionais com representantes do Investment Company Institute (ICI) e da International Capital Markets Association (ICMA) para a troca de experiências e avaliação de projetos conjuntos. A nova regulamentação de fundos de investimento no Brasil (Resolução CVM 175), e a COP30, que será realizada em Belém em 2025, foram alguns dos principais temas debatidos.
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