Talibãs declaram Afeganistão como nação livre

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Militantes do Talibã (foto Xinhua)
Militantes do Talibã (foto Xinhua)

O Talibã já controla o aeroporto de Cabul. O grupo extremista ocupou toda a estrutura assim que terminou a saída dos militares dos EUA e declarou o Emirado Islâmico do Afeganistão como uma nação livre e soberana. Os líderes do movimento caminharam pela pista do aeroporto, num gesto simbólico de vitória.

A retirada das forças militares norte-americanas ocorreu ontem à noite, com a saída do último avião C-17 dos EUA. O momento foi celebrado nas ruas de Cabul com fogo de artifício e disparos de armas.

O Aeroporto Hamid Karzai ficou, agora, sem controle de tráfego aéreo. O porta-voz do Talibã admitiu pedir ajuda ao Catar ou à Turquia para repor as necessidades técnicas do aeroporto.

“Os últimos soldados americanos saíram do aeroporto de Cabul e nosso país conseguiu a independência total”, disse Zabihullah Mujahid pelo Twitter.

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O Pentágono anunciou que o último avião C17 norte-americano decolou do aeroporto de Cabul às primeiras horas desta terça-feira (hora local). Termina assim a guerra mais longa da história dos EUA, ficando o país asiático nas mãos dos Talibãs ao fim de duas décadas de presença militar estrangeira. No Afeganistão, ficaram cerca de duas centenas de norte-americanos que o Pentágono admitiu não ter conseguido retirar a tempo; 20 anos, uma fatura no valor de mais de US$ 2 bilhões, mais de 170 mil mortos – incluindo mais de 40 mil civis – e os talibãs celebram a volta ao poder. Termina assim a mais longa das guerras dos EUA, iniciada logo após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Washington derrubou o regime Talibã em dezembro de 2001, depois de ele ter se recusado a entregar Osama bin Laden, então líder da Al-Qaeda.

“Começou um novo capítulo do envolvimento da América com o Afeganistão. Vamos liderar com a nossa diplomacia. A missão militar terminou”, disse o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.

Ele disse que “menos de 200 norte-americanos” que pretendem abandonar o Afeganistão ficaram no país, garantindo que continuam os esforços para tentar retirá-los nos próximos dias.

Nessa segunda-feira, o general Kenneth McKenzie, líder do comando central dos EUA, informou que foram retirados mais de 123 mil civis nas últimas duas semanas, ou seja, mais de 7,5 mil civis por dia, após o regresso dos talibãs ao poder na capital afegã.

Como ex-jogadora da seleção feminina de futebol do Afeganistão, Fanoos Basir não vê futuro sob o governo do Talibã. Ela fugiu, e hoje está em um centro de acolhimento de refugiados da França lamentando a vida que deixou para trás.

“Tínhamos muitos sonhos para nosso país, para nosso futuro, para o futuro das mulheres do Afeganistão”, disse ela diante do centro de acolhimento, ao qual chegou depois de ser retirada de Cabul em um voo organizado pela França. “Este era nosso pesadelo, que o Talibã viria e capturaria todo o Afeganistão”, disse ela. “Não há futuro para as mulheres… por ora”.

Da última vez em que o Talibã governou o Afeganistão, as mulheres eram proibidas de praticar esportes ou de trabalhar fora de casa e tinham que se cobrir da cabeça aos pés em público.

Em 2010, Basir se uniu a uma seleção iniciante que treinava em um estádio dilapidado e começou a participar de torneios no exterior.

Uma ex-capitã do time aconselhou as jogadoras ainda no Afeganistão a queimarem seus equipamentos e apagarem suas contas de redes sociais para evitarem represálias do Talibã.

Basir disse que, quando conversou com representantes do grupo militante islâmico, eles responderam: “Você é mulher, não queremos falar com você”.

 

Com informações da Agência Brasil, citando a RTP

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