O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, carregou nas críticas à paralisação dos metroviários, nesta terça-feira. Ao mesmo tempo, Tarcísio aproveitou para defender os trens privados, alegando que as linhas privatizadas eram as únicas funcionando integralmente.
Falou cedo demais. A Linha 9 – Esmeralda, uma das linhas de transporte público estadual de São Paulo privatizada, apresentou falhas e ficou parcialmente paralisada.
Segundo a ViaMobilidade, concessionária do serviço, houve uma falha no sistema elétrico, o que provocou paralisação entre as estações Morumbi e Villa-Lobos Jaguaré, e os trens não operaram em oito das 20 estações que compõem essa linha.
Mais cedo, durante entrevista coletiva, o governador de São Paulo elogiou as linhas de transporte privatizadas e relativizou o problema constante que ocorre na Linha 9. “As linhas apresentam falhas porque chegaram nas mãos da iniciativa privada extremamente deterioradas”, defendeu o Tarcísio.
“Justamente as linhas concedidas são as que estão funcionando. E o cidadão está sendo privado do transporte coletivo naquelas linhas que são operadas pela empresa pública”, afirmou, salientando que estão sendo feitos estudos para as concessões e que todos os ritos necessários estão sendo seguidos para verificar a viabilidade financeira da medida.
A greve é exatamente contra a privatização, tanto dos serviços de transporte sobre trilhos quanto do saneamento básico e fornecimento de água – trabalhadores da Sabesp também paralisaram atividades. Os sindicatos defendem um plebiscito sobre a privatização e prometem seguir a luta se não forem atendidos.
Trens privados sofreram 3 vezes mais falhas
O questionamento tem razão de ser. Levantamento feito pelo UOL mostra que, entre 1º de janeiro e 11 de abril deste ano, as linhas de transporte privatizada tiveram três vezes mais problemas que as que permanecem estatais.
Por 16 vezes as linhas 8 e 9 apresentaram falhas que impactaram a vida dos trabalhadores paulistas. Os dois ramais são operados pela ViaMobilidade. Entre as falhas, houve dois descarrilamentos.
Os cinco ramais públicos administrados pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) sofreram apenas cinco falhas no mesmo período.
A privatização também tem um custo financeiro.Levantamento da plataforma Plamurb mostra uma transferência de recursos públicos para os operadores privados. Isso ocorreria porque o governo repassa para as concessionárias ViaQuatro e Via Mobilidade uma tarifa de remuneração que é superior à tarifa média paga ao Metrô.
Segundo matéria do Brasil de Fato, a ViaQuatro, que pertence à CCR e administra a Linha 4-Amarela desde 2006, ela recebe desde 1º de fevereiro de 2023 o subsídio de R$ 6,3229. O valor está R$ 1,92 acima da tarifa pública que é cobrada dos passageiros, de R$ 4,40.
O metrô estatal não tem tarifa de remuneração. Ele recebe uma tarifa média, calculada pelo total arrecadado e dividido pelo número de passageiros transportados no ano. Em 2022, a tarifa média foi de R$ 2,07.
Comparando os dados do ano passado, o estudo apontou que a concessionária privada recebeu, em média, cerca de R$ 2,5 milhões, transportando 660 mil passageiros. O Metrô estatal, embora tenha transportado em média 2,6 milhões de pessoas, recebeu R$ 5,3 milhões por conta da tarifa de R$ 2,07.
Lucro aumenta 45%
O montante indica que a ViaQuatro transportou ¼ dos passageiros, mas recebeu praticamente a metade do valor que o Metrô deveria receber.
A situação, de acordo com a reportagem, vem gerando um quadro em que o lucro apenas da ViaQuatro aumentou cerca de 45%, entre 2015 a 2019.
Das cinco linhas de metrô de São Paulo, três são públicas e operadas pelo Metrô (Verde, Amarela e Azul) e duas são privatizadas e operadas pela ViaMobilidade Quatro (Amarela) e Via Mobilidade (Lilás). O Metrô também opera o monotrilho, chamado de linha 15-prata.
Já a CPTM opera cinco linhas (Rubi, Turquesa, Coral, Safira e Jade), enquanto as linhas Esmeralda e Diamante foram concedidas à ViaMobilidade.
Leia também:
Número de famílias que pretendem obter crédito vai a maior patamar desde 2019
Peic de novembro aponta que, desse grupo, em São Paulo, a maioria deve usar recursos para as compras de Natal
‘Tarcísio quer aumentar impostos em 300%; comer fora ficará mais caro’
Segundo Fhoresp, governador pretende derrubar benefício fiscal de bares e de restaurantes em vigor desde a gestão Fleury
Manifestação pede saída do secretário de Segurança Pública de SP
Tarcísio admitiu que estava errado sobre o uso de câmeras corporais; deputado quer MP investigando governador e Derrite
Obras de mobilidade em SP terão R$ 10,65 bi do BNDES
Valor inclui expansão do metrô e aquisição de ônibus
Equipamento elétrico causa falhas no Metrô de SP
Trens da linha 3 operaram com restrição de velocidade
Câmara prorroga até 2030 benefício de IPVA e isenção de rodízio para veículos elétricos
Devolução da quota-parte do IPVA tem limite de 103 Ufesp, hoje correspondente a R$ 3.642,08.