O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira que o Brasil vai oferecer os melhores argumentos econômicos para os EUA, nas negociações para reverter o tarifaço aos produtos brasileiros exportados para aquele país. O principal deles, segundo Haddad, é que a medida está encarecendo a vida do povo americano.
“O papel do Ministério da Fazenda e do Ministério do Desenvolvimento Indústria, Comércio e Serviços é justamente oferecer os melhores argumentos econômicos para mostrar, inclusive, que o povo dos EUA está sofrendo com o tarifaço. Eles estão com o café da manhã mais caro, eles estão pagando o café mais caro, eles estão pagando a carne mais cara, eles vão deixar de ter acesso a produtos brasileiros de alta qualidade no campo, também, da indústria”, disse.
“Eles estão notando, de dois meses para cá, que as medidas mais prejudicaram do que favoreceram os EUA”, reforçou o ministro, ao relembrar que os EUA têm superávit comercial em relação ao Brasil e muitas oportunidades de investimento, sobretudo voltado para transformação ecológica, terras raras, minerais críticos, energia limpa, eólica e solar.
Segundo o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em agosto, pela primeira vez desde abril de 2024, as importações registraram queda, em valor, na comparação interanual mensal (-2%). As exportações continuaram aumentando em relação ao ano de 2024, na base de comparação mensal. No acumulado do ano até agosto, porém, o crescimento em valor e volume das importações supera o das exportações.
“O aumento das exportações coincide com o início da vigência do tarifaço de Trump que levou a uma queda das exportações para o país em valor (-18,5%) e volume (-15,4%). Compensou essa queda o aumento de exportações para a China (34,6%, em volume) e para a Argentina (45,7%, em volume). No caso da China, com um desempenho com variações negativas ou abaixo de 11% até julho, o aumento das exportações de soja puxou a retomada do crescimento. Na Argentina, o desempenho favorável já ocorria desde o início do ano. Não é provável que se repitam os percentuais de variação de agosto”, avalia o instituto.
Pela primeira vez, desde abril de 2024, as importações registraram queda (-2%, em valor) na comparação interanual mensal. Um resultado que é compatível com a desaceleração do crescimento da economia. As exportações continuam aumentando em relação ao ano de 2024, na base de comparação mensal, um acréscimo de 3,9%. Observa-se que até junho, a variação nas importações sempre superou a das exportações. Em volume, repete-se o mesmo resultado. As exportações aumentaram em 7,3% e as importações recuaram em 3,8%, na comparação de agosto. No acumulado do ano até agosto, porém, a variação das importações (8,3%) superou a das exportações (2,8%) em volume e, em valor, aumento das exportações foi de 0,5% e das importações de 6,9%.
Com os resultados dos fluxos comerciais, o superávit da balança comercial em agosto (US$ 6,1 bilhões) superou o de igual período em 2024 (US$ 4,5 bilhões), o que não ocorria desde janeiro. No acumulado do ano até agosto, porém, o superávit de 2025 (US$ 42,8 bilhões) é inferior ao de 2024 (US$ 53,6 bilhões).
O crescimento em valor e volume das exportações brasileiras em agosto foi liderado pela China, que explicou 31,8% das exportações brasileiras e registrou variação de 31%, em valor, e 34,6%, em volume. Com esse resultado, a Ásia foi responsável por 45,9% das vendas externas do país.
A Argentina, o terceiro principal parceiro, com 5,5% das exportações do país, aumentou, na comparação interanual de agosto de 2024 e 2025, 40,4%, em valor, e 45,7%, em volume.
Com informações da Agência Brasil
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