A imposição de tarifas de 25% à indústria automotiva global representa uma ameaça à América do Norte e pode reduzir a competitividade e levar à perda de empregos, disse a Confederação Patronal Mexicana (Coparmex) nesta quinta-feira.
A organização observou em um comunicado que o México é o principal fornecedor de carros para o mercado dos EUA e faz parte de uma cadeia de suprimentos altamente integrada. A medida, que entra em vigor em 2 de abril, foi anunciada na véspera pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e impactará as exportações domésticas e aumentará os custos para os consumidores estadunidenses, “o que pode se traduzir em menor demanda e afetar a estabilidade do setor”, segundo a Coparmex.
Peças automotivas do México e do Canadá estarão isentas por enquanto, enquanto carros montados em ambos os países pagarão apenas o imposto sobre conteúdo não estadunidense, de acordo com a medida de Trump.
Ao encerrar uma visita de Estado ao Japão, na noite de quarta-feira, o presidente Lula concedeu uma entrevista a jornalistas e foi questionado sobre o anúncio da sobretaxa de 25%. “O que o presidente Trump precisa é medir as consequências dessas decisões. Se ele está pensando que tomando essa decisão de taxar tudo aquilo que os EUA importam [vai ajudar], eu acho que vai ser prejudicial aos EUA. Isso vai elevar o preço das coisas, e pode levar a uma inflação que ele ainda não está percebendo”, disse Lula.
“Da parte do Brasil, ele taxou o aço brasileiro do Brasil em 25%. Temos duas decisões a fazer. Uma é recorrer na Organização Mundial do Comércio, e nós vamos recorrer. A outra é a gente sobretaxar os produtos americanos que nós importamos, colocar em prática a lei da reciprocidade”, disse o presidente.
Segundo Lula, essa medida só será colocada em prática caso a queixa na OMC não seja eficaz para provocar uma negociação entre os dois países.
O governo mexicano fornecerá uma “resposta abrangente” em 3 de abril a todas as tarifas implementadas pelo presidente dos EUA, declarou a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, nesta quinta-feira.
“Vamos dar uma resposta abrangente ao que foi anunciado sobre aço e alumínio, ao que foi anunciado sobre automóveis e ao que eles vão anunciar em 2 de abril, depois de 2 de abril, porque não queremos dar uma resposta para cada questão, mas sim uma resposta verdadeiramente abrangente”, disse Sheinbaum.
“Sempre com o princípio da soberania do nosso país, de defender a soberania do nosso país”, afirmou durante sua habitual entrevista coletiva matinal na capital mexicana.
De acordo com o secretário de Economia do México, Marcelo Ebrard, que participou remotamente, de Washington, o México exporta quase 3 milhões de carros para os Estados Unidos e fornece 40% de todas as peças usadas naquele país. Ebrard relatou os acordos que fechou com seus colegas estadunidenses sobre tarifas, sempre buscando, afirmou ele, “tratamento preferencial” para produtos mexicanos.
Com agências Brasil e Xinhua