Segundo dados da Projeção de Inadimplência, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), a taxa de inadimplência de pessoa física, que vinha de um aumento gradual nos últimos meses, deve registrar uma leve queda no próximo trimestre, com média de 4,98% em setembro, equivalente a aproximadamente 1,2 milhões de brasileiros endividados. O estudo considera recursos livres, como compras a prazo, créditos fornecidos e cartão de crédito, com base em 60 milhões de pessoas que votam.
Segundo análise, o índice de setembro implica em queda de 0,09 p.p. em relação ao valor real de julho (4,89%) e queda de 0,04 p.p. ante ao valor estimado para agosto (4,94%). Já para outubro e novembro, a projeção deve seguir em queda, com 4,94% e 4,91%, respectivamente.
Também a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em sua Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apontou que após três altas consecutivas, caiu, em setembro, o número de brasileiros com dívidas em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal e prestação de carro e de casa (-0,3 ponto percentual, com relação a agosto). O índice, que havia alcançado o maior percentual da série histórica no mês passado, chegou a 67,2%. No comparativo anual, contudo, o indicador registrou aumento de 2,1 pontos percentuais.
Com relação à renda, houve uma mudança nas trajetórias do endividamento. Entre as famílias que recebem até dez salários mínimos, o percentual caiu pela primeira vez desde maio, chegando a 69% do total – após ter alcançado o recorde de 69,5%, em agosto. Entre as famílias com renda acima de 10 salários, esta mesma proporção teve o primeiro aumento desde abril, subindo a 59%.
O total de famílias com dívidas ou contas em atraso também apresentou a primeira redução mensal desde maio, caindo de 26,7%, em agosto, para 26,5%, em setembro. Em comparação com o mesmo mês do ano passado, a proporção cresceu 2 pontos percentuais. A parcela das famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes se manteve praticamente estável, passando de 12%,1, no mês passado, para 12%, em setembro. No mesmo período de 2019, o indicador havia alcançado 9,6%.
A parcela média da renda comprometida com dívidas entre as famílias endividadas caiu para 29,9% da renda mensal. É o terceiro mês de queda apresentado pelo indicador desde janeiro de 2020, o que favorece a capacidade de pagamento.
Com relação aos tipos de dívida, o cartão de crédito segue sendo, em setembro, a principal modalidade de endividamento para 79% das famílias. Na sequência, aparecem os carnês (16,7%) e o financiamento de veículos (10,3%). Izis chama a atenção para o fato de o cartão de crédito, que havia perdido espaço no endividamento de janeiro a junho deste ano, vir ampliando sua participação desde julho: “É uma modalidade muito utilizada no consumo, e o aumento de participação nos últimos três meses está diretamente associado à recuperação das vendas de bens e de serviços”.