Mais dificuldades no acesso a crédito, menos consumo e dinheiro circulando na economia e redução de empregos. Estes são alguns dos reflexos de como a taxa Selic, fixada pelo Banco Central em 13,75% ao ano, pode afetar diretamente as micro e pequenas empresas. Esta percepção já é captada por quem está na ponta.
“A Selic nos afeta bastante no crédito para expansão. Precisamos crescer, mas os juros cobrados pelos bancos estão muito altos”, avalia o empresário Lucas Gibertoni, da AIDU, indústria de alimentos localizada em São Paulo (SP). Atualmente, a maior parte da receita vem da fabricação para grandes empresas, sobretudo com produtos alimentícios em aerosol. Sobra demanda, mas falta crédito.
Segundo ele, “crédito para capital de giro nem se fala, está insustentável. No início do ano não tivemos muita saída de produtos, alguns boletos atrasaram, então pegamos empréstimo mesmo assim. E isso acabou atrasando alguns planos que tínhamos para a AIDU. Temos que ser muito guerreiros para sobrevivermos a um sistema tão adverso”, completa o empreendedor.
A visão de Lucas sobre a taxa de juros também pode ser percebida pelo Índice de Confiança das Micro e Pequenas Empresas (IC-MPE) de maio, que apresentou um ligeiro recuo de 0,8 ponto, caindo de 88,5 para 87,7 pontos, de acordo com a Sondagem Econômica da MPE, realizada mensalmente pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV).
O coordenador de Acesso a Crédito e Investimentos do Sebrae, Giovanni Beviláqua, explica que a Selic é uma taxa básica (mínima) e que para os pequenos negócios, a taxa média está em 35% ao ano: “Esses valores praticados são um impeditivo para o empreendedor acessar o crédito”.
“Com a taxa de juros da Selic alta, há um desestímulo das instituições financeiras e dos tomadores de financiamento. É sempre uma tomada de decisão que deve ser feita com muita cautela”, contextualiza.
Beviláqua sugere que os empreendedores procurem orientações para a tomada de decisão. Além disso, é importante estar atento à gestão financeira da empresa, à organização dos processos e ao controle de estoques, que pode ajudar a ter um fluxo de caixa saudável e ter subsídios sobre a requisição de empréstimos. “Todo crédito tomado hoje se torna uma dívida que será paga ao longo do tempo. Por isso, deve ser muito bem planejado”, explicou.
A Selic, taxa básica de juros, está fixada em 13,75% ao ano. No entanto, a média de juros para as MPE está em 35% ao ano.aso não queira receber mais conteúdos cancele aqui sua inscrição.
















