Taxa média de desocupação em 2020 foi a maior desde 2012

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Carteira de trabalho (Foto: Marcello Casal Jr./ABr)
Carteira de trabalho (foto de Marcello Casal Jr., ABr)

O desemprego recuou para 13,9% no quarto trimestre de 2020, depois de atingir 14,6% no trimestre anterior. Mas a taxa média de desocupação para o ano passado foi de 13,5%, a maior desde 2012, o que corresponde a cerca de 13,4 milhões de pessoas buscando trabalho no país. O resultado para o ano interrompe a queda na desocupação iniciada em 2018, quando ficou em 12,3%. Em 2019, o desemprego foi de 11,9%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada hoje pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, essa reação do mercado de trabalho no quarto trimestre já era esperada.

“O recuo da taxa no fim do ano é um comportamento sazonal por conta do tradicional aumento das contratações temporárias e aumento das vendas do comércio. É interessante notar que mesmo num ano de pandemia, o mercado de trabalho mostrou essa reação”, afirmou, em nota.

O resultado no quarto trimestre foi puxado pelo aumento na ocupação em quase todos os grupos de atividades: agricultura (3,4%), indústria (3,1%), construção (5,2%), comércio (5,2%), alojamento e alimentação (6,5%), informação e comunicação (5,8%) outros serviços (5,9%), serviços domésticos (6,7%) e administração pública (2,9%). Apenas transporte ficou estável.

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No intervalo de um ano, a população ocupada reduziu 7,3 milhões de pessoas, chegando ao menor número da série anual.

Em um ano, o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (excluindo trabalhadores domésticos) teve redução recorde, menos 2,6 milhões, um recuo de 7,8%, ficando em 30,6 milhões de pessoas. Os trabalhadores domésticos (5,1 milhões) diminuíram 19,2%, também a maior retração já registrada.

Foi registrada redução de 1,5 milhão de pessoas entre os trabalhadores por conta própria, que somaram 22,7 milhões, retração de 6,2% em relação a 2019. O número de empregados sem carteira assinada no setor privado (9,7 milhões) caiu 16,5%, menos 1,9 milhão de pessoas. O total de empregadores recuou 8,5%, ficando em 4 milhões.

A taxa de informalidade passou de 41,1% em 2019 para 38,7% em 2020, o que representa 33,3 milhões pessoas sem carteira assinada (empregados do setor privado ou trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores ou empregados por conta própria) ou trabalhadores sem remuneração. Outro destaque foi a alta recorde no total de pessoas subutilizadas, que são aquelas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas ou na força de trabalho potencial. Em 2020, esse contingente chegou a 31,2 milhões, o maior da série, um aumento de 13,1% com mais 3,6 milhões de pessoas.

Os desalentados, que desistiram de procurar trabalho devido às condições estruturais do mercado, chegaram a 5,5 milhões de pessoas 2020, alta de 16,1% em relação ao ano anterior. É também o maior contingente da série anual da Pnad Contínua.

Impulsionada pelos segmentos de saúde e educação, a administração pública cresceu 1%, com mais 172 mil trabalhadores. Já construção fechou 2020 com perda de 12,5% na ocupação, seguido de comércio (9,6%) e indústria (8,0%). Os serviços também foram os mais afetados, com destaque para alojamento e alimentação (21,3%) e serviços domésticos (19%). Em 2020, o rendimento médio real dos trabalhadores foi de R$ 2.543, crescimento de 4,7% em relação a 2019. Já a massa de rendimento real, que é a soma de todos os rendimentos dos trabalhadores, atingiu R$ 213,4 bilhões, redução de 3,6% frente ao ano anterior.

Já estudo do IBM Institute for Business Value (IBV) revelou que um em cada quatro consumidores pesquisados globalmente planeja mudar de empregador em 2021. Mesmo com a economia global tendo uma perda equivalente a 255 milhões de empregos em tempo integral em 2020*, o estudo mostra que as mudanças voluntárias de trabalho e o desenvolvimento de habilidades continuam sendo uma prioridade no mercado de trabalho atual, já que os funcionários podem estar buscando mudanças de carreira devido a interrupções causadas pela pandemia.

O estudo com mais de 14 mil adultos em todo o mundo também mostrou que muitos daqueles que fizeram mudanças de emprego voluntariamente em 2020 podem mudar novamente em 2021 por muitos dos mesmos motivos. No Brasil, 1 em cada 10 pessoas que responderam à pesquisa deixou o emprego voluntariamente no ano passado durante a pandemia. Os principais motivos pelos quais os entrevistados decidiram pedir demissão foram: 29% precisavam de mais flexibilidade de horário ou de local de trabalho (por exemplo, capacidade de trabalhar remotamente para lidar com as demandas da família); 26% buscavam mais benefícios e suporte para seu bem-estar; 23% disseram que não tinham boas perspectivas de progressão na carreira ou segurança no emprego; 31% disseram que planejam mudar de emprego em 2021. As razões mais comuns são para buscar de aumento salarial ou promoção (33%), mais benefícios e suporte para seu bem-estar (29%), para mudar de profissão (27%) ou ter um trabalho com mais propósito e significado (25%); 23% disseram que estava enfrentando síndrome de burnout (esgotamento mental).

Ainda segundo o levantamento, também no Brasil, 52% dos consumidores pesquisados disseram que para engajar os funcionários é preciso gerar oportunidades de desenvolvimento e ascensão na carreira. Quase a mesma porcentagem acredita que a ética e os valores da empresa (51%) também são um atributo chave. A remuneração e benefícios competitivos (46%) bem como o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal/flexibilidade (44%) também foram mencionados como prioridades.

 

Com informações da Agência Brasil

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