BC vê inflação ‘mais desfavorável’ e eleva juros

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Moedas
Moedas (Foto: ABr/arquivo)

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve a trajetória de alta da Selic, taxa básica de juros, na reunião desta quarta-feira, mas aumentou o ritmo de 0,75 para 1 ponto percentual. Assim, a taxa foi para 5,25% ao ano. A decisão de elevar pela quarta vez consecutiva foi por unanimidade.

“Neste momento, o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado um ciclo de elevação da taxa de juros para patamar acima do neutro”, expressou o Comitê em comunicado após o fim da reunião.

A Força Sindical criticou a decisão: “O Banco Central perdeu uma ótima oportunidade que poderia funcionar como um estímulo para a criação de empregos, a produção e o consumo. Tivemos uma desnecessária alta dos juros, que seguem elevados.”

O Copom fez outras observações em seu comunicado:

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– No cenário externo, a evolução da variante Delta da Covid-19 adiciona risco à recuperação da economia global. O Comitê avalia que, a despeito dos movimentos recentes nas curvas de juros, ainda há risco relevante de aumento da inflação nas economias centrais. Ainda assim, o ambiente para países emergentes segue favorável com os estímulos monetários de longa duração, os programas fiscais e a reabertura das principais economias;

– Em relação à atividade econômica brasileira, os indicadores recentes continuam mostrando evolução positiva e não ensejam mudança relevante para o cenário prospectivo, o qual contempla recuperação robusta do crescimento econômico ao longo do segundo semestre;

– A inflação ao consumidor continua se revelando persistente. Os últimos indicadores divulgados mostram composição mais desfavorável. Destacam-se a surpresa com o componente subjacente da inflação de serviços e a continuidade da pressão sobre bens industriais, causando elevação dos núcleos. Além disso, há novas pressões em componentes voláteis, como a possível elevação do adicional da bandeira tarifária e os novos aumentos nos preços de alimentos, ambos decorrentes de condições climáticas adversas. Em conjunto, esses fatores acarretam revisão significativa das projeções de curto prazo;

 

Opinião

A taxa básica de juros pode encerrar o ano em 7%, de acordo com o Grupo Consultivo Macroeconômico, formado por economistas de instituições associadas. O grupo já acreditava em um aumento de um ponto percentual, para 5,25% da Selic. E também aposta na mesma tendência de alta para os próximos meses. São esperadas outras três altas da taxa, de um ponto percentual em setembro, de 0,5% em outubro e de 0,25% em dezembro. A estimativa anterior do grupo, apontada em maio, era de que a Selic terminasse 2021 em 6,5%.

Os economistas revisaram também, pela sexta vez consecutiva, a projeção do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) neste ano, que foi de 5,8% para 6,8%. A estimativa está acima do teto da meta da inflação para 2021, que é de 5,25%.

Em relação à atividade econômica, o grupo ajustou a projeção do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre, que estava em estabilidade (0%), para avanço de 0,15%. Para os períodos seguintes, foram mantidas as expectativas de crescimento de 0,6% e de 0,5% nos terceiro e quarto trimestres, respectivamente. Em relação ao resultado consolidado do ano, a estimativa subiu de 5,2% para 5,4%.

 

Dólar

A projeção do dólar foi revista para baixo pela segunda vez consecutiva. A expectativa é que a moeda norte-americana termine 2021 cotada em R$ 5 e não mais em R$ 5,20, conforme havia sido apontado no relatório anterior. Caso concretizado, o resultado corresponderá a uma valorização de 3,8% do real no ano.

O Grupo Consultivo Macroeconômico é composto por 24 economistas de instituições associadas à Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Eles se reúnem a cada 45 dias, em média, sempre na semana que antecede a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária, do Banco Central), para analisar a conjuntura econômica e traçar cenários para os mercados brasileiro e internacional.

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