Tem que cortar na dívida, esperto

Cortes nas despesas exigidos pelo mercado não passam de disputa pelo fundo público, enquanto juros engordam a dívida

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como o copom decide os juros da dívida pública
Como o Copom decide os juros (elaboração BCB)

Em 2023, 43,23% do orçamento da União foi destinado ao pagamento de juros e amortização da dívida pública, de acordo com a Auditoria Cidadão (ACD). A Dívida Bruta do Governo Geral – que abrange Governo Federal, INSS e governos estaduais e municipais – fechou o ano passado em R$ 8,6 trilhões. Em setembro, já tinha pulado para R$ 8,9 trilhões (78,3% do PIB), apesar do abundante pagamento de juros: no acumulado em 12 meses até setembro de 2024, os juros nominais alcançaram R$ 819,7 bilhões (7,19% do PIB), comparativamente a R$ 699,7 bilhões (6,56% do PIB) nos 12 meses até setembro de 2023. Dados do Banco Central.

Cada ponto percentual de aumento na taxa de juros Selic eleva a Dívida Bruta em R$ 49,9 bilhões. Assim, o aumento da Selic (0,75 ponto percentual) desde setembro já engordou a dívida em aproximadamente R$ 37,5 bilhões. Como o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC ameaça manter o atual ciclo de alta, elevando em mais 0,5% (ou quem sabe 0,75%, se continuar atendendo aos desejos do mercado financeiro, que projeta este aumento nos juros futuros), a Dívida Bruta pode crescer mais R$ 37,5 bilhões, totalizando R$ 75 bilhões desde que os sábios do BC e os experts do mercado financeiro decidiram que a inflação está descontrolada (não está) e o governo é um perdulário nato (não é).

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenta empurrar no governo Lula um corte de R$ 30 bilhões a R$ 40 bilhões nas despesas sociais e nos investimentos, poupando as despesas financeiras. Além de ser uma fórmula certeira para pavimentar a vitória da direita em 2026, fica claro, pelos números apresentados acima, que se trata de um embuste. O que está em jogo não é o “descontrole das contas públicas”, mas sim a disputa pelo fundo público, como já demonstrou, neste Monitor, o economista Ranulfo Vidigal.

Enquanto o Sistema da Dívida seguir engordando os rentistas, a conta não fechará. Mais cortes serão exigidos, e mais o governo Lula definhará. Resta saber se haverá força política e coragem para romper com o mecanismo que trava o desenvolvimento do Brasil.

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E ainda reclama da inflação

O setor financeiro aumentou suas tarifas em 8% de janeiro a outubro de 2024, mais que o dobro da inflação do período (3,88%, segundo o IBGE), tendo sido responsável por quase a metade de toda a inflação do item “despesas pessoais” do IPCA.

Rápidas

O ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira, 93 anos, lançará, nesta quinta-feira, às 18h, a autobiografia Marcílio Marques Moreira – O social como elixir, na Livraria da Travessa, do Shopping Leblon *** A Holding SM, liderada por Sérvulo Mendonça e Thamiris Abdala, lança o projeto Formando Campeões, de incentivo a jovens e adultos para praticarem atividades físicas. O projeto apadrinha 7 atletas de jiu jitsu da academia Action *** Nesta quinta-feira, às 10h, a Unifacha recebe Steve Solot, fundador e presidente do Latin American Training Center (LATC), para a palestra de encerramento da IV Jornada de Cinema e Audiovisual, com o tema “Preparando Projetos Audiovisuais para o Mercado Internacional”. Será na R. Muniz Barreto, 51, Botafogo (RJ), aberta ao público.

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