Os países-membros do Mercosul manifestaram nesta quinta-feira “profunda preocupação e enérgica condenação” à tentativa de golpe sofrida pelo governo da Bolívia na quarta-feira. Em comunicado, os Estados partes e associados do bloco afirmam que o ato descumpre os princípios internacionais da vida democrática e, em particular, do Mercosul.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a tentativa de golpe na Bolívia pode estar relacionada com as reservas de lítio, gás e outros minérios no país. O lítio é um dos minerais considerados críticos para transição energética. Estima-se que 53% do lítio na América Latina esteja concentrado em países como Chile, Bolívia e Argentina.
Analistas no Brasil e no exterior, porém, veem o movimento na Bolívia como parte do cerco aos regimes democráticos progressistas na América Latina. Um dos fatores é enfraquecer a posição do Brics na região. O bloco reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e este ano foi ampliado com cinco integrantes. Um sexto país aceito no grupo – a Argentina – desistiu de fazer parte após a eleição do ultraneoliberal Javier Milei, em dezembro passado.
Bolívia e Venezuela manifestaram interesse em aderir ao Brics. Ambos os países sofrem com tentativas de desestabilização. Mas o alvo principal seria o Brasil, fundador do bloco e único representante das Américas. A tentativa de golpe fracassada em 8 de janeiro do ano passado não significa que a ação tenha sido descartada. Enfraquecer o governo Lula, com a criação de uma crise fiscal fake, integraria estas ações.
Os Estados Unidos se limitaram a observar a tentativa de golpe contra a Bolívia, enquanto a maioria dos países das Américas condenava o rompimento democrático.
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A Bolívia encontra-se em processo final de ingresso no Mercosul, o que deve ser formalizado na próxima Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em Assunção, no Paraguai, nos dias 7 e 8 de julho. Lula confirmou que irá à Bolívia no dia seguinte. Todos os países já ratificaram a entrada da Bolívia no Mercosul, inclusive o Brasil.
Atualmente, o Mercosul é formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Os estados associados são Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname.
Nesta quarta-feira (26), um grupo de soldados do Exército, liderado pelo general Juan José Zúñiga, se reuniu na praça central Plaza Murillo, onde estão localizados o palácio presidencial e o Congresso boliviano. Com tanques blindados, eles arrombaram uma porta do palácio presidencial, o que permitiu que os soldados entrassem no prédio.
O presidente Luis Arce nomeou novos comandantes para as Forças Armadas, e os soldados acabaram se retirando do local. Zúñiga e cerca de uma dezena de militares bolivianos já foram presos.
















