Um acidente no terminal da Transpetro, em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro, matou dois trabalhadores terceirizados e feriu um nesta quarta-feira. Os nomes das vítimas não foram divulgados pela empresa. Informações iniciais falavam em três feridos, mas foi confirmado que apenas um trabalhador se feriu.
De acordo com a Transpetro, os dois mortos e o ferido eram funcionários da empresa Olicampo, contratada pela subsidiária da Petrobras para prestar serviço de manutenção na estação de tratamento de efluentes do Terminal de Angra dos Reis, e estavam trabalhando na estação de tratamento de efluentes quando uma plataforma de acesso desabou.
A Transpetro – subsidiária logística da Petrobras e que também fornece soluções integradas para a indústria de óleo, gás e biocombustíveis – emitiu uma nota muito superficial sobre o acidente. A companhia informou que será instaurada uma comissão para apurar as causas do acidente.
De acordo com a subsidiária da Petrobras, os trabalhadores foram atendidos imediatamente pelas equipes médicas, mas não resistiram. Outro trabalhador, que também estava no local, recebeu atendimento médico e foi encaminhado a um hospital da região, com estado de saúde estável; ele sofreu uma fratura em uma das pernas e uma luxação na clavícula. “A Transpetro, juntamente com a Olicampo, está prestando todo apoio aos familiares”, disse a estatal.
FUP: 5 mortes em 2 meses
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) divulgou nota em que lamenta a morte dos trabalhadores. “Em menos de dois meses, houve cinco mortes de trabalhadores na Petrobras. É urgente que a empresa apure as causas desses acidentes. Não é possível a pessoa sair de casa para trabalhar e não voltar”, disse Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.
“A Federação recebeu a notícia minutos antes de iniciar reunião com a Petrobras sobre o Programa de Reconhecimento do Desempenho. A reunião foi suspensa, e a FUP cobrou a efetividade do Grupo de Trabalho emergencial sobre SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde), acordado em reunião com a diretora da estatal, Clarice Coppetti, no dia 15 de outubro”, finaliza a nota.
O Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) divulgou nota em que se solidariza com as famílias dos trabalhadores mortos e com o funcionário ferido, e diz que destacou diretores e advogados para acompanhar a situação. De acordo com o Sindipetro-RJ, foram feitas denúncias de sucateamento e precarização da unidade.
Uso do terminal
O Terminal de Angra dos Reis (Tebig) faz o transporte de petróleo e visa, por meio da importação ou da cabotagem, atender às refinarias de Duque de Caxias (RJ) e Gabriel Passos (MG). Atua também como entreposto de exportação e cabotagem para terminais de menor porte. O transporte atende a elaboração de bunker e a exportação de óleo combustível excedente na produção nacional. O bunker é utilizado para suprir a demanda de abastecimento dos navios que operam no terminal e nos portos de Mangaratiba e de Sepetiba por barcaça que opera no píer de rebocadores.
Nos últimos anos, a Transpetro alienou os navios com idade avançada, porém sem ações de renovação da sua frota, representando uma redução de cerca de 35% na sua capacidade de transporte. Mas a empresa quer mudar esse panorama. Seu Plano Estratégico (PE) 2024-2028+ prevê a ampliação da frota própria, prioritariamente no segmento de cabotagem e também renovação da frota da Transpetro International BV (TIBV).
O PE considera uma carteira de investimentos da ordem de R$ 1,97 bilhão ao longo de seu horizonte, divididos em três segmentos de negócio; 84% da carteira está destinada a projetos relacionados a segurança e continuidade operacional, atendimento a requisitos legais e tecnologia da informação (Sustaining Capex). Os investimentos destinados ao desenvolvimento de novos negócios representam os outros 16% da carteira ao (Growth Capex).
O segmento de cabotagem é considerado estratégico para a Petrobras (mercado regulado por legislação específica e elevado grau de protecionismo, disponibilidade de frota limitada e embarcações em estágio de obsolescência operacional). Com a incorporação do Programa TP 25, a Transpetro mostra-se alinhada às necessidades estratégicas da Petrobras e de crescimento de mercado de derivados no Brasil.
A Petrobras incluiu no seu PE 2024-2028+, a construção de quatro navios da classe handypara atuar no segmento de cabotagem. Os demais navios do Programa encontram-se em estudo no PE 2024-2028+ da Transpetro (R$ 10 milhões/ano).
Por Regina Teixeira, especial para o Monitor.
Com Agência Brasil
Matéria atualizada às 17h45 para inclusão de nota da FUP e mais informações sobre o Terminal e às 14h43 de 28/11/2024 para corrigir a informação da FUP de que haveria 3 feridos