A embaixadora Tatiana Rosito, secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, informou que o Tesouro Nacional estuda a emissão de Panda Bonds, títulos de dívida denominados em renminbi (yuan, a moeda chinesa). O objetivo é captar recursos em um mercado novo, do maior parceiro comercial do Brasil.
A declaração foi feita no Fórum de Cooperação em Moedas Locais do Sul Global, que foi realizado em São Paulo nesta terça-feira, em paralelo à Cúpula de Mídia e Think Tanks do Sul Global, organizados pelas agências de notícias Xinhua (China) e EBC (Brasil).
Rosito mencionou também o estabelecimento de parceria entre a Bolsa de Valores brasileira (B3) e a de Xangai, que permitirá negociação de ETFs no mercado chinês.
Ainda no Fórum foi lançado relatório sobre Inovação e Cooperação em Moedas Locais do Sul Global, elaborado pelo China Economic Information Service (CEIS). A vice-presidente da CEIS, Ji Lei, informou que as transações comerciais Sul-Sul mais que dobraram de 2007 a 2023, especialmente na região da Ásia/Oceania.
Dados do JPMorgan citados por Ji Lei mostram que 20% do comércio mundial de óleo já é feito em outras moedas que não o dólar.
Apesar disso, no sistema de transações financeiras Swift (controlado pelos EUA e pelo Reino Unido), 83,25% das negociações ainda são realizadas em dólar (dados de setembro de 2024). Em euros, são 5,7% das transações; a moeda chinesa já se aproxima da europeia, com 5,66% das negociações – lembrando que a China realiza muitas transações através do seu sistema próprio, o Cips.