The Flash: brasileiros gastam o salário em até 36 horas

Estudo identificou liquidação de contas após o recebimento de dinheiro.

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Pagamento de conta
Pagamento de conta (Marcello Casal Jr., Abr)

Uma análise inédita realizada pela klavi, fintech líder em inteligência de dados financeiros via Open Finance, trouxe à tona um retrato preocupante sobre a velocidade em que os brasileiros gastam o dinheiro que recebem. O estudo analisou movimentações bancárias reais de mais de 7 mil pessoas em diferentes instituições financeiras e identificou um padrão acelerado de liquidação das contas logo após o recebimento dos valores.

De acordo com o levantamento, 18% dos clientes gastam todo o saldo em até 24 horas. Esse percentual aumenta para 42% após 36 horas, revelando que mais de um terço da população não consegue manter recursos por mais de um dia e meio na conta. Além disso, mais da metade dos usuários – 56% – deixam menos de R$ 100,00 disponíveis nesse período.

Esse comportamento financeiro evidencia uma fragilidade estrutural na forma como as famílias brasileiras administram seus recursos. A análise reflete o desafio de lidar com uma renda frequentemente comprometida por dívidas, contas fixas e custos básicos do dia a dia.

“Os dados mostram que o brasileiro tem pouca margem de manobra financeira. O que entra na conta, em grande parte, sai quase de imediato para cobrir despesas fixas e dívidas. Isso revela um cenário de vulnerabilidade que precisa ser olhado com atenção”, aponta Bruno Chan, CEO e cofundador da klavi.

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Inadimplência

O diagnóstico da klavi se soma a outros indicadores públicos que reforçam a gravidade da situação. Dados da Serasa revelam que o Brasil alcançou, em junho de 2025, o maior número de inadimplentes da série histórica: 77,8 milhões de pessoas. O valor médio das dívidas ultrapassa R$ 6 mil por indivíduo, totalizando R$ 477 bilhões em débitos em aberto.

“O cenário aponta para uma população que, além de ter dificuldades em poupar, encontra obstáculos para retomar o equilíbrio financeiro. Esse comportamento pode estar relacionado a um padrão que já identificamos em outros cenários: o uso do cheque especial como uma espécie de capital de giro pessoal. Muitas vezes a conta parece ‘limpa’ porque o saldo foi recomposto, mas isso ocorreu com recursos do próprio limite do cheque especial, um crédito caro e de alto risco. Esse movimento, somado a gastos recorrentes acima da renda, cria um terreno fértil para o endividamento crônico. Sem um planejamento financeiro sólido, políticas de crédito mais responsáveis e iniciativas efetivas de renegociação, o resultado tende a ser um ciclo difícil de quebrar”, analisa Bruno Chan, CEO e cofundador da klavi.

Para a klavi, o estudo serve como um alerta não apenas para consumidores, mas também para empresas e instituições financeiras. O padrão de liquidação acelerada das contas sugere que a maior parte da população vive em um fluxo financeiro restrito, com pouca margem para emergências, investimentos ou planejamento de médio e longo prazo.

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