Tiazinha no BNDES

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Além da presença de oito ministros, dois governadores, da vice-governadora e do prefeito do Rio, senadores, deputados, presidentes dos principais órgãos e empresas governamentais, uma legião de empresários e nenhum representante das centrais de trabalhadores, a posse de Andréa Calabi no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) tinha uma presença inusitada: Luciano Huck. Trata-se do apresentador de televisão e filho de D. Marta, mulher do novo presidente do banco. Espera-se que não se assuma, no sistema de liberação de crédito do BNDES, a postura da Tiazinha, usando chicote durante o interrogatório feito aos interessados nas linhas de financiamento.

Tirando casquinha
Representando o governador do Estado do Rio de Janeiro, a vice Benedita da Silva não perdeu a oportunidade de defender uma solução imediata para o Estaleiro Verolme, durante a solenidade de posse do novo presidente do BNDES. Na frente do prédio do banco, uma comissão de fábrica do Estaleiro Eisa, organizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do Rio, Angra dos Reis e Niterói, distribuía manifesto lembrando que “o sofrimento e desespero como descaso e falta de solução levou os trabalhadores do Estaleiro Verolme a ocupar, por tempo indeterminado, as suas instalações”.

Meia verdade
O ministro Clóvis Carvalho, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, perdeu ótima oportunidade de contar uma história inteira nesta última sexta-feira durante o seu discurso na solenidade de posse do economista Andrea Calabi na Presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Sem falar explicitamente na história dos “grampos” telefônicos de conversas sobre a privatização do sistema Telebrás, o ministro declarou que o banco fora vítima de uma campanha “criminosa, insidiosa e covarde”. Se tivesse tratado a sério sobre o teor das conversas veria que quem mais atingiu a credibilidade e a imagem do banco foram aliados seus, tais como Luiz Carlos Mendonça de Barros e FH.

Mercado futuro
O ministro Pedro Malan, da Fazenda, pediu “calma e perseverança” aos empresários que assistiam o seminário “O real, as reformas e o futuro”, na Associação Comercial do Rio. Ele reafirmou as metas inflacionárias acordadas com o FMI, mas não com a certeza técnica de quem elabora políticas públicas, apenas com “a confiança de que vamos atingi-las”. Malan, depois de criticar a “miopia de curto prazo” dos adversários, disse que para aqueles que lhes perguntam porque não vai haver significativa mudança na balança de pagamentos, em 99, ele apenas responde: “Os preços das commodities não podem ser projetados no futuro”. Empolgado em seu discurso, ele chegou a sugerir: “Vamos esquecer o problema da sustentabilidade da balança de pagamentos”. Isto porque, para ele, as exportações e também as importações vão aumentar ao longo do tempo. Quem pensa ao contrário, afirma, é porque não leva em consideração as manifestações de confiança dos investidores, que só nos sete primeiros meses de 99 já dirigiram para o Brasil US$ 15 bilhões, enfatizou. Sem revelar quanto saiu na forma de royalties e dividendos.

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Esfola
Oferecer empréstimo, com os juros que o BC controla sempre lá na estratosfera, é querer que, além de desempregado, o servidor federal vire também inadimplente.

Produção sem emprego
Andrea Calabi, durante a conferência que fez sobre o futuro da economia brasileira ao ser empossado no BNDES, disse que a função do banco “não é financiar o desemprego e sim a produção”. A frase foi dita num contexto de reestruturação de grandes segmentos importantes para promover o crescimento econômico mediante produtividade associada a qualidade e, isso tudo, na linha da globalização. Calabi não fez referências se o financiamento à produção está ligado diretamente a geração de empregos, porque os defensores da globalização são fãs da automação.

Perdidos na posse
O cerimonial do BNDES bateu o recorde de equívocos na posse de Calabi. Anunciou a presença do ausente Pedro Parente. Colocou a representante do governador do Estado do Rio (Benedita da Silva) presidindo a mesa, ao mesmo tempo em que deslocava para o extremo da mesma mesa o prefeito da cidade sede do banco, Luiz Paulo Conde. Não anunciou a presença de dois governadores (Paraná e Rondônia) e permitiu que a vice-governadora falasse, deixando calados ministros como o da Fazenda.

Viagem virtual
Após o fim da ilusão do real mais forte que o dólar, a Comissão Canadense de Turismo não quer ver minguar o número de turistas brasileiros que visitam aquele país. Além de contar com um escritório de representação no Brasil, a Comissão de Turismo criou um site especificamente em português para responder a todas as perguntas relacionadas ao turismo no Canadá. Através do endereço www.canada.tur.br, passageiros virtuais e profissionais do turismo podem visitar todas as províncias e territórios e receber informações, tais como documentação, clima e temperaturas de cada região durante o ano e até itinerários detalhados dos pacotes oferecidos pelas principais operadoras brasileiras. A comissão ainda mantém escritório em São Paulo.

Lama
O ministro do Desenvolvimento, Clóvis Carvalho, deixou perplexos os empresários presentes à posse de Andrea Calabi na presidência do BNDES. Ao enaltecer a vida pública do empossado, com passagens pelo Banco do Brasil, pelo Conselho de Administração do próprio BNDES e pela Secretaria do Tesouro Nacional, disse que ele era um servidor competente que “sujou as suas mãos na iniciativa privada”.

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