Ao elevar de 15% para 25% a tributação sobre remessa de royalties e transferência de tecnologia, o governo brasileiro parece estar tentando fechar uma torneira por onde saíam cada vez mais dólares. Reportagem especial de J. Carlos de Assis publicada no ano passado pelo MM mostrava que a conta de transferência de tecnologia oscilava entre US$ 209 milhões (1990) e US$ 367 milhões (1994). Pulou para US$ 676 milhões em 1995, US$ 1 bilhão em 1996, US$ 1,5 bilhão em 1997, US$ 2,2 bilhões em 1998 e uma ligeira queda para US$ 1,997 bilhão em 1999. O peso maior é da rubrica Serviços Técnicos Especializados, que embute o pagamento de tecnologia, muitas vezes entre matriz e filial, cujo custo passou de US$ 140 milhões em 1990 para US$ 1,359 bilhão em 1999. Esses números mostram que multinacionais poderiam estar usando essa rubrica para enviar – de forma disfarçada e com impostos menores – lucros para o exterior.
“Quebra-gelo”
O brasileiro Carlos Ghosn é um dos 25 executivos “top” de 2000, na avaliação da revista Business Week. Ghosn, que dirige a montadora japonesa Nissan desde 1999, prometera tirar a empresa do vermelho e conseguiu. Nos seis meses encerrados em setembro, a Nissan já estava operando com resultado positivo e o lucro esperado para 2001 é de US$ 2,3 bilhões, recorde para a empresa. As ações subiram 38% no ano passado. Para chegar a esse resultado, segundo a revista, Ghosn desafiou a etiqueta do mundo de negócios japonês. Cortou milhares de empregos, fechou uma das cinco fábricas locais e leiloou ativos, como a unidade aerospacial. Conseguiu inimigos como a Associação das Indústrias de Autopeças do Japão. Jurgen Schrempp, presidente da DaimlerChrysler, apelidou o brasileiro de “quebra-gelo”, segundo a Business Week por sua capacidade de ignorar as práticas empresariais locais que impedem o lucro. Ghosn já ajudou a Michelin e a Renault a sair de crises e a revista cogita que ele pode retornar à montadora francesa se sua passagem na Nissan for realmente lucrativa.
Na companhia de Ghosn na lista dos 25 melhores, estão Roger Enrico, da Pepsico, e Wayne Sanders, da Kimberly-Clark, entre outros.
Tombo
Maior banco dos Estados Unidos, o Bank of America fechou a semana se desdobrando para negar as especulações do mercado sobre pesadas perdas com inadimplência e operações em mercado malsucedidas. Embora o banco assegure que a situação de sua carteira de crédito ainda é confortável, pelo menos uma grande operação fracassada teve o testemunho de dezenas de milhões de pessoas: o desabamento do campo do Vasco da Gama, clube patrocinado pelo Bank of America.
Posse
Toma posse nesta segunda-feira Luiz Antonio Sampaio Campos no cargo de diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Ele ocupa a vaga aberta com a saída do advogado Durval Soledade, que antes de participar do colegiado da autarquia pertencia aos quadros do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Denúncia
Para além de comover às lágrimas os contribuintes brasileiros, as alegações dos advogados do juiz Nicolau dos Santos para exigir a prisão especial para seu cliente se constituem num dos maiores libelos contra as condições carcerárias do sistema penal brasileiro. Nem o católico apostólico romano praticante Sobral Pinto foi capaz de tanto quando exigiu para Luís Carlos Prestes a isonomia com os direitos dos animais durante o Estado Novo.
De graça
A assessoria do Merrill Lynch ao Santander na compra do Banespa foi – literalmente – dada. O banco de investimentos norte-americano teria aberto mão de sua comissão após saber que o Santander pagaria pelo Banespa 3,5 vezes mais que a segunda oferta no leilão (US$ 1,080 bilhão), feita pelo Unibanco. Até o Wall Street Journal acha a decisão insólita. Já o banco espanhol não parece ter ficado abalado em pagar US$ 2,5 bilhões a mais do que o necessário pela instituição paulista. Tanto que o mesmo Merrill Lynch assessora a oferta feita pelo Santander pelas 67% das ações do Banespa em poder do mercado. O acordo é avaliado em US$1,2 bilhão