Transição energética justa é desafio urgente, diz Dieese

Crise climática já impacta diretamente o mundo do trabalho

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Projeto de energia eólica localizado na Bahia, Nordeste, Brasil
Projeto de energia eólica localizado na Bahia, Brasil (foto de Chen Shaoyang)

“Apesar de cláusulas ambientais ainda representarem apenas 1,5% das negociações coletivas, cresce o número de mobilizações e greves com foco em condições ambientais de trabalho”. A declaração é do economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômico (Dieese/subseção FUP), Cloviomar Cararine, que participou nesta terça-feira (15), do encontro “Jornada Nacional de Debates: Trabalho, Meio Ambiente e Transição Justa – rumo à COP 30”.

Ele diz que a proposta de redução da jornada de trabalho também ganha força como pauta conectada à sustentabilidade e ao bem-estar. O evento é uma iniciativa do Dieese com as centrais sindicais, em uma jornada de debates que começou no dia 9 de abril, com apoio do Labora – Fundo de Apoio ao Trabalho Digno. O encontro será realizado nas capitais dos 17 estados onde o Dieese possui representação e ocorrerá até o dia 30 deste mês.

A crise climática já impacta diretamente o mundo do trabalho, com eventos extremos cada vez mais frequentes, como as enchentes no Rio Grande do Sul, as ondas de calor e as queimadas que afetam a saúde e as condições de trabalho em todo o país. O estresse térmico atinge novas categorias, como a educação, e o adoecimento mental no trabalho bate recordes, com mais de 470 mil afastamentos em 2024 – o maior número da última década, segundo o Ministério da Previdência Social.

“A transição para uma economia de baixo carbono é necessária, mas precisa ser justa para os trabalhadores. Hoje, os chamados ‘empregos verdes’ ainda representam menos de 7% do total no país e concentram baixos salários e desigualdade de gênero”, pontuou Cararine, lembrando que, para que a transição seja inclusiva, é urgente garantir políticas públicas, financiamento, proteção social e diálogo com os trabalhadores, especialmente em setores como saneamento, agricultura orgânica, bioeconomia e energia limpa.

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Impacto

No Brasil, 75% das emissões de gases de efeito estufa vêm do desmatamento e da agropecuária, diferentemente dos países do Norte Global, onde o setor de energia lidera as emissões. Isso coloca o país diante de decisões estratégicas sobre sua matriz energética: como explorar suas reservas de petróleo, investir em fontes renováveis e enfrentar os efeitos da privatização da Eletrobras na condução da transição energética.

As centrais sindicais, por meio do Fórum Trabalho e Meio Ambiente, coordenado pelo Dieese , articulam propostas que serão levadas ao 1º de Maio e ao debate internacional, reforçando que a transição energética só será efetiva se for também socialmente justa. Com a COP 30 marcada para 2025 em Belém, o Brasil tem a oportunidade de liderar um novo modelo de desenvolvimento.

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