A Federação Única dos Petroleiros (FUP) solicitou à nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, o agendamento de reunião com as representações sindicais para apresentação e discussão das principais pautas da categoria petroleira que ainda aguardam definição da diretoria da empresa. A reunião foi confirmada para 11 de junho, 14h30, no edifício sede (Edisen) da companhia, no Rio de Janeiro.
A FUP e seus sindicatos adiaram para o próximo mês a realização de ato nacional que havia sido convocado para esta quarta-feira. Os petroleiros aprovaram em assembleias, na semana passada, estado de greve e paralisações para pressionar os gestores da Petrobras que estão dificultando o atendimento das pautas estruturais da categoria, que teve direitos abolidos nos governos Temer e Bolsonaro.
Em documento enviado à Chambriard, a FUP destacou temas prioritários, tanto em relação ao resgate de direitos, quanto ao fortalecimento da Petrobras como empresa pública e integrada. A solução dos déficits estruturais do fundo de previdência e do plano de saúde, cuja conta está sendo imposta aos trabalhadores, é o primeiro ponto da pauta corporativa destacado no documento, assim como a anistia das punições e demissões políticas de petroleiros e dirigentes sindicais perseguidos pelos últimos governos.
Na mensagem à presidente da Petrobras, a federação reitera a urgência da empresa assumir papel de relevância na indústria nacional e o protagonismo na reconstrução do Brasil e na transição energética justa. “Sabemos que os desafios dessa luta são enormes, pois os interesses do capital financeiro de curto prazo têm contaminado a atuação da Petrobras. Nas gestões Temer e Bolsonaro, a empresa priorizou a remuneração do capital financeiro, se desfazendo de ativos para pagar altos dividendos aos grandes fundos de investimento nacionais e internacionais”, destaca o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.
Em relação ao papel da Petrobras para o Brasil, a FUP cita principais pontos:
1 – Revisão do horizonte temporal do processo de planejamento da Petrobrás, com a retomada de planos estratégicos de longo prazo;
2 – Resgate da empresa integrada, com atuação em todo o território nacional, com o retorno dos investimentos em tecnologia, pesquisa e inovação;
3 – Expansão da capacidade instalada do parque de refino nacional, visando reduzir a dependência da importação de derivados e a exposição à volatilidade internacional de seus preços;
4 – Tratamento diferenciado para o gás de cozinha, gasolina e óleo diesel, devido à importância destes itens no custo de vida. A Petrobras também deve atuar junto ao governo federal para a implantação de um estoque regulador de derivados, e para a criação de um imposto sobre exportação de petróleo cru, de modo a capitalizar um fundo moderador dos preços de derivados;
5 – Retomada de uma política de recuperação das reservas da companhia no longo prazo, atuando em novas fronteiras, como a Margem Equatorial, e em potenciais exploratórios onshore no Nordeste brasileiro e nas bacias offshore de Pelotas e Margem Leste. É preciso ainda a retomada de uma política exploratória ativa e própria, com expansão para novas áreas e respeito a legislação e parâmetros ambientais;
6 – Adoção de uma política industrial ativa de conteúdo local, capaz de dinamizar segmentos estratégicos da cadeia de óleo e gás, como a indústria naval e o setor de logística;
7 – Ampliação da infraestrutura de escoamento de gás natural no país, insumo importante para descarbonização do parque industrial brasileiro;
8 – Definição de uma estratégia ambiciosa e transparente do papel da Petrobrás na descarbonização da matriz energética nacional e para a transição energética justa, através de pesquisa e desenvolvimento de novas rotas tecnológicas de baixo carbono. Para tanto, propomos a revitalização do programa de biocombustíveis, com a preservação da PBio – Petrobras Biocombustíveis – e a retomada de suas plantas de produção;
9 – Retorno da Petrobras na geração de energia eólica e solar, e investimentos em pesquisas para o desenvolvimento do hidrogênio verde e de uma neoindústria para a produção de combustíveis verdes;
10 – Reavaliação dos parâmetros de distribuição de remuneração a seus acionistas;
11 – Mudanças no Estatuto Social e no Regimento Interno da empresa, adequando-os a novas necessidades, mais descentralizadas, respeitando o papel social da companhia, as vocações e particularidades regionais, possibilitando maior retomada dos investimentos.