O custo de viver na Região Metropolitana de São Paulo voltou a desacelerar no primeiro mês do ano, segundo a pesquisa Custo de Vida por Classe Social (CVCS) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP). Depois de subir quase 0,5%, em dezembro, o índice apontou ligeira alta de 0,27% em janeiro. Em 12 meses, o custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo cresceu 3,59%, volume bem abaixo do registrado no mesmo período do ano passado, quando essa taxa era de 6,3%.
Segundo a Fecomércio-SP, o resultado de janeiro foi positivo, mas as altas registradas em grupos relevantes na composição dos orçamentos das famílias – como o de transportes, habitação e alimentação – indicam uma tendência que pode se manter ao longo de 2024.
A variação nos preços dos transportes é particularmente preocupante, na visão da Entidade: em 12 meses, esse grupo já teve alta de 4,84%, segundo a pesquisa. A taxa chama a atenção porque tende a impactar todos os outros segmentos econômicos, cujos custos são repassados para o consumidor final. Além disso, combustíveis mais caros afetam com mais força o orçamento doméstico das famílias mais pobres.
Além dos transportes, os grupos mais inflacionados em 12 meses foram os de educação (7,39%), saúde (7,25%) e despesas pessoais (4,53%). Na contramão, os artigos do lar ficaram mais baratos (-2,25%). Os alimentos também começaram 2024 subindo 0,20%, aproximando-se da casa dos 2% em 12 meses. O número é resultado dos ajustes em produtos in natura, que estão sendo mais demandados, mas menos ofertados no mercado. Além disso, itens comuns dos serviços, como a cerveja (1,3%) e o refrigerante (1,1%), puxaram o indicador para cima em janeiro.
As despesas pessoais, porém, é o que ocupam o topo da lista de variação na avaliação mensal, subindo 0,96% em janeiro, na comparação a dezembro. De acordo com dados da Federação, esse resultado foi influenciado, principalmente, pelos maiores gastos com despachantes (3,3%) e pelo encarecimento dos serviços relacionados a lazer, como boates e danceterias (2,9%), além de ingressos para o cinema (2,1%). A alta dos preços de produtos de saúde e cuidados pessoais (0,85%), por sua vez, se explica pelo aumento significativo de alguns serviços, como dentistas (2,1%) e os reajustes de 0,8% nos planos de saúde. Os itens de beleza subiram 3% em janeiro, mesma margem de elevação dos perfumes.
Se estão em evidência na comparação anual, os transportes registraram queda tímida (-0,09%) em relação ao mês anterior, mas com mais força no bolso das classes de renda mais baixas. Para a Classe E, essa retração foi de 0,58%, por exemplo. Pelo lado dos serviços, colaboraram ainda as reduções das passagens aéreas (-14,27%) e das tarifas dos ônibus urbanos (-13,66%).
O Índice de Preços no Varejo (IPV) subiu 0,17%, em janeiro, com uma alta acumulada de 5,95%. Em 2023, o indicador acumulava 6,18% no ano. Dentre os oito grupos que compõem o índice, dois encerraram dezembro com decréscimo nas variações médias: habitação (-0,54%) e transportes (-0,44%). A contribuição que mais corroborou para a alta do resultado foi a do grupo de saúde e cuidados pessoais (0,85%). O acumulado dos últimos 12 meses foi de 5,7%.
Já o Índice de Preços nos Serviços (IPS) variou 0,37%, acumulando alta de 6,18%. O indicador acumulava 0,59%, em janeiro do ano passado, e 6,04%, no período compreendido entre fevereiro de 2022 e janeiro de 2023. Dentre os oito grupos que compõem o índice, apenas um encerrou janeiro com decréscimo nas variações médias: artigos e residência (-0,33%). A contribuição que mais corroborou para a alta do resultado foi a do grupo habitação (-0,85). O acumulado dos últimos 12 meses foi de 4,53%.
Além disso, o Índice de Confiança do Consumidor Paulista (ICCP), elaborado pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal (IEGV), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), em parceria com a PiniOn, alcançou, em fevereiro, 107 pontos, baixa de 1,8% em relação a janeiro e 2,7% em comparação com o mesmo mês de 2023. Esta é a terceira queda mensal consecutiva e o primeiro recuo em termos interanuais, o que não ocorria desde fevereiro de 2021. De todo modo, o ICCP permanece no campo otimista (acima de 100 pontos).
No recorte das classes socioeconômicas, houve uma queda generalizada da confiança, enquanto na composição do índice, em geral, piorou a percepção das famílias em relação à sua situação financeira e de emprego atuais. A deterioração foi ainda maior em termos das expectativas futuras sobre as variáveis anteriores e a economia brasileira, com um recuo mais intenso do que aquele observado no mês passado na segurança no emprego.
O Índice de Confiança do Consumidor da Cidade de São Paulo (ICCSP) alcançou 97 pontos em fevereiro, mostrando retrações de 1,0% em relação a janeiro e de 4,0% em comparação com igual mês de 2023. Esta é a quarta baixa mensal consecutiva do ICCSP e a segunda redução interanual, permanecendo no campo pessimista (abaixo de 100 pontos).
Assim como aconteceu em nível estadual, houve uma piora das percepções com relação à situação atual e, principalmente, das expectativas de emprego e renda, levando a maioria dos entrevistados a manifestar menos interesse em investir e em comprar bens duráveis e itens de maior valor. Com relação à evolução da confiança dos consumidores da cidade de São Paulo, distribuídos por classes socioeconômicas, houve estabilidade para a classe AB e recuos para as classes C e DE.