Três perguntas: a AG7 e o conceito de Wellness Building

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Alfredo Gulin (foto divulgação AG7)
Alfredo Gulin (foto divulgação AG7)

Conversamos com Alfredo Gulin, CEO da AG7, sobre a incorporadora sediada em Curitiba que trabalha com o conceito de Wellness Building.

 

O que faz a AG7?

A AG7 é uma empresa que funciona como um veículo de private equity de real state, unindo um bom entendimento sobre finanças, arquitetura, hospitalidade e arte, colocando a saúde do usuário no centro do que fazemos. Nós empacotamos esses conceitos em produtos imobiliários e fazemos a sua venda.

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Nenhuma das maiores e mais robustas incorporadoras americanas são parecidas com as brasileiras. A maioria delas são grandes veículos de investimento que utilizam do seu know how e da sua capacidade operacional para adquirirem propriedades residenciais, industriais ou shoppings, atraindo investidores profissionais para fazerem essas aquisições em volumes maiores, cobrando promote fees (taxas) para administração dos recursos de terceiros junto com os recursos dos proprietários desses grandes desenvolvedores.

Assim, a AG7 opera como uma plataforma, atraindo investidores profissionais para investirem em projetos imobiliários que tenham como conceito central a saúde e o bem-estar (Wellness Building), destinados a clientes com alto poder aquisitivo. Esse tipo de cliente entende esse conceito, melhorando as nossas condições de comercialização e de entrega desses projetos. No passado, nós já tentamos fazer isso com apartamentos menores, com valores entre R$ 300 mil e R$ 500 mil, mas o resultado ficou aquém.

O conceito de Wellness Building não foi inventado pela AG7. Ele nasceu nos Estados Unidos em decorrência da busca do ser humano pela saúde e pelo bem-estar. Esses empreendimentos possuem características que estimulam seus usuários a desenvolverem hábitos mais saudáveis todos os dias, como o uso da academia, a colocação da natureza dentro do apartamento, um nível de ruído menor que a média da norma, ou uma fachada que deixe o ambiente mais quente no inverno ou mais frio no verão. Segundo estudos dessa área, 90% da nossa saúde é fruto dos ambientes em que convivemos, em sua maioria construídos.

Como empreendedor, eu preciso entender quais são as macrotendências mundiais de comportamento, como a sustentabilidade e a busca pela saúde e bem-estar, para colocá-las nos projetos que desenvolvemos de forma a que o imóvel não fique depreciado depois de 20 anos, e a pessoas tenham vontade de sair para um imóvel mais novo e com melhores condições.

 

Como surgiu o conceito da AG7?

Eu trabalhava no mercado financeiro e meu pai era uma pessoa muito experiente no mercado imobiliário de Curitiba. Nós montamos a AG7 em 2011 com o propósito de juntar o mercado financeiro com o mercado imobiliário.

Como eu sou um engenheiro apaixonado por arquitetura, eu ficava me questionando o porquê de em Londres se construir de um jeito e aqui ser tão tosco. O porquê de um cliente que aqui paga um valor, pagar 10 vezes mais em Miami. Sendo honesto, era até um pouco de ingenuidade.

A empresa começou a andar, mas o mercado ficou muito ruim entre 2014 e 2015, na época da reeleição da Dilma. Meu pai decidiu sair, e eu comprei a sua parte junto com as minhas irmãs, sendo que uma é médica, e a outra, dona de uma agência de viagens. Agora eu fico rindo, mas naquele momento eu não sabia direito o que estava fazendo. Eu só tinha claro que não podia perder o negócio depois de tanto trabalho investido. Foi aí que a minha irmã, que é médica e que dá aula de inovação na medicina, sugeriu que nós não vendêssemos apartamentos, mas criássemos uma tese de prédios em torno do conceito americano do Wellness Building. Como a AG7 já estava falando sobre arquitetura e sustentabilidade, foi fácil trazer esse conceito para os projetos.

Por coincidência, nós estávamos modelando o projeto do AGE360, que está em obras, e que é uma grande escultura em concreto de 130 metros de altura, e fizemos a sua transformação para o Wellness. Com isso, esse projeto virou um spa para se morar.

Nós somos quase que uma startup, apesar de eu não gostar desse termo, por causa da velocidade de crescimento, número de projetos e atração de talentos. O nosso negócio é atrair, fidelizar e reter clientes de alto poder aquisitivo em vários momentos de suas vidas. Nós temos um projeto em pipeline que não é um prédio de apartamentos com uma academia, mas uma academia com apartamentos. As pessoas vão morar na academia. Nós temos triatletas que estão nos ajudando a construir esse empreendimento, que terá um circuito de triathlon dentro de um prédio de 42 andares. Trata-se de outra visão para o mesmo tipo de negócio, já que no final do dia eu continuo vendendo apartamentos.

Por mais que o mercado imobiliário seja um mercado de produção em massa, nós estamos trabalhando com a nossa tese. A AG7 cresce junto com os seus clientes, até mesmo porque eles não são muitos. Se a empresa fechar 200 contratos com um ticket médio de R$ 10 milhões, ela terá vendido R$ 2 bilhões. Se ela fechar 20 contratos com o mesmo ticket médio, ela terá vendido R$ 200 milhões. É um negócio dinâmico e interessante que consegue gerar muito volume com poucos clientes.

 

Se tomarmos como referência o exemplo de São Paulo, nos últimos anos a cidade teve o lançamento de muitos prédios muito parecidos, inclusive com cores praticamente iguais. Como inovar no mercado imobiliário?

Inovar nesse mercado não é fácil quando se ganha escala. Você precisa produzir, e às vezes as coisas não correm como se queria. Só que no final, o empreendedor diz que se o mercado está vendendo, é para colocar para vender. Com isso, se deteriora a marca no longo prazo. Na AG7, nós procuramos fazer as coisas com a nossa velocidade e a nossa escala.

Como nós somos uma empresa de controle familiar, nós não precisamos ficar respondendo a ninguém. Se nesse ano eu vender R$ 150 milhões, não significa que no próximo ano eu precise vender R$ 250 milhões. Se o mercado estiver ruim, eu dou uma parada. O mercado imobiliário é feito de “booms and busts”. Se eu ficar acelerando num mercado ruim, talvez eu faça um monte de besteiras. Uma vez, eu ouvi um grande empreendedor dizendo que tinha horas que o melhor era ficar de boia no raso, comendo pipoca e esperando para ver o que vai dar.

Nós temos uma preocupação fenomenal com relação à qualidade dos nossos projetos. O nosso conceito passa pelo multi-body da empresa que é vidro, verde, madeira e pedra natural. Você nunca vai ver uma parede pintada num dos prédios da AG7. Jamais. Nós aprendemos que dá muito mais resultado inovar na construção do que fazer as coisas convencionais, mas, claro, os nossos clientes não são convencionais.

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