Três perguntas: a inflação e a economia dos Estados Unidos

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Edward Moya (foto divulgação Oanda)
Edward Moya (foto divulgação Oanda)

Em suas duas últimas reuniões (15 e 16 de junho e 4 e 5 de maio), o Comitê de Política Monetária, Copom, deixou clara a sua preocupação com o risco de um aumento duradouro da inflação nos Estados Unidos que pode tornar o ambiente para as economias emergentes desafiador.

Tendo como referência esta informação, conversamos com Edward Moya, analista sênior de mercado da Oanda, sobre a situação atual da economia americana, sua inflação e as perspectivas para os próximos meses. A Oanda é uma corretora de câmbio e provedora de serviços de negociação online multiativos, dados de moedas e análises, sediada em Nova York, Estados Unidos.

 

Como está a economia americana?

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A economia dos Estados Unidos está atingindo o pico de crescimento, e isso pode se estender por muito mais tempo dependendo de quanto será investido em infraestrutura pelo Governo Biden. A recuperação do mercado de trabalho está se acelerando, mas longe de recuperar o saldo ainda negativo de 10 milhões de empregos perdidos durante a pandemia. Nos próximos meses, veremos mais crescimento, pressões sobre os preços e uma onda de contratações à medida que muitos estados encerrarem os benefícios federais de desemprego.

 

A possibilidade de alta da inflação nos Estados Unidos, com o consequente aumento da taxa de juros por parte do Federal Reserve, tem sido motivo de preocupação para o Banco Central brasileiro. Como está a inflação americana e como ela opera sobre o dólar?

O grande debate sobre a inflação está aumentando nos EUA e, neste momento, está ganhando o argumento de que ela será transitória. Questões referentes a gargalos da economia, problemas na cadeia de suprimentos e a alta dos preços de algumas commodities têm apoiado a ideia de que a inflação atingirá o teto em breve e começará a ceder após o verão. Alguma inflação vai continuar, mas, neste momento, não parece que a inflação será persistente e que desencadeará um acelerado ciclo de aperto monetário.

A inflação persistente impulsionará as apostas de que o Fed começará a aumentar as taxas em algum momento no final de 2022. O Fed ainda está posicionado para ser o último grande banco central a aumentar as taxas de juros, de modo que ele ainda deve conduzir um movimento de dólar mais fraco pelo resto do ano. O dólar estava maduro para uma recuperação de curto prazo, mas isso deverá acabar em breve.

 

Quais são os principais drivers da economia e da inflação dos Estados Unidos para os próximos meses?

O Fed precisa ver um progresso substancial no mercado de trabalho. Se a inflação acelerar ainda mais, isso poderá levar adiante um aperto monetário. A folha de pagamento não agrícola de junho será fundamental, pois pode mostrar a criação de mais de 1 milhão de empregos. O Fed precisa ver mais de 5 milhões de empregos criados para começar a dizer que os Estados Unidos estão no caminho de um progresso substancial.

Nos próximos meses, a escassez de chips e as questões de gargalos da economia devem começar a ser resolvidas, e a inflação deve começar a acalmar.

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