Três perguntas: a reunião do Copom desta semana e a Selic

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Carlos Pedroso
Carlos Pedroso (foto divulgação MUFG Brasil)

Semana de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Na ata da última reunião, realizada em outubro, o Copom anteviu um ajuste de 1,5 ponto percentual para esta reunião, enfatizando “que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”.

Conversamos com Carlos Pedroso, economista-chefe do Banco MUFG Brasil, sobre as expectativas para esta reunião, se o risco fiscal está sob controle e sobre a possibilidade de termos aumentos superiores a 1,5 ponto percentual para as próximas reuniões, já em 2022. Com relação ao terceiro ponto de nossa conversa, o próprio Copom registrou em sua ata que “avaliou, inclusive, cenários com ritmos de ajuste maiores do que 1,50 ponto percentual”.

Em conformidade com o boletim Focus divulgado nesta segunda pelo Banco Central (BC), as expectativas de inflação, Selic, PIB e câmbio para 2021 são de 10,18%, 9,25%, 4,71% e 5,56, respectivamente. Para 2022, o mercado espera 5,02%, 11,25%, 0,51% e 5,55.

 

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Na ata da sua última reunião, o Copom anteviu um aumento da Taxa Selic de 1,5 ponto percentual para esta reunião. Qual a expectativa do Banco MUFG para esta reunião?

Esperamos um aumento de 1,5 ponto percentual, passando a Selic para 9,25%. Nos últimos dias se discutia muito se o BC deveria acelerar o aperto monetário devido ao aumento da inflação e a deterioração das expectativas para 2022. Ocorre que o enfraquecimento da atividade econômica, em combinação com a incerteza gerada pela nova cepa da Covid-19, fará com que o BC adote uma posição de cautela e mantenha o ritmo do aumento dos juros.

 

O Copom destacou que “as contas públicas têm tido desempenho melhor do que o esperado”, mas ressaltou que o “esmorecimento no esforço de reformas estruturais e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia”. O risco fiscal está sob controle?

As alterações propostas pelo congresso com a PEC dos Precatórios levaram a uma flexibilização do aperto fiscal, mas nada muito severo. Mesmo porque a agência de risco Standard & Poor’s não alterou a nota de risco Brasil, já considerando a alteração feita. Contudo, o risco ainda está presente, pois não sabemos se novas mudanças serão feitas. Isso é ruim porque o Brasil é um dos países emergentes com pior situação fiscal. Qualquer mudança precisa ser muito bem comunicada.

 

O Copom deixou claro que analisou “cenários com ritmos de ajuste maiores do que 1,50 ponto percentual”. Considerando que a situação se deteriorou rapidamente no segundo semestre deste ano, como o banco enxerga a possibilidade de aumentos maiores que 1,50 ponto percentual para as próximas reuniões?

Nesta reunião, não, pelo que já dissemos anteriormente. Para as próximas, vai depender da evolução das projeções de inflação, o impacto da variante Ômicron na economia e o ritmo da atividade econômica. A nossa percepção é que haverá uma acomodação dessas variáveis, pois esperamos que na reunião de fevereiro o BC possa reduzir o ritmo de aperto monetário para 1 ponto percentual.

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