Três perguntas: crédito online – empréstimos pessoais e BNPL

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Marcelo Ramalho (foto divulgação Provu)
Marcelo Ramalho (foto divulgação Provu)

Conversamos com Marcelo Ramalho, CEO da Provu, sobre a fintech de crédito e seus dois produtos: os empréstimos pessoais e o Provu Parcelado, a operação de BNPL (Buy Now Pay Later / Compre Agora Pague Depois) da startup.

 

O que faz a Provu?

A Provu é uma fintech de crédito que tem dois produtos: o BNPL, que se constitui num meio de pagamento, e o empréstimo pessoal. Ela surgiu em 2015 com o propósito de revolucionar o crédito no Brasil, tentando fazer isso através de taxas mais justas e personalizadas do que a população tinha acesso através das grandes instituições financeiras. Desde então, nós já atendemos mais de 100 mil clientes e concedemos mais de R$ 800 milhões em crédito.

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Nós ainda temos o empréstimo pessoal, que é o nosso produto mais antigo, mas hoje o nosso foco está no Provu Parcelado, o nosso BNPL. Nós somos um dos pioneiros nesse tipo de crediário digital no Brasil, parcelando compras em até 24x e atendendo a parte da população que não consegue consumir online, seja por não ter um cartão de crédito ou por não ter limite para fazer a compra, seja por não ter um financiamento associado (exemplo: a pessoa não tem recursos para pagar à vista o boleto emitido pelo e-commerce).

Com esse produto, nós acabamos sendo uma solução para o próprio varejista, que consegue oferecer mais uma forma de pagamento, atingindo um público que muitas vezes não estava consumindo com ele. Um público com limite de crédito mais baixo, muitas vezes desbancarizado. Com isso, o varejista aumenta suas vendas e seu ticket, recebendo os recursos à vista e sem taxa, e oferecendo uma solução de parcelamento para o cliente.

As nossas operações não têm garantia, apesar de nós não termos, muitas vezes, um relacionamento prévio com os nossos clientes. Para concedermos os créditos, nós buscamos ir além dos dados tradicionais. Obviamente, nós consumimos dados de bureaus, como scores de crédito e negativações, mas complementamos isso com dados comportamentais, como de fontes oficiais como o Bacen, e dados demográficos. Nós também utilizamos dados alternativos fornecidos pelos próprios clientes, como informações de celulares. Assim, nós formamos um perfil para determinar o risco de crédito daquele cliente, oferecendo uma taxa de juros mais adequada a ele.

Nós focamos em pessoas físicas, e não em pessoas jurídicas, apesar de existir mercado nos dois lados. O mercado de crédito no Brasil tem demanda, necessidades e oportunidades, mas essa decisão se deve a uma questão de missão da Provu, que aprendeu a trabalhar com a concessão de crédito para pessoa física.

Cabe ressaltar que nós não fazemos peer-to-peer. A Provu sempre trabalhou com uma estrutura de securitização através de FIDC. Inclusive, o nosso FIDC recebeu um aporte no final do ano passado do Goldman Sachs. Hoje, todas as nossas operações de crédito são financiadas pelos recursos alocados nesse FIDC.

 

Como tem sido a demanda por empréstimos pessoais?

O que estamos vendo é uma variação dos usos dos recursos obtidos através de empréstimos pessoais. Em alguns momentos da pandemia, nós vimos o aumento desses empréstimos para a realização de reformas nas residências.

Depois disso, com o arrefecimento da pandemia, nós vimos o aumento do uso dos recursos para investimento no negócio próprio, seja pelo pequeno empreendedor, pela pessoa que resolveu sair da vida corporativa ou pela pessoa que teve a sua empregabilidade afetada pela pandemia e resolveu empreender. Como o acesso ao crédito para pessoa jurídica é muito difícil no Brasil, muitas vezes as pessoas buscam esses recursos na pessoa física.

Esses são exemplos de variação de uso ao longo do tempo. Obviamente, um dos principais motivos para se buscar um empréstimo pessoal é a reestruturação de dívida, quando se troca uma dívida mais cara por uma dívida mais barata. Esse é o principal modelo que foi trazido pelas fintechs.

Dívidas de cheque especial e rotativo do cartão de crédito são muito caras, então faz sentido a pessoa pegar um empréstimo pessoal com custo menor e taxa mais adequada para quitá-las, conseguindo reorganizar a sua vida financeira de uma maneira mais racional. Trata-se de uma medida de controle.

 

Como você tem visto o crescimento do BNPL no Brasil?

O BNPL, apesar de ser uma operação nova fora do Brasil, já existia aqui com outro nome: crediário. Ele é a roupagem digital desse crediário, tanto que aqui nós chamamos, muitas vezes, o BNPL de crediário online.

Para comprar itens de maior valor como uma geladeira, um celular ou um eletrônico, grande parte da população não tem condições de pagar à vista, precisando recorrer a financiamentos ou parcelamentos no cartão de crédito.

O BNPL atende à população para a qual o financiamento é a única opção para o consumo desses itens, e que, tradicionalmente, sempre foi atendida pelo crediário de loja, principalmente de grandes varejistas. A questão é que você tem toda uma gama de pequenos varejistas que não tem condições de oferecer um produto como esse e que acabam perdendo vendas e competitividade em relação aos grandes.

A tecnologia permitiu ganhar capilaridade e atender a todos esses públicos, seja num canal online, seja numa operação física, como nós estamos começando a fazer.

A diferença entre o BNPL e o empréstimo pessoal é que no primeiro o dinheiro não passa pelas mãos do consumidor, indo direto para o varejista. No segundo, os recursos vão para a conta do cliente. No BNPL, a Provu faz o financiamento e recebe o pagamento do consumidor, ou seja, ele é um recurso direcionado.

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