Três perguntas: criptomoedas, parte 2 – O ether

Por Jorge Priori.

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Ney Pimenta (foto divulgação Bitpreço)
Ney Pimenta (foto divulgação Bitpreço)

Existe uma série de criptomoedas além do bitcoin. A segunda maior criptomoeda do mundo, e uma das mais promissoras, é o ether. A sua tecnologia é o Ethereum. Para conhecermos melhor essa criptomoeda, vamos conversar com Ney Pimenta, CEO da Bitpreço, primeiro marketplace de criptomoedas da América Latina, sobre o que é o ether e a sua blockchain, o Ethereum, quais são os mecanismos de valorização do ether e as utilidades do Ethereum.

Com relação a questão da utilidade, essa é uma pergunta simples e importante, mas muitas vezes negligenciada. Ney ressalta já ter visto investimentos que terminaram em prejuízo justamente pela falta desta análise. Se o investidor tivesse verificado qual era a utilidade da criptomoeda que ele estava comprando, provavelmente não teria feito o investimento que terminou de forma frustrada. A grande força do ether é justamente a utilidade da sua tecnologia, o Ethereum.

Na semana passada, nós conversamos com o Ney sobre a maior criptomoeda do mundo, símbolo desse mercado, o bitcoin. Nas próximas semanas, conversaremos sobre o BNB e as stablecoins.

 

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O que é o ether?

O ether é a segunda maior criptomoeda do mundo. Ele foi criado pelo russo-canadense Vitalik Buterin em 2013. O ether entrou em operação em julho de 2015 após ser financiado através de um crowdfunding. Ele utiliza todo o conceito de criptografia e descentralização do bitcoin e da blockchain, mas com uma camada extra de tecnologia na Ethereum, a blockchain do ether.

A Ethereum é uma rede de computadores descentralizados. Uma pessoa pode desenvolver softwares que rodam em qualquer computador dessa rede, sem que um governo ou uma entidade centralizada tenha como detê-lo. Essa foi a grande revolução que fez com que o ether se tornasse a segunda maior moeda digital do mundo.

 

Quais são os mecanismos de valorização do ether?

O ether é uma altcoin, uma moeda que não é o bitcoin. Todas as altcoins possuem uma forte correlação de preço com o bitcoin, ou seja, elas acompanham seus movimentos de valorização e desvalorização. Podem haver exceções, como, por exemplo, uma criptomoeda que está vivendo um momento excepcional pois acabou de ser lançada por uma grande corretora. Isso pode levar a um descolamento de preço excepcional, mas fora as exceções pontuais, todo o mercado de criptomoedas segue o comportamento do bitcoin. Um dos motivos para isso é que muitas corretoras definem os preços das criptomoedas em bitcoins.

O ether também sofre os efeitos das altseasons. Quando o bitcoin sobe muito, ele traz um interesse muito grande pelo mercado de criptomoedas. Num segundo momento, as pessoas descobrem as altcoins e passam a se interessar por essas moedas, entre elas o ether. Isso é a altseason.

Outro fator que valoriza o ether é a sua comunidade de desenvolvedores, provavelmente, a mais ativa no momento. Eles estão sempre melhorando a Ethereum. Recentemente, as taxas ficaram muito caras por causa do crescimento da demanda dos DeFis, os decentralized finances, ou finanças descentralizadas. Por causa disso, esse grupo de desenvolvedores está lançando uma melhoria para redução das taxas. A cada aprimoramento da Ethereum, o ether se valoriza.

Em até dois anos, haverá uma grande atualização que deve contribuir muito para a valorização do ether. Trata-se da Ethereum 2.0. Por exemplo, o mecanismo de “mineração” do bitcoin tem sido muito criticado pelo alto consumo de energia. A própria Tesla foi muito criticada pela compra de US$ 1,5 bilhão em bitcoins, uma criptomoeda que utiliza mais energia na sua “mineração” do que o ouro. A Ethereum utiliza a mesma tecnologia do bitcoin, mas com essa atualização, ela vai passar a utilizar uma nova tecnologia que praticamente não consumirá energia. O aprimoramento constante da tecnologia da Ethereum é um forte mecanismo de valorização. Com a Ethereum 2.0, o ether pode vir a ser um adversário muito forte para o bitcoin nos próximos anos, se ele não fizer o mesmo. Pode haver um momento em que a energia consumida pelo bitcoin chegue a um nível insustentável, fazendo com que os governos o inviabilizem.

 

Qual é a utilidade da Ethereum?

Os softwares que rodam na Ethereum são conhecidos como smart contracts. Eles podem ser utilizados para emissão de outras moedas dentro dessa blockchain, como, por exemplo, a USDT, uma das criptomoedas de maior movimentação no mundo.

Outra aplicação dos smart contracts são os DeFis. Você pode fazer um smart contract onde se contrai um empréstimo em dólares utilizando bitcoins em garantia. Terminado o prazo, a pessoa devolve os dólares e a Ethereum libera os bitcoins da garantia.

Através da Ethereum, você também pode criar exchanges descentralizadas onde não é necessário guardar suas criptomoedas com uma pessoa ou empresa. Elas serão guardadas na própria Ethereum.

Uma aplicação que entrou recentemente no mercado são os domínios de internet que utilizam a Ethereum. Esses domínios não têm como ser derrubados por um governo. Sendo mais preciso, nenhuma das aplicações da Ethereum têm como ser derrubada ou bloqueada por um governo. Com os softwares descentralizados, a Ethereum levou a capacidade de descentralização, trazida pelo bitcoin, a outro patamar.

Outra questão interessante é que sempre que alguém cria uma nova funcionalidade, isso impacta diretamente na valorização do ether. Em março de 2020, após o colapso de preços causado pelo início da pandemia, o bitcoin ficou estável até outubro, quando começou a se valorizar. Enquanto isso, o ether se valorizou constantemente, por causa do crescimento das DeFis. A partir do momento em que a utilidade da criptomoeda é entendida pelas pessoas, e elas passam a utilizá-la, o seu preço é alavancado. Se analisarmos os últimos cinco anos, veremos que o ether cresceu em média 40% acima do bitcoin. Aqui fica uma questão: será que o ether é mais interessante que o bitcoin para se investir?

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