Três perguntas: crowdfunding de investimentos em startups

519
Rodrigo Carneiro (foto divulgação SMU)
Rodrigo Carneiro (foto divulgação SMU)

A SMU, fundada em 2013, foi a primeira plataforma de crowdfunding de investimentos em startups do Brasil. Nesse tipo de investimento, o investidor adquire uma participação na empresa escolhida, sendo que muitas startups optam por utilizar um modelo de mútuo conversível em que o investimento, num prazo de 5 anos, pode ser revertido em ações da empresa.

Cabe ressaltar que, da mesma forma que o mercado de ações, o investimento em estágio inicial de startups é considerado de alto risco. Este mercado possui a possibilidade de altos retornos, mas também a possibilidade de perda do dinheiro investido. É neste ponto que entra a importância do trabalho da plataforma na seleção dos projetos que serão ofertados, mitigando essa possibilidade.

Conversamos com Rodrigo Carneiro, CEO da SMU, sobre como são escolhidas as startups que entram na plataforma para captação, os fatores que podem fazer uma captação bem sucedida e as perspectivas desse mercado.

Este tipo de investimento é regulado pela Instrução da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) 588, que dispõe sobre a oferta pública de distribuição de valores mobiliários de emissão de sociedades empresárias de pequeno porte realizada com dispensa de registro por meio de plataforma eletrônica de investimento participativo.

Espaço Publicitáriocnseg

 

Como os projetos que são ofertados através da plataforma da SMU são selecionados?

A SMU possui uma equipe dedicada para realizar a procura de novas startups. Recebemos empresas de três formas:

1) Indicação da nossa rede de relacionamentos;

2) Empreendedores que se inscrevem via plataforma;

3) Busca ativa da SMU a partir de uma lista criada pelos sócios e funcionários.

Uma vez dentro do nosso processo, a startup passa por um processo de filtro automático para análise da viabilidade da captação de acordo com as regras da CVM, como se a empresa já é constituída como Ltda. ou S/A, ou se faturou no máximo até R$ 10 milhões no último ano.

Após esta etapa, analisamos em comitês a atratividade do negócio e, principalmente, a equipe que estará liderando a startup até o seu sucesso. Trabalharíamos com eles? A equipe é dedicada em tempo integral? E por último, a mais importante: quanto a SMU investirá como líder? Isto traz muito alinhamento de interesse e dobra a atenção em diversos pontos da nossa análise.

 

Na sua opinião, o que faz uma captação ter sucesso? E o que faz uma startup que captou dar certo?

Há diversos fatores para uma captação dar certo, e nem sempre o que deu certo para uma startup funcionará para outra. Ter uma boa presença online e engajamento com os seus clientes é um destes fatores. Além disso, fornecer bastante material didático para sair na mídia, atender muito bem as dúvidas dos investidores, realizar as etapas sugeridas pela equipe da SMU como, por exemplo, webinars, lives, atuações em grupos de WhatsApp, contratação de assessoria de imprensa, dentre outras.

Apesar de variar, encontramos duas características que sempre se repetem em captações de sucesso. A primeira é o empreendedor totalmente dedicado à captação durante o período da campanha. Quanto mais ele se dedicar, mais rápido ela será. A segunda é conseguir angariar o máximo de investidores antes mesmo do início da captação. Quanto mais rápido a régua subir logo na abertura da oferta, maior o sucesso da captação.

Após a captação, a startup deve estar pronta para contratar e expandir os seus negócios. É hora também de ajustar a governança corporativa, estar aberto a parcerias e já pensar na próxima rodada. Aproveitar a rede de investidores que acabou de depositar o seu dinheiro e confiança no negócio. Eles são incríveis e muito bem conectados. Seja fiel com eles e regrado com a divulgação de informações, isto é uma preparação para os desafios futuros junto aos fundos de venture capital.

 

Quais são as perspectivas do mercado brasileiro de investimentos em startups?

O mercado de crowdfunding está em forte expansão. Mesmo no ano de 2020, que foi fortemente impactado pela pandemia, tivemos investimentos recordes via crowdfunding: mais de R$ 84 milhões. Em 2021, já temos um ritmo muito acelerado de crescimento, e este número deve ficar próximo do dobro do ano anterior. Questões macroeconômicas, como a baixa taxa de juros, ajudam ainda mais este mercado. Notamos também uma maior curiosidade por parte dos investidores brasileiros em aprender mais sobre este tipo de investimento tão contagiante, o que é uma grande oportunidade não só para a SMU, como para diversos empreendedores do nosso país.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui