Três perguntas: iniciação de pagamentos – como funciona e perspectivas

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Marcelo Martins (foto divulgação Iniciador)
Marcelo Martins (foto divulgação Iniciador)

Conversamos com Marcelo Martins, CEO do Iniciador, sobre a iniciação de pagamentos.

 

O que faz o Iniciador?

O Iniciador fornece uma plataforma para instituições que querem ser iniciadores de pagamento. Nós damos toda a camada de tecnologia, regulação e experiência do usuário para que essas instituições ofereçam ao mercado, como e-commerces e fintechs, o fluxo de iniciação de pagamento.

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Como funciona a iniciação de pagamentos?

A terceira fase do Open Finance, que teve início em outubro do ano passado, trouxe a figura do iniciador de pagamento (ITP). A iniciação de pagamento acontece quando uma pessoa dá consentimento ao ITP para que ele vá à sua instituição, onde está a sua conta-corrente, e faça alguma operação.

Trazendo para a realidade. Estou num e-commerce para comprar uma geladeira. Se eu escolher o método do Pix, o e-commerce vai gerar um QR code ou um código. No caso do QR code, eu tenho que abrir o aplicativo do meu banco, fazer a sua leitura com o meu celular e efetuar o pagamento. No caso do código, eu tenho que copiá-lo, abrir o aplicativo do meu banco, colá-lo e efetuar a transferência. Feito o pagamento, eu tenho que retornar ao e-commerce.

Na iniciação de pagamento, o usuário está no e-commerce e escolhe o banco onde ele tem conta. O próprio e-commerce o direciona, de forma automática, para o seu banco, onde ele se autentica e autoriza a transação. Feito isso, ele é redirecionado, também de forma automática, para o e-commerce. Não há leitura de QR code e nem copia e cola de código. Para o usuário, trata-se de um fluxo de experiência mais fluído.

A leitura do QR code ou o copia e cola do código estava fazendo com que as empresas perdessem usuários. Por exemplo, o Ifood te permite pagar com Pix, gerando um QR code ou um código. Com esse processo, a empresa se deu conta que estava perdendo tantas vendas que acabou fazendo um acordo bilateral com o Itaú para que o banco fizesse uma “iniciação de pagamento”. Com o Open Finance, o fluxo que o Ifood estava fazendo somente com o Itaú pode ser feito com qualquer instituição.

Como no Open Finance existe uma padronização de tecnologia, toda instituição autorizada que está no arranjo Pix e que é detentora de contas é obrigada pela regulamentação a receber uma iniciação de pagamento.

A iniciação de pagamento é uma transação segura, pois o ITP é uma instituição autorizada pelo Banco Central. Na comunicação do ITP com a detentora de conta, que também é uma instituição autorizada, existem certificados e certificações de segurança, tanto para comunicação quanto para assinar a comunicação. Tudo tem que estar de acordo com os padrões do Open Finance. Não é qualquer empresa que consegue fazer isso. Os bancos se comunicam através de certificados que mostram que um banco é ele mesmo. Esse mesmo certificado é usado na comunicação do ITP com a detentora da conta.

 

Tem um monte de meios de pagamento aparecendo no mercado. Por exemplo, no ano passado fizeram uma tremenda propaganda do pagamento via WhatsApp, mas hoje não se sabe como está esse assunto, já que esses números não são abertos. Como você está vendo as perspectivas da iniciação de pagamento?

É legal nós pensarmos na iniciação de pagamento não como um meio de pagamento, mas como um novo fluxo. Ele simplifica a experiência do usuário no Pix, e vai simplificar a experiência na TED, TEF, boleto, débito em conta-corrente e, futuramente, no cartão.

Esse é um ponto legal de explicar. Imagine que a figura do iniciador de pagamento é um ente genérico, que se conecta a diferentes arranjos de pagamento. Hoje, ele está conectado em produção ao arranjo Pix, mas existe um roadmap regulatório onde ele vai se conectar aos meios de pagamento que mencionei. Cabe destacar que o iniciador, que será acoplado a diferentes métodos, não liquida um pagamento, pois o dinheiro não passa por ele.

Imagina um boleto que hoje você tem dificuldade para ler o código de barras no seu celular. No futuro, o e-mail do boleto ou o próprio PDF do boleto poderá ter um link para que se faça a iniciação de pagamento, sendo que você também poderá fazer o seu agendamento.

A partir do primeiro trimestre de 2023, um consentimento poderá ser válido para vários pagamentos. Isso vai simplificar os pagamentos em lote de pessoas jurídicas, como folha e fornecedores, e os pagamentos recorrentes.

Quando se junta os pagamentos recorrentes com a agenda Pix do ano que vem, quando virá o Pix garantido, eu estou falando do crédito à vista e do crédito parcelado.

A autorização com vários pagamentos também permitirá fazer os pagamentos sucessivos, que são chamados de VRP (Variable Recurring Payments/ Pagamento Recorrente Variável). Eu vou poder falar para o meu banco 1 ir ao meu banco 2, durante 12 meses, para pegar um determinado valor, transferi-lo do banco 2 para o banco 1 para que este faça um determinado pagamento.

Se tomarmos como base o Open Finance da Inglaterra, que foi a grande referência do Open Finance brasileiro, a iniciação de pagamento teve um crescimento exponencial desde o início de 2021. O próprio governo está usando a iniciação de pagamento para cobrar impostos, já que o fluxo é mais simples para o contribuinte inglês.

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