Conversamos com Guilherme Azevedo, cofundador da Sigmais, sobre o 5G e a internet das coisas, também conhecida pela sigla IoT (internet of things).
Como esse assunto foi tratado de uma forma muito simplificada antes do leilão do 5G, geralmente citando-se exemplos mais complexos, mas com mais apelo, como os carros autônomos, Guilherme nos esclarece o que é a IoT e como ela de fato pode nos auxiliar no dia a dia; o principal benefício da chegada do 5G ao Brasil, que não é necessariamente o próprio 5G; e sobre quando as pessoas vão começar a perceber os benefícios da IoT. A Sigmais é uma startup brasileira focada em soluções de IoT.
O que é IoT? Como de fato a IoT pode auxiliar o nosso dia a dia?
IoT é um conjunto de tecnologias que permite capturar e transmitir para a nuvem dados de “coisas” de forma técnica e economicamente viável. A utilização da IoT pode simplificar processos como o monitoramento da qualidade de alimentos, automatização de estacionamentos, monitoramento da qualidade de ambientes e outras aplicações do cotidiano.
Vale mencionar que as suas aplicações estão atreladas a diversos setores como indústria, varejo, agricultura, monitoramento de tráfego e muitas outras áreas.
Com o passar do tempo e a evolução acelerada da tecnologia, a IoT também passou a ser adotada em automatização de processos das chamadas cidades inteligentes (smart cities) tais como monitoramento de disponibilidade de vagas em vias públicas, coleta de lixo inteligente, monitoramento do consumo de água e energia elétrica, além do acompanhamento das condições ambientais em tempo real, entre outras possibilidades.
Qual o impacto do 5G para o funcionamento da IoT? Qual foi o grande benefício do leilão do 5G para a implementação da IoT no Brasil?
A curto prazo, o 5G não proporcionará nada muito diferente do que hoje já é possível ser realizado com redes 4G. Os protocolos disponíveis para as aplicações de dispositivos de IoT já são suportados pelas redes 4G. As aplicações cotidianas de IoT não requerem a transmissão de muitos dados, nem há necessidade de uso de uma velocidade extremamente alta em seus processos de leitura e entrega de informações.
No futuro, quando o 5G estiver mais difundido em nosso país, poderemos ter aplicações mais complexas como carros autônomos e cirurgias à distância. A questão é que esses processos não são utilizados de forma massiva, portanto não são de uso cotidiano da maioria da população.
O grande diferencial com a chegada do 5G no Brasil é que a expansão das redes 4G será mais acelerada, fazendo com que as aplicações de IoT disponíveis no mercado consigam ser implementadas em todos os municípios do país.
Quando as pessoas deverão perceber os benefícios da IoT, inclusive das aplicações mais robustas?
Hoje a indústria já conta com diversos benefícios oferecidos pela IoT, como o monitoramento de espaços como cozinhas industriais ou de equipamentos como geladeiras de vacinas. Isso só para citar alguns exemplos, porque há uma riqueza de possibilidades de aplicações de IoT para indústria e varejo.
A questão é que nem todas as cidades do país são cobertas pela rede 4G, o que dificulta o acesso da tecnologia em todo o território nacional.
A previsão é que até 2029, o 4G esteja em funcionamento em todos os municípios do país, o que fará com que as aplicações de IoT tenham mais facilidade para implementação em todo o Brasil. Nada impede que este processo seja concluído antes, mas isso depende das operadoras de telefonia móvel.
As utilizações mais complexas, que demandam maior velocidade de resposta e menor delay na ação, também poderão estar em funcionamento, mas elas estão um pouco mais distantes. Além disso, há questões legais, burocráticas e operacionais de implementação que demandam tempo para serem equacionadas a fim de permitir a instalação das redes 5G.