Três perguntas: o mercado de educação financeira

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Gustavo Raposo (foto divulgação Leve)
Gustavo Raposo (foto divulgação Leve)

Um dos mercados que mais tem chamado a atenção nos últimos anos é o de educação financeira. Considerando os diferentes níveis de conhecimento financeiro do brasileiro, esse mercado abarca quase toda a população, desde a pessoa com conhecimento sofisticado, e que mesmo assim quer aprimorá-lo, à pessoa que não possui conhecimento algum, e que por isso paga um alto preço por suas decisões financeiras equivocadas, muitas vezes sem ciência alguma.

A Leve é uma fintech que surgiu em 2020 com um modelo de negócio baseado em adiantamentos que seriam oferecidos a colaboradores de empresas com o pagamento sendo descontado em folha. Rapidamente, a fintech percebeu que, apesar de ser uma boa ferramenta, o serviço só funcionaria se fosse usado adequadamente e em conjunto com um plano maior, neste caso, a educação financeira.

A fintech reestruturou seu modelo de negócio e passou a focar na educação financeira dos colaboradores que ganham até quatro salários mínimos. Conversamos sobre esse mercado, suas perspectivas e o modelo de negócios da fintech com Gustavo Raposo, CEO e fundador da Leve. Ao todo, a fintech já soma R$ 11 milhões em investimentos.

 

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Como vocês veem o mercado brasileiro de educação financeira?

O estresse financeiro dos colaboradores pode impactar diretamente nos custos da folha de pagamento de uma empresa. Isso acontece porque colaboradores com dívidas, preocupados com contas atrasadas ou com problemas de planejamento financeiro acabam sendo menos produtivos do que deveriam em suas horas de trabalho. O estresse financeiro é precursor de diversos problemas, tanto emocionais quanto de saúde física.

Eu costumo falar muito aqui, que a gente vai construir uma companhia da próxima geração. Quando você olha todos os outros players que possuem educação financeira no pit, vemos que ela é apenas um suporte para vender cada vez mais produtos. Nós invertemos a lógica. O acompanhamento financeiro é o nosso carro-chefe, e o produto é a consequência.

O mercado está aquecido. De acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria em saúde Mercer Marsh Benefícios, 48% das empresas ouvidas disseram adotar algum benefício corporativo moderno. E vale lembrar que os benefícios corporativos funcionam como uma espécie de combustível e premiação. É nesse momento que a empresa e seus colaboradores saem ganhando, pois essa sensação – também chamada de bem-estar financeiro – faz com que a pessoa se comprometa ainda mais com o trabalho, trazendo bons resultados, além de um ambiente feliz.

 

Quais são as perspectivas desse mercado? É possível ter uma ideia do seu tamanho?

Um dos aspectos que mais contribuem para o não crescimento profissional de uma pessoa é, sem dúvida, a sua situação financeira. Recentemente, realizamos uma pesquisa com 700 colaboradores de 16 empresas que atendemos em todo o Brasil. O levantamento apontou que 55% dos trabalhadores gastam tudo ou mais do que recebem. Quando o assunto é gerenciamento de dívidas (financiamentos, empréstimos e parcelamento de cartão de crédito), 25% têm mais dívidas do que podem pagar; 46% têm dívidas, mas conseguem manter sob controle; e 29% garantem não ter dívidas.

Eu vou além com outros dados. O brasileiro médio é cinco vezes menos letrado financeiramente que o americano pertencente à mesma classe. Essa ignorância financeira dá espaço para as instituições financeiras tradicionais empurrarem diversos produtos.

O mercado é exatamente do tamanho da população brasileira menos 3%, porém, acredito que todo mundo olha isso como um instrumento para vender mais crédito para esse público. É sempre “vou te dar educação financeira para poder vender mais crédito aqui na tua base”. Nós pensamos um pouco diferente. O nosso foco hoje é educar financeiramente essa pessoa para que ela confie na gente.

 

Como funciona o modelo de negócio da Leve?

A Leve é uma fintech que oferece a combinação de um assistente pessoal a uma rede de soluções financeiras para contornar as dificuldades da “vida real”, como renegociar dívidas. O nosso objetivo é permitir que os colaboradores que hoje precisam de ajuda com finanças voltem a enxergar possibilidades para a realização de sonhos. Para isso, a Leve é contratada por empresas de segmentos e portes variados, que disponibilizam o benefício aos seus profissionais.

A fintech surgiu após vermos que faltava um pouco mais de apoio por parte das empresas que, supostamente, ajudavam a resolver o stress financeiro dos trabalhadores. É uma ferramenta importante no pacote de acolhimento do colaborador, pois apenas 1 em cada 17 colaboradores fala sobre o problema com a empresa.

Oferecemos atendimento 100% humanizado via aplicativo, onde consultores financeiros ajudam os colaboradores a superarem desafios e realizarem sonhos. Criamos a figura do Gerente do Bem, que pega na mão do colaborador e o ajuda a encontrar a melhor solução para o seu problema financeiro. E caso haja necessidade de contratar algum produto, o Gerente do Bem realiza o processo estratégico de pesquisa e só depois apresenta a melhor opção com sugestões que a pessoa geralmente não teria acesso sozinha.

A Leve faz o monitoramento da saúde financeira dos colaboradores e reporta os dados aos RHs das empresas. Já ajudamos mais de mil pessoas. Hoje, mais de 20 empresas oferecem o serviço da Leve como benefício, incluindo MaxMilhas, Amaro, GoCase, RdStation, Universidade Estácio de Sá, Grupo Moura, WAP, Imaginarium, Movidesk e Pipefy.

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