Três perguntas: o mercado imobiliário de Miami e as criptomoedas

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Daniel Ickowicz e Ricardo Assaf (fotos divulgação)
Daniel Ickowicz e Ricardo Assaf (fotos divulgação)

Conversamos com Daniel Ickowicz, diretor de vendas da imobiliária Elite International Realty, sediada em Miami, e com Ricardo Assaf, CEO da Unblock Capital, sediada em São Paulo, sobre a utilização de criptomoedas na liquidação de transações imobiliárias em Miami, o funcionamento desse tipo de operação e se a legislação americana teve que passar por algum tipo de adaptação para suportá-la.

 

Como está a aceitação de criptomoedas na liquidação de negócios imobiliários em Miami?

O interesse é crescente por parte de desenvolvedores, corretores, proprietários e investidores. Miami se tornou um dos polos de tecnologia dos EUA, atraindo pessoas ligadas à tecnologia em geral e blockchain, que utilizam criptomoedas há bastante tempo. Além disso, grandes empresas do segmento tem se instalado na cidade. Temos o exemplo da FTX, que passou a dar nome a arena do time de basquete Miami Heat (FTX Arena).

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Assim como vem acontecendo em outros setores, a opção por criptomoedas aumenta as oportunidades de negócios no ramo imobiliário e se apresenta como uma forma de transação eficiente, segura e rápida.

Em Miami, já começaram a surgir anúncios de proprietários que aceitam cripto como forma de pagamento. Grandes construtoras também começam a aceitá-las na venda de imóveis na planta. Isso vai dando espaço para que sejam fechados negócios com esta opção de pagamento. Espera-se que num futuro, não tão distante, um cliente possa adquirir um imóvel de manhã e se mudar no final do dia.

Essa tendência se manifesta como o futuro das transações imobiliárias. Exemplo disso são os grandes empresários brasileiros entrando no universo das criptomoedas, como o conhecido Roberto Justus, que recentemente vendeu um imóvel em Miami e aceitou moeda digital na transação.

 

Como funciona a liquidação da compra de um imóvel com criptomoedas?

A criptomoeda é utilizada como veículo de pagamento, pois a transação imobiliária continua denominada em USD. Para evitar a volatilidade dos criptoativos, utiliza-se stablecoins, que são criptomoedas que equivalem às moedas tradicionais. Neste caso, utiliza-se o USDC e o USDT (exemplo: 1 USDC = US$ 1).

A transação deve seguir todos os padrões usuais de uma compra e venda de imóveis e deve identificar de maneira bastante clara as wallets utilizadas na transação, pois o objetivo é dar total transparência ao negócio.

Uma das principais vantagens do vendedor é que nesta modalidade ele pode escolher, logo após a concretização da venda, se segue com as moedas digitais ou se as converte em moedas tradicionais. Por sua vez, o comprador tem a possibilidade de efetuar um negócio mais rápido, com menos tempo de tramitação legal, adquirindo um imóvel de forma segura.

 

Considerando as três esferas do governo americano (federal, estadual e municipal), a legislação americana teve que ser adaptada para possibilitar esse tipo de liquidação?

A legislação americana não teve que ser adaptada porque trata-se do uso da tecnologia como meio de pagamento seguindo as regras já estabelecidas. Sendo assim, essas transações em criptomoeda estão de acordo com as regulamentações do Governo dos EUA.

Contudo, há uma série de discussões no Congresso e nas agências americanas sobre o tema de criptoativos. Elas são altamente positivas por terem como objetivo dar maior clareza às transações.

Em novembro do ano passado, a equipe administrativa do Governo Biden destacou a importância das stablecoins como formas de pagamento inclusivas, rápidas e eficientes. Os governos estaduais estão tratando de forma independente esse assunto, enquanto aguardam a regulamentação por parte do Congresso Federal.

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