Três perguntas: o novo aumento da Selic e os investimentos

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Paulo Cunha (foto divulgação iHUB)
Paulo Cunha (foto divulgação iHUB)

Por unanimidade, o Copom aumentou a Selic em 1,5 ponto percentual, passando a taxa básica de juros para 9,25% ao ano. O Comitê também informou que “antevê outro ajuste da mesma magnitude” para a próxima reunião, que será realizada nos dias 1º e 2 de fevereiro. Conversamos sobre o novo aumento da Selic e os investimentos com Paulo Cunha, especialista no mercado financeiro e CEO da iHUB Investimentos.

Para Paulo, “o Copom firmou posição de que fará o necessário para controlar a inflação. Com isso, o mercado entende que não há teto para os juros, com o Copom não se preocupando tanto com questões como PIB, emprego e ano eleitoral. O Banco Central será mais hawkish (juros mais altos e maior controle fiscal e inflacionário), promovendo um aperto mais duro. A questão é muito menos o aumento em si, que já estava no preço, e sim a forma como o aumento foi comunicado”.

 

Neste momento, o que é mais indicado: títulos prefixados ou pós-fixados? Quais títulos estão mais interessantes? Um investidor deveria montar uma estratégia de investimento em títulos de renda fixa considerando qual prazo?

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A questão do que é mais indicado sempre vai depender do perfil do investidor. Dado esse momento de incerteza, ficar no pós-fixado, com ele já recebendo perto de 2 dígitos mês a mês, com liquidez e menos risco, talvez não seja uma alternativa tão ruim. É claro que ele ganha mais força nesse cenário.

Com relação aos prefixados e ao IPCA+, o investidor consegue juros melhores, pois a curva de juros lá na frente já está precificando acima de 11%. O vértice de 2023 é a parte mais gorda da curva, mas tanto 2023 quanto 2024 estão com os juros em 11% ou até mesmo acima, já considerando o reflexo da decisão desta semana do Banco Central. Curiosamente, isso é raro de acontecer no mercado. Quando se olha um pouquinho mais para a frente, 2030, os juros já caem para 10,80%. O mais indicado para quem for se posicionar em pré seria os vencimentos 2024 e 2025.

Com relação ao prazo para se montar uma estratégia, isso depende muito. O investidor pode ter uma taxa de juros interessante para 2050 através das NTNs-B, que pagam inflação mais juros, mas a parte mais gorda do mercado está em 2024 e 2025. O mercado estima que, vindo uma recessão, com esse aperto todo, o Banco Central terá que diminuir os juros no futuro. É por isso que os títulos mais curtos estão pagando melhor que os títulos mais longos.

 

Considerando os fundos de renda fixa e renda variável, quais fundos seriam uma boa opção de investimento e quais deveriam ser evitados nesse momento?

Os fundos de renda fixa pré e inflação terão volatilidade. Eles podem ter um movimento muito mais abrupto de um dia para o outro, dadas as incertezas e as decisões do Banco Central. Se o investidor estiver acostumado com isso, eles podem ser uma boa opção. Agora, um fundo pós-fixado, bonitinho e sem dor de cabeça, já está com um rendimento atraente com esses níveis de taxa de juros.

Com relação aos fundos de renda variável, isso vai depender muito do perfil do investidor, se ele tem posição e se tem estômago. Eles devem sofrer, principalmente, no curto prazo, mas se tivermos um horizonte mais longo, os preços das ações, de uma maneira bem geral, estão bastante descontados se considerarmos a média e os resultados das empresas (preço/lucro). A questão é que faz tempo que os preços já estão descontados, e isso não impediu que o mercado caísse mais. No final do dia, o investidor tem que ter consciência de que esse longo prazo pode demorar 4, 5 ou 10 anos, mas o preço parece convidativo para quem tem perfil.

 

Além dessas aplicações, quais seriam outras opções de investimento, inclusive com exposição externa, que poderiam ser escolhidas por investidores?

É muito interessante olhar os fundos internacionais. Nós temos vários fundos multimercado que aplicam no mercado internacional. Como esses fundos são dolarizados, isso significa que vão responder bem às variações do dólar, sendo um hedge natural da carteira. Nós temos indicado para clientes agressivos uma exposição de até 30% em fundos internacionais que aplicam em ações, renda fixa internacional, multimercado internacional e possuem exposição em outros países.

Por mais que a gama de produtos tenha aumentado bastante nos últimos anos, isso não significa que esse tipo de fundo é a bola da vez, que vai subir mais que aqui. Na verdade, um investidor sempre deve ter essa exposição. Como disse, para perfis agressivos, indicamos um terço da carteira com exposição ao mercado internacional. Isso é importante para a composição da sua carteira.

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