Três perguntas: o Selo Sustentabilidade Tesouro Verde e a blockchain

Por Jorge Priori.

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Maria Tereza Umbelino (foto divulgação BMV)
Maria Tereza Umbelino (foto divulgação BMV)

Segundo a Climate Bonds Initiative, a emissão total de Green Bonds em 2020 somou US$ 269,5 bilhões. As 20 nações que mais emitiram esse tipo de título foram responsáveis pelo valor de US$ 243,8 bilhões (90,4%). O Brasil, apesar de todo o seu potencial, não figura entre os principais emissores.

Considerando esse contexto, conversamos sobre o Selo Sustentabilidade Tesouro Verde, desenvolvido pela empresa Brasil Mata Verde (BMV), com as economistas Maria Tereza Umbelino (foto) e Alessandra Umbelino Simiema, chief executive office e chief information office da empresa, respectivamente.

De 2018 a 2020, a adesão ao selo cresceu 678%, passando de 23 para 179 empresas. Isso se refletiu na comercialização de Unidades de Crédito de Sustentabilidade (UCSs), que no mesmo período, cresceu 5.655%. Maria Tereza e Alessandra destacam que, apesar de o Brasil ser o maior fornecedor de produtos ecossistêmicos, ele praticamente não os comercializa.

 

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O que é o Selo Sustentabilidade Tesouro Verde? Como ele funciona?

O selo é o produto da BMV que atesta a conformidade socioambiental de uma empresa, pessoa ou instituição. Sua obtenção está atrelada à compra de UCSs, ativo criado pela BMV de modo a compensar sua pegada socioambiental (ESG). Essas UCSs podem ser adquiridas (ou, na mão inversa, vendidas) na Plataforma Tesouro Verde, da BMV.

Vale lembrar que as UCSs são um conceito muito mais amplo que o de créditos de carbono, já que englobam 27 itens relativos à pegada ambiental, sendo o carbono apenas um deles. Os outros itens dizem respeito a questões como espécies preservadas de fauna e flora em uma determinada área e preservação da paisagem, por exemplo.

O selo identifica a quantidade de UCS adquiridas e traz informações como a unidade de conservação em que foram produzidas, a quantidade de floresta nativa preservada e o número de espécies de fauna e de flora preservados por hectare. Possui, ainda, um QRCode por meio do qual é possível acessar mais informações, como imagens das propriedades em que as UCSs foram produzidas e a transação feita na blockchain.

 

Como está o Brasil no mercado internacional?

O Brasil é o maior fornecedor de produtos ecossistêmicos, mas praticamente não os comercializa. Esse é um flanco que o país precisa atacar como forma de aproveitar sua vocação em uma economia global que, cada vez mais, caminha para uma compensação de pegadas ambientais e de produção de carbono por parte de empresas e governos.

Justamente considerando essa questão, quando desenvolvemos o atual modelo das UCSs, buscamos colocar diversas camadas de segurança confiáveis e reconhecidas não apenas no mercado nacional, mas também internacionalmente. Nosso produto é auditado pela Ernst & Young, firma de consultoria global, e pela Société Générale de Surveillance, empresa francesa líder global no segmento de certificação ambiental. As UCSs são registradas em formato blockchain (modelo que está crescendo no mundo inteiro) e no ambiente da Cetip/B3, que é conhecida e possui credibilidade junto a investidores estrangeiros. E, como uma camada extra de garantia para esse público, nossos títulos possuem, ainda, um registro junto ao escritório Shakespeare Martineau, de Londres, um dos principais centros financeiros mundiais.

Em termos de números globais, estima-se que, em 2019, tenham sido emitidos cerca de US$ 265 bilhões em green bonds. Para 2021, a estimativa é de US$ 350 bilhões, um acréscimo de mais de 30%. Esse é um mercado com enorme potencial e que vem se desenvolvendo rapidamente em decorrência de fatores como uma maior preocupação por parte do atual Governo dos Estados Unidos com a questão (o Governo Biden se comprometeu a reduzir pela metade as emissões até 2050) e de medidas cada vez mais ambiciosas em relação ao assunto por parte da União Europeia, que vem estabelecendo diretrizes relativas, por exemplo, ao uso e conservação do solo e das florestas, combate à desertificação e preservação da biodiversidade.

Essa é uma pauta de grande interesse para o Brasil e com um enorme potencial econômico para o País. O momento é de assumir um protagonismo nesse mercado.

 

Por que a solução da BMV foi desenvolvida a partir da blockchain?

A tecnologia do blockchain possui inúmeros benefícios que consideramos importantes para nosso modelo de negócios, tais como:

Segurança: o sistema de blockchain é hoje reconhecido como seguro e confiável. Uma vez feito o registro não há maneiras de adulterá-lo;

Transparência: os dados de cada transação UCS ficam acessíveis para pesquisa pública, evitando que uma mesma quantidade de ativo (UCS/carbono) seja vendida duas vezes (dupla contagem);

Facilidade de registro: assim que a UCS é inserida no sistema, as informações passam a estar imediatamente disponíveis para consulta.

Entendemos, portanto, que a BMV conta com o que há de mais avançado em termos de tecnologia e de parceiros para garantir a confiabilidade do sistema. Estamos sempre procurando aprimorar nosso sistema de segurança, incorporando, por exemplo, aspectos de Inteligência Artificial (IA) e big data. Essa é uma questão fundamental para a BMV.

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