Três perguntas: Open Banking – implementação da 3ª fase e perspectivas

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Bruno Samora (foto divulgação Matera)
Bruno Samora (foto divulgação Matera)

Conversarmos com Bruno Samora, head de Produtos Banking & Fintech da Matera, sobre quando de fato os benefícios do Open Banking começarão a ser sentidos, o que acontecerá na 3ª fase e sobre as possibilidades que serão abertas. A Matera é uma empresa de tecnologia especializada em soluções de core banking, meios de pagamentos e gestão de riscos.

O início da 3ª fase estava previsto para esta segunda-feira (30), mas foi adiado pelo Banco Central em cima da hora, a pedido dos bancos e fintechs, para 29 de outubro. A 4ª e última fase está programada para 15 de dezembro deste ano, mas o calendário deve mudar.

 

Quando será possível perceber de fato os benefícios do Open Banking? Como esse processo deve acontecer?

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Para que as pessoas comecem a perceber os efeitos do Open Banking no seu dia a dia, é necessário que ocorra a junção de duas coisas: a oferta de serviços relevantes nesse ambiente e a criação de produtos e funções pelas instituições participantes.

Nesse momento, os impactos ainda são tímidos porque as funções de compartilhamento de informações que já estão disponíveis, ainda que tenham valor, ou são muito recentes ou criam poucas oportunidades de negócios. Com a 3ª fase, que inclui o comando de pagamentos via Pix, por si só um grande sucesso com a população, começaremos a ver, aos poucos, bancos e fintechs explorando as novas possibilidades.

Nesse momento, o Open Banking entrará na vida das pessoas sem que, talvez, elas percebam. E isso é bom! Vou ter a comodidade de fazer pagamentos via Pix por meios distintos do aplicativo do banco onde tenho conta, talvez direto no app do e-commerce, pelo meu aplicativo de mensagens que estou acostumado a usar, por onde peço comida e assim por diante. Vai ser uma experiência transparente e que se tornará possível por este projeto.

Deste ponto em diante, a medida que o Open Banking seja enriquecido com novas funções, teremos um ambiente ainda mais interessante de possibilidades.

 

O que vai acontecer na 3ª fase?

A 3ª fase marca uma mudança muito importante, pois, a partir dela, passará a ser possível não só realizar o compartilhamento de dados, mas também a efetivação de transações financeiras. Isso por si só traz uma série de novos desafios, em especial relativos à segurança. Com a 3ª fase, o cliente de uma instituição financeira passa a ter a possibilidade de comandar pagamentos via Pix por canais que não são do seu banco. Isso será expandido posteriormente a outras formas de pagamento, como TEDs, transferências e até transações via cartão de crédito.

 

Na sua opinião, quais são as possibilidades que serão abertas pelo Open Banking quando ele estiver funcionando plenamente? No futuro, como será feita a escolha de produtos financeiros? O Open Banking pode trazer benefícios além do compartilhamento de dados para as empresas?

O Open Banking tem um potencial de alterar profundamente a forma como nos relacionamos com os serviços financeiros, podendo diminuir muito a relevância dos bancos que não se prepararem. O Open Banking traz o cliente e a sua experiência para o centro da questão e, à medida que poderemos ter acesso aos serviços por canais que não são dos próprios bancos, é possível o surgimento de soluções que serão verdadeiros “concierges financeiros”.

Eles nos trarão as melhores oportunidades de contas, investimentos, seguros etc., migrando nossas operações para a instituição que for mais vantajosa sem que precisemos nos relacionar diretamente com as instituições que de fato prestem esses serviços. O laço forte do cliente poderá passar a ser com estes aplicativos e soluções que forneçam vantagens e uma melhor experiência, e não mais com os bancos. A boa nova é que esse tipo de possibilidade tende a criar mais pressão por melhores experiências, produtos e serviços, beneficiando, em último caso, os clientes.

Também é natural que as aplicações se tornem mais sofisticadas com o tempo. Teremos uma primeira geração de assistentes financeiros que ajudarão a agregar informações de diversas contas e nos trarão ofertas de produtos. Mais adiante, veremos o uso de tecnologias, como inteligência artificial, que nos ajudarão a compreender melhor nossos hábitos. Elas nos dirão a melhor forma de fazer alguma operação ou resgatar um investimento. E tudo isso de forma integrada aos serviços disponíveis no ambiente de Open Banking.

Para as empresas, observando o que já ocorre em outros países, podemos esperar diversas soluções que trarão mais eficiência para as operações. Podemos esperar impactos em atividades de contabilidade; recolhimento e apuração de impostos; análises de fluxo de caixa e mesmos soluções de crédito para capital de giro. As operações burocráticas e morosas serão muito dinamizadas. Abertura de uma conta, por exemplo, poderá ser muito facilitada pelo compartilhamento de dados cadastrais e informações de transações de outros bancos. Embora se fale muito das aplicações para pessoas, é possível que o segmento de empresas seja o mais beneficiado pelo Open Banking.

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