Três perguntas: os resultados dos leilões de concessão da Infra-Week

Por Jorge Priori.

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Leilão aeroportos (foto Minfra)
Leilão aeroportos (foto Minfra)

Chegamos ao final da Infra-Week. O Governo Federal conseguiu leiloar todas as concessões que foram oferecidas. Na quarta-feira, foram leiloadas as concessões de 22 aeroportos com uma arrecadação de R$ 3,3 bilhões (o valor mínimo fixado pelo edital era de R$ 186,2 milhões). A CCR ficou com os aeroportos dos blocos Sul e Central, 15 no total, enquanto a Vinci ficou com os aeroportos do bloco Norte, 7 no total.

Na quinta-feira, foi leiloada a concessão da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol 1), arrematada pela Bahia Mineração S/A, Bamin, pelo lance mínimo de R$ 32,7 milhões. Na sexta-feira, 9 de abril, foi a vez dos cinco terminais portuários. A Santos Brasil Participações ficou com três dos quatro terminais do Porto de Itaqui, Maranhão. A Terminal Químico de Aratu, Tequimar, ficou com o quarto. A CMPC Celulose Riograndense ficou com o terminal de Porto de Pelotas, Rio Grande do Sul. Os cinco terminais foram arrematados por R$ 216,3 milhões no total.

Para entendermos melhor esse processo, conversamos com o diretor da FGV Transportes, Marcus Quintella, sobre os resultados dos leilões da Infra-Week, os próximos passos do Governo Federal e se vale a pena investir em infraestrtura no Brasil.

Marcus Quintella (foto divulgação)
Marcus Quintella (foto divulgação)

Como você avalia os resultados dos leilões da Infra-Week?

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Os resultados foram excelentes e surpreendentes ao mesmo tempo, principalmente com relação aos altos ágios dos leilões dos aeroportos. Neste caso, eram três blocos importantes, cada um com as suas características, mas com as demandas atuais muito aquém daquilo que poderíamos esperar, principalmente se compararmos com o nível pré-pandemia de 2019. Havia uma previsão de retorno dessa demanda do setor aeroportuário para 2023/2024, mas os resultados dos leilões mostraram que os investidores nacionais e internacionais estão acreditando na potencialidade do Brasil.

O que é muito interessante é que são contratos de longo prazo, com durações que podem chegar aos 30 anos, transcendendo esse governo e passando pelos próximos. Não interessa se esse governo será reeleito ou não, porque os investidores estão apostando na política de Estado, em suas concessões e privatizações. O importante são os fundamentos econômicos do país, sua estabilidade política e sua segurança jurídica.

Os resultados mostraram que o governo atual está no caminho certo e que o Ministério da Infraestrutura está fazendo um brilhante trabalho, fazendo uma boa estruturação dos projetos. Isso traz confiança para o investidor que analisa os editais e faz as suas próprias análises, modelagens e matrizes de riscos.

Com relação a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol 1), ela possui características muito específicas e foi arrematada pelo lance mínimo, o que já é satisfatório. Os 5 terminais portuários, principalmente os quatro terminais de granéis líquidos do Porto de Itaquí do Maranhão, devido a sua atratividade, foram todos arrematados.

 

Quais deverão ser os próximos passos do Governo Federal?

O Governo Federal vai continuar nessa toada. Na parte dos aeroportos, isso foi um grande teste para as joias da coroa: Congonhas e Santos Dumont. Há uma expectativa muito grande para esses dois aeroportos. Serão leiloadas rodovias importantes, com boa atratividade. Com relação aos portos, o governo está iniciando esse processo. Com relação às ferrovias, pode acontecer o leilão da Ferrogrão. O governo deverá continuar a estruturar e apresentar bons projetos aos investidores e, paralelamente, dar segurança jurídica, estabilidade e arrumar a casa, o que dá uma boa visão sistêmica. Ninguém investe num país apenas por um projeto ser bom. Para que um investimento ocorra, é necessário que toda a conjuntura econômica, política e estratégica do país seja boa.

 

Vale a pena investir em infraestrutura no Brasil?

Para os próximos anos, nós ainda seremos extremamente dependentes dos investimentos privados. O governo não tem condições de fazer a sua parte como em qualquer lugar do mundo, onde o próprio governo constrói a infraestrutura do país com dinheiro público. Isso vai impulsionar o investimento privado, mas não vai resolver os problemas logísticos, de transporte e de infraestrutura do Brasil. De certa forma, isso vai ajudar o país e sua economia a se desenvolverem, desde que haja bons projetos.

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