Três perguntas: os robôs e os centros de distribuição

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Levi Lima (foto divulgação Zebra Tech)
Levi Lima (foto divulgação Zebra Tech)

Conversamos sobre a implementação de robôs nos centros de distribuição brasileiros com Levi Lima, gerente de sales engineer da Zebra Technologies no Brasil (Nasdaq: ZBRA).

 

Como está a implementação de robôs nos centros de distribuição?

Os robôs já estão na nossa vida há muito tempo. Por exemplo, eles já estão nas linhas de montagem automobilísticas desde a década de 1980. O que está acontecendo agora é muito mais uma questão de trazermos os robôs para todos os processos.

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Quando nós olhamos para os centros de distribuição, nós vemos o aumento da quantidade e da diversidade de materiais. Hoje você pode comprar pela internet um carro, uma gilete ou uma TV. Com isso, os centros de distribuição têm que estar preparados para essa demanda.

Além de nós termos muitos produtos, nós vamos começar a ter muitos centros de distribuição. Esses centros terão que estar preparados para atender uma compra que deverá ser entregue na casa do comprador ou que será retirada numa loja física. Com essa complexidade, o número de pessoas dentro de um centro de distribuição teria que aumentar muito.

Os robôs de movimentação, conhecidos como AMR (Autonomous Mobile Robot), eliminam processos repetidos onde as pessoas têm baixa produtividade. Imagine uma pessoa indo e vindo, no mesmo lugar, várias vezes, dentro de um centro de distribuição gigantesco. Neste caso, esses robôs terão uma performance superior. Esse processo de substituição aconteceu na Revolução Industrial, quando se começou a utilizar máquinas em vez de pessoas. Por exemplo, parafusadeiras substituíram pessoas que apertavam parafusos o tempo todo.

Por mais que eles ainda não estejam em todos os ambientes, todas as empresas que têm centros de distribuição de alta performance já estão testando ou já estão na fase inicial de implementação de robôs.

Nós pensamos que os robôs são humanóides, mas, na verdade, eles são discos, como os robôs que limpam uma casa. Eles são uma realidade e esse cenário não é nada futurístico. Para os próximos três anos, não há como olhar para operações de alta performance sem que os robôs estejam integrados.

Hoje, os robôs têm um custo relativo alto, mas quando olhamos para os próximos cinco, dez anos, o investimento nessa tecnologia já estará mais factível para as grandes empresas na América Latina como um todo.

Mesmo para as empresas menores, da mesma forma como nós temos o hardware as a service e o software as a service, nós teremos o robô (robot) as a service. Por exemplo, as soluções de robôs da Zebra são totalmente voltadas para uma implementação na nuvem, onde a empresa pode ter o serviço de robô sem ter que adquiri-lo. Num futuro próximo, isso vai democratizar o uso dessa tecnologia de forma a que os centros de distribuição menores possam utilizá-la. A ideia não é que se adquira o robô como um produto, mas como um serviço.

Robô em centro de distribuição (foto divulgação Zebra Tech)
Robô operando em um centro de distribuição (foto divulgação Zebra Tech)

Para que um robô funcione, ele precisa de Wi-Fi, 4G ou 5G?

Essa é uma ótima questão. Esse é um desafio das empresas de robô: depender da infraestrutura local. Os robôs da Zebra funcionam de forma praticamente autônoma com relação à infraestrutura. Com isso, seu funcionamento independe de Wi-Fi, 4G ou 5G, pois toda a parte de movimentação é baseada na tecnologia que está no próprio robô. Para que você tenha uma referência, nós não precisamos alterar nenhuma infraestrutura de um centro de distribuição do cliente.

No nosso caso, o próprio robô tem inteligência e câmeras que gravam o ambiente onde ele está andando, e a partir disso a inteligência do robô faz a sua movimentação. Nós utilizamos uma conexão apenas para enviar dados e para integrá-lo com um ERP (Enterprise Resource Planning) ou com o WMS (Warehouse Management System).

Nós pensamos muito em não nos limitarmos a uma infraestrutura de comunicação, de forma a que os nossos robôs pudessem ser implementados facilmente. Inclusive, isso facilita o tempo de implementação. Nós conseguimos colocar um piloto de robô funcionando dentro de um cliente em até 24 horas.

 

Robôs e inteligência artificial são temas distintos?

Eles são complementares. Eu posso ter robôs mais simples como os AGVs (Autonomous Guided Vehicle), que são veículos guiados que fazem um caminho seguindo uma linha no chão através de um sensor magnético ou sensor óptico.

No nosso caso, os AMRs já têm uma inteligência para processar informações para tomar a melhor decisão. Imagine que ele está andando no centro de distribuição e há uma pessoa na frente dele. O robô identifica a pessoa e para de forma que ela se movimente.

Em cima disso tudo, imagine que eu posso ter um sistema de inteligência artificial analisando a movimentação desses robôs para otimizá-la de acordo com as tarefas que eles têm que fazer. Por exemplo, se um robô precisar pegar um produto para levar para uma região, a análise de movimentação pode determinar que talvez seja melhor o robô percorrer um caminho mais longo, mas com menos obstáculos.

Assim, a inteligência artificial e toda a parte de robótica vão andar em conjunto. Eu posso ter isso dentro do robô ou numa plataforma que vai somar as informações e interagir com algoritmos para prover um melhor resultado.

Os robôs não estão sozinhos nesse processo de transformação dos centros de distribuição. Nós temos outras tecnologias que estão acontecendo ao mesmo tempo, como a identificação por rádio frequência. Em vez de você ter um código de barras nas etiquetas dos produtos, você tem um chip. Dessa forma, quando um robô estiver transportando um pallet com vários itens, em vez de uma pessoa ter que ler cada código de barra, o robô passa num portal que automaticamente lê todos os itens que estão sendo transportados. Temos também a realidade aumentada e a realidade expandida. Imagine que um operador usará óculos de realidade aumentada para interagir com os robôs. Outra tecnologia é o computador móvel.

Os centros de distribuição viraram verdadeiros laboratórios de novas tecnologias focadas no atendimento da demanda do varejo/e-commerce. Eu sempre falo que o e-commerce é o comércio baseado na operação logística. Grandes players como Amazon e Mercado Livre não possuem lojas físicas. Todas as vendas e o atendimento ao cliente dessas empresas acontecem nos centros de distribuição. Por isso que nós temos essa revolução com todas essas tecnologias acontecendo ao mesmo tempo.

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