Três perguntas: Rcell – os desafios da gestão financeira e logística

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A Rcell é uma distribuidora brasileira especializada nos segmentos de smartphones, games, informática e eletro. Fundada em 2002, a empresa trabalha com 34 fabricantes e se aproxima dos 20 anos de idade tendo fechado o ano de 2020 com um faturamento de R$ 3,6 bilhões e a comercialização de 4,5 milhões de itens. Conversamos com Alexandre Della Volpe Elias, diretor de marketing do Grupo Rcell, sobre os desafios na gestão do caixa da empresa, a organização de sua logística e a visão da empresa sobre a infraestrutura logística brasileira.

Se por um lado o Contas a Pagar da Rcell é concentrado, por outro seu Contas a Receber administra 6 mil CNPJs cadastrados e ativos. Com relação a sua logística, seu coração está em 3 centros de distribuição localizados em São Paulo, Espírito Santo e Santa Catarina, a partir dos quais são atendidos todos os 28 mil pontos de vendas espalhados pelo Brasil. O desafio da empresa é fazer com que uma operação complexa funcione de forma simples.

A Rcell compra de 34 fabricantes e atende uma rede pulverizada de varejistas dos mais diversos tamanhos. Quais são os desafios para gerir o caixa (Contas a Pagar concentrado e Contas a Receber pulverizado), conceder crédito e administrar a inadimplência?

Em virtude das conhecidas e reduzidas margens operadas no mercado de distribuição, a gestão de caixa da empresa é feita de maneira cirúrgica e conservadora. Primeiramente, na maioria das negociações junto aos fabricantes, equalizamos o prazo de faturamento do cliente x prazo de faturamento das compras do fabricante, e incentivamos nossos clientes a realizarem pagamentos à vista mediante política de descontos. Em outros casos, dependendo das condições da negociação, compramos mercadorias dos fabricantes mediante pagamento à vista para obtenção de maior rentabilidade. Porém, apesar do Contas a Receber ser pulverizado, 75% dos clientes da curva ABC são clientes estratégicos, onde praticamente inexiste inadimplência.

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Ademais, temos uma política de crédito interna muito atuante e restritiva, e incrementamos na operação a implantação de uma seguradora de crédito para avalizar as vendas para os clientes de forma pulverizada, dividindo o “risco” do crédito. Hoje, com um percentual de 0,30%, a empresa praticamente não tem inadimplência.

A empresa possui como característica a distribuição de produtos multicategorias. Considerando tantos produtos no portfólio e o atendimento de varejistas espalhados pelo país, como a empresa organizou a sua logística?

Quando definimos o aumento de portfólio e inclusão de novas linhas que não compunham o core da empresa, nos deparamos com questões desafiadoras referentes à armazenagem e transporte. Partir da venda de celulares e itens de menor cubagem para produtos como TV e Linha Branca, a princípio, foi um desafio, começando pela questão de armazenar sem corromper as margens de venda.

Primeiro, planejamos a expansão das áreas de armazenagem, com o aumento de área e condições mais adequadas de operação e expedição dos novos produtos, além de custos de armazenagem que fossem competitivos. Também levamos em consideração os principais destinos destas vendas por tipo de produto. Em seguida, firmamos parcerias com novas empresas de transporte, cujo foco era justamente os produtos grandes que compunham o nosso novo portfólio. Dessa forma, estamos conseguindo expandir vendas, aumentando a participação em mercados que não eram originários de nossa empresa e alcançando resultados bastante expressivos.

Como a Rcell avalia a infraestrutura logística brasileira? Quais são as principais “dores” da empresa para fazer com que seus produtos cheguem nas pontas?

A infraestrutura logística brasileira é bem montada. Atualmente temos opções de transportadoras especializadas em cada categoria de produto. Quando tivemos problemas de cortes de voos no início da pandemia, por exemplo, os transportadores buscaram agilizar as entregas, mesmo que no modal rodoviário, encontrando alternativas de redespacho por aeroportos menos afetados. A principal “dor” é cumprir prazos cada vez menores para satisfazer nossos clientes, o que estamos buscando constantemente.

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