As intervenções de Trump na economia e política mundiais, ainda que pareçam não ter uma estratégia elaborada, permitem entender alguns de seus objetivos – impedir a ascensão da China um dos principais. Dentro desse quadro, explodir os Brics e barrar a Iniciativa Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês), com certeza, estão nos planos dos EUA.
Karsten Junius, economista-chefe da J Safra Sarasin Sustainable Asset Management, em entrevista neste final de semana, de certa forma abordou esse objetivo: “O mundo deve estar preparado (…) Consideramos provável que os EUA tentem combinar tratamento tarifário preferencial, acesso ao seu mercado e infraestrutura financeira com países que sigam os EUA na busca por isolar a China.”
As ações já estão ocorrendo. Na África, busca-se trocar “ajuda” por minerais estratégicos – ou punir quem não se alinhar. O Projeto de Lei de Revisão das Relações Bilaterais EUA–África do Sul de 2025, apresentado ao Congresso em 4 de abril, busca impedir que a África do Sul “comprometa interesses de segurança nacional e política externa dos Estados Unidos” (H.R.7256, 2025, Seção 3) e autoriza o presidente estadunidense a punir a África do Sul a fim de alinhá-la aos interesses dos Estados Unidos. A África do Sul é um dos pioneiros do Brics.
Na República Democrática do Congo, que está sofrendo com a invasão de Ruanda, o presidente Felix Tshisekedi apelou a Trump por ajuda, oferecendo-lhe um acordo para que os EUA obtenham acesso preferencial aos minerais da RDC, segundo o The Rwandan, de 2 de abril.
Uma equipe do Departamento de Estado visitou minas da RDC nos primeiros dias de abril, e empresas de mineração estadunidenses – incluindo a novata KoBold, apoiada por Jeff Bezos e Bill Gates – demonstraram interesse, de acordo com o Wall Street Journal em 4 de abril.
Na América, os EUA tentam reconquistar seu quintal, misturando (poucas) ofertas a (muitas) ameaças de punição aos países que se alinharem ao Cinturão e Rota.
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Expandir o poder
“A política norte-americana faz unilateralmente as intervenções preventivas ou corretivas, segundo a conjuntura. Sem regras gerais autoaplicáveis e sem consideração pelas regras que eles mesmos ajudaram a criar, o intervencionismo norte-americano inventa e reinventa pretextos para expandir, como nunca, o seu poder global.” – Luiz Gonzaga Belluzzo no artigo “Trump e a História”, na CartaCapital.
Lady Gaga de ônibus
O show de Lady Gaga em Copacabana, 3 de maio, movimenta o turismo carioca: a DeÔnibus, marketplace de passagens rodoviárias, registrou nos últimos dias um aumento de 18% na busca por passagens para o Rio de Janeiro no período da apresentação.
Rápidas
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