A falta de aptidão da atual equipe do Itamaraty em negociar soberanamente provoca fatos inusitados. O subsecretário para Assuntos de Integração do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, embaixador José Alfredo de Graça Lima, vê como um “trunfo” na negociação com os europeus o fato de os países do Mercosul praticarem tarifa externa para produtos industriais de 20% – inferior à permitida pela Organização Mundial do Comércio, que é de 35%. Concessões unilaterais como essa é que levaram a indústria dos países da região para o buraco – e agora, a União Européia deseja ainda mais vantagens para exportar produtos de alta tecnologia e grande valor agregado para cá, enquanto prometem reduzir os subsídios para produtos agrícolas e retirar algumas barreiras que permitiriam aos membros do Mercosul aumentar a venda de produtos primários.
Prego
Quem estiver “enforcado” neste final de mês e precisar colocar as jóias no prego vai ter pelo menos um alívio: a Caixa Econômica Federal está cobrando, desde sexta-feira, juros mais baixos em algumas das suas linhas de crédito. A maior queda aconteceu no penhor, que teve suas taxas reduzidas numa média de 15%. Para empréstimos até R$ 300 os juros baixaram de 3,6% para 3,1%. Acima deste valor, de 4,5% para 3,8%. A redução geral atingiu cartão de crédito (de 11,70% para 10,30% a 10,50%), desconto de duplicatas (que variava de 3,85% a 4,65% e passou para 3,25% a 4,10%), desconto de cheques (de 3,85% a 4,15% passou para 3,65% a 4,10%) e crédito especial empresa (de 4,55% a 4,85% passou para 3,90% a 4,55%). Claro, as taxas são mensais, e não anuais, como poderia pensar um norte-americano distraído.
Constrangimento
As feridas abertas na Europa pela invasão da Iugoslávia pela Otan estão longe de estarem cicatrizadas. Conhecido economista e acadêmico do Rio recebeu um pedido formal de desculpas de seus sogros dinamarqueses pela participação dos europeus nas tropas da Otan: “O pessoal mais velho da Europa ainda leva muito a sério essas coisas”, surpreendeu-se o economista.
Dos resultados
Existem várias maneiras de se estabelecer juízo de valor quando se depara com partes em contenda. Dificilmente, porém, um tão eficaz quanto o permitido pelos resultados finais. Claro que isso não dá conta de todas as razões em conflito, mas é bastante ilustrativo.
A decisão do Supremo Tribunal Federal de pôr um freio à ação das CPIs fornece estudo de caso significativo do confronto entre intenções e fatos. Excluída a hipótese de hedge contra a CPI do Judiciário, não é aceitável que disputas legítimas sobre enfeixe de poderes resultem, não em maior temor por parte de colarinhos brancos, mas em aumento do ceticismo dos brasileiros.
Claro, que o Supremo sempre poderá expor argumentos tão diversos quanto consistentes. Nenhum, porém, tão convincente quanto os que deixem corruptos mais insones e a sociedade com sono mais tranqüilo.
Bocão
De Roberto Campos neste fim de semana nas colunas que costuma assinar: “É importante que todos entendam que não pode haver boca livre no país.” Privatista para efeitos de consumo ideológico, Campos acumula o cargo de assessor especial da Prefeitura do Rio e conselheiro do BNDES. Mais uma vez, o velho Bob Fields comprova que só defende austeridade para os outros.
Serviços negados
O mega engarrafamento de domingo, devido à decisão da Taça Brasil, entre Botafogo x Juventude, realçou mais uma vez ineditismo revoltante: o Rio é das raras metrópoles do mundo sem transporte de massa em dia de grandes eventos aos domingos. Já passou da hora de o governador Garotinho cobrar do Metrô a volta do funcionamento dos trens em dias de jogos. Como, aliás, ocorria, antes de a companhia ser privatizada.
O Partido dos Trabalhadores já admite publicamente apoiar a bandeira de Brizola e defender a renúncia de FH. Até agora, o PT vinha trabalhando unicamente na campanha do impeachment do presidente, devido ao envolvimento de FH com o escândalo das privatizações das telefônicas. O slogan “Fora FHC” passa a fazer parte dos documentos do PT e outros partidos que formaram a frente de esquerda que apoiou Luís Inácio Lula da Silva na última eleição para a Presidência da República. A decisão foi tomada ontem, após reunião da frente em São Paulo.
Decisão
O senador Antonio Carlos Magalhães garantiu ontem que os ministros baianos não sairão do Governo, mesmo após uma reforma ministerial. ACM disse que não existem ministros intocáveis, mas que os competentes – categoria em que ele enquadra Waldeck Ornellas e Rodolpho Tourinho – não serão demitidos. Declarações como essa parecem dar razão a Luís Fernando Veríssimo que, em editorial no número 2 da revista Bundas, falava no delírio do ex-senador Fernando Henrique Cardoso que anda de um lado para o outro dizendo-se presidente da República e declarando que quem manda é ele.














