Em meio ao impasse pelo possível fim do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), o turismo nacional cresceu 7,8% em 2023, somando um faturamento de R$ 189,4 bilhões. Só o mês de dezembro significou um incremento de R$ 18,1 bilhões nesse montante, tornando esse o melhor resultado para um único mês desde o início da pandemia, em 2020. O valor foi 1,1% maior do que o registrado em dezembro do ano anterior.
Para a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), a expectativa é que a melhora nas condições econômicas das famílias brasileiras, via redução na taxa de juros, e os impactos dos programas do governo para estimular o setor tenham efeitos positivos nos próximos meses, mantendo a curva ascendente do turismo. Por outro lado, a entidade trabalha ativamente pela manutenção do Perse, visto que o programa, criado em 2021 para socorrer o segmento de eventos – que trabalha com muitas atividades turísticas -, tem papel relevante para o resultado anual. Há um consenso entre especialistas e observadores do setor que a medida contribuiu significativamente para manter investimentos das empresas, renegociar dívidas e gerar novos postos de trabalho depois do período pandêmico.
No desempenho anual, o resultado positivo foi puxado, principalmente, por atividades como locação de meios de transporte (alta de 18,3%), que reúne, principalmente, as agências de veículos sem motorista, além de alojamento (17,4%) e companhias aéreas (12,7%), que somaram R$ 48 bilhões ao longo do ano, um recorde. Em 2023, um único segmento perdeu força: o de viagens rodoviárias (-4%). No caso das atividades de alojamento, o dado corrobora a pesquisa do Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), que mostrou um aumento de 4% na procura por hospedagens em hotéis pelo País na comparação com 2022. O tíquete médio também subiu (22,5%) ao longo do ano passado, puxando as receitas para cima. O resultado de 2023 deve ser lido considerando ainda que os preços médios do turismo subiram 12% em 12 meses – muito graças à alta expressiva nos preços das passagens aéreas. Essa variação está acima da média nacional (4,5%).
O segmento de alojamento também contribuiu para a alta do turismo brasileiro em setembro, crescendo 15,7% na comparação ao mesmo mês de 2022. Isso se explica, para a Fecomércio-SP, pela demanda das famílias no último mês do ano passado, já que reuniam mais condições financeiras para viajar e é o período de alta temporada do segmento de lazer. Não à toa subiu também o faturamento do transporte aéreo (4,4%).
Em dezembro, dois segmentos caíram: o transporte rodoviário, que perdeu um quarto do tamanho (-19,9%) em relação ao mesmo período do ano retrasado, e as agências de viagens (-3,8%). Já as agências de veículos melhoraram o desempenho (10,8%), consolidando o ano positivo – assim como o segmento de alimentação, com restaurantes e bares (8%).
Três estados do Norte apontaram incrementos significativos nas receitas em dezembro, quando comparadas ao mesmo mês de 2022: Acre (12,9%), Rondônia (12,1%) e Amapá (11,1%). A lista é encabeçada pelo Piauí (17,5%) e ainda tem o Sergipe (10,7%) na composição, formando uma dupla entre Norte e Nordeste. Das 27 unidades federativas brasileiras, 20 tiveram saldo positivo no mês. Resultados puxados por diferentes aspectos turísticos, como aumento na demanda hoteleira ou nas locações de veículos. Na contramão dessa tendência, estiveram São Paulo (-2,6%), Rio de Janeiro (-7,4%), Rio Grande do Sul (-1,4%) e Ceará (-1,5%). Ainda assim, permanecem somando mais da metade (54%) do faturamento nacional do turismo.
De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial de Turismo (OMT), das Nações Unidas, o turismo internacional crescerá 15% em 2024 em relação ao ano passado. A previsão também indica que 2024 ultrapassará os níveis de 2019 em 2%. Após o turismo internacional terminar 2023 a 88% dos níveis pré-pandêmicos, com cerca de 1,3 bilhão de chegadas internacionais, a OMT enxerga 2024 como ano de recuperação plena pós pandemia.
Os brasileiros que gastarem em moeda estrangeira fora do Brasil terão uma cobrança menor esse ano, pois o imposto sobre operações financeiras (IOF) no crédito para a conversão da moeda estrangeira diminuiu: de 5,38% foi para 4,38%. A redução do IOF entrou em vigor em 2022, ele é reduzido em um ponto percentual a cada ano e deve ser extinto até 2028. O IOF sobre o papel moeda continua em 1,1% e deve ser zerado também até a mesma data.
As compras internacionais em cartão de crédito, seja para quem está em outro país ou para quem compra pela internet do Brasil, usam esse imposto menor. Segundo especialistas da Western Union, líder em serviços globais de pagamento e remessas internacionais, essa redução do IOF é positiva, pois poderá incentivar o gasto do exterior e o poder de aquisição do brasileiro já que a redução faz parte plano do governo para zerar IOF até 2028.
Leia também:
Brasil tem mais empresas ativas do que trabalhadores com carteira assinada
MPEs serão o motor da economia neste ano; para o Sebrae, volume de pequenos negócios que registraram melhora no faturamento cresceu em 2024
Sedãs e SUVs médios: os modelos mais rentáveis de janeiro entre seminovos
Estudo Megadealer de Performance de Veículos Usados mostrou que, na análise geral, houve desaceleração no ritmo de vendas, mas recuperação da margem bruta de lucro
Reduflação corrói em 3,78% o poder de compra do brasileiro
Impacto da reduflação é sentido diretamente no bolso do consumidor, que paga o mesmo valor por menos produto.
CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas
CPI terá até 1º de abril para concluir os trabalhos
Haddad: inflação entre 4% e 5% é relativamente normal
Ministro participou de conferência do FMI na Arábia Saudita
Dívidas de estados e municípios pagas pela União somam R$ 556 milhões
Valores se referem ao mês de janeiro; o total dos valores suspensos atingiu R$ 1,90 bilhão