O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) conclui nesta quarta-feira a segunda parte da reunião –que começou nesta terça-feira — para anunciar a nova taxa básica de juros, a Selic.Mesmo com a alta na inflação nos últimos meses, as instituições financeiras acreditam na manutenção da taxa em 2% ao ano, no menor nível da história. A projeção consta do boletim Focus , pesquisa com instituições financeiras divulgada toda segunda-feira pelo BC.
A Selic representa o principal instrumento do governo para controlar a inflação, garantindo que ela fique dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para este ano, a meta está em 4%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,5% e o superior, 5,5%. Para 2021, a meta é 3,75%, também com intervalo de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Até algumas semanas atrás, as instituições financeiras projetavam inflação menor que o esperado. A situação, no entanto, mudou com a recente alta no preço dos alimentos. Os analistas consultados no boletim Focus agora projetam que a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terminará o ano em 4,21%. Para 2021, a estimativa está em 3,34%.
O Banco Central atua diariamente por meio de operações de mercado aberto – comprando e vendendo títulos públicos federais – para manter a taxa de juros próxima ao valor definido na reunião.
A Selic, que serve de referência para os demais juros da economia, é a taxa média cobrada em negociações com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, registradas diariamente no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia.
Opinião
“Com a inflação próxima ao centro da meta, o mercado financeiro espera uma ação mais efetiva do Copom em relação a um possível aumento da taxa básica de juros. Mas, acreditamos que não haverá esse posicionamento. A taxa deve fechar o ano em torno de 2%”, acredita Juan Espinhel, consultor de investimentos da IVEST Consultoria.
O consultor pontua que a dívida interna do país em outubro chegou a 61,2% equivalente ao valor do PIB (produto interno bruto), considerado um cenário preocupante pelos especialistas em investimentos. Neste contexto, a maior preocupação é o avanço da inflação. O IGPM (Índice Geral de Preços do Mercado) chegou a 3,28% em novembro com alta de 21,97% em 2020 sustentado também pela subida dos preços dos alimentos, dólar e outros itens básicos da economia.
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,81% no último mês com alta de 4,22% no acumulado do ano.
Em relação às finanças do governo federal, Espinhel destaca que existe um alerta no mercado sobre como serão conduzidos os pacotes de auxílio para o próximo ano e qual será o impacto nas contas públicas. O risco fiscal existe! No Ibovespa, o último mês foi muito positivo, com bastante entrada dos investidores estrangeiros que movimentaram as negociações, com fluxo de R$ 33 bilhões (somente estrangeiro na B3). As altas no índice tiveram como destaque os setores imobiliário e financeiro com 16% e 17%, respectivamente, em novembro.
O índice Ibovespa cresceu 15,90% superando as quedas dos últimos meses, mas ainda acumulando uma queda de 5,84% no ano. “Acreditamos que o crescimento do fluxo de investidor estrangeiro, motivado pela diminuição do risco geral dos mercados internacionais, impulsionou a alta da bolsa brasileira em novembro”, destaca Espinhel.
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