As informações divulgadas nesta série de três artigos foram obtidas em caráter confidencial junto à comissão que na Suécia está encarregada de escolher os laureados pelo prêmio Nobel de Economia. Por esse motivo, não será possível dar o nome dos dois candidatos brasileiros a serem os prováveis próximos ganhadores dessa honraria.
Para bem situar o leitor dentro da questão é importante lembrar que os prêmios Nobel têm conteúdo político. Os laureados são sempre personalidades de excepcional mérito dentro dos seus respectivos campos de trabalho. Considera-se importante, no entanto, se assegurar certa dispersão geográfica dos mesmos a fim de evitar que se considere a premiação de interesse restrito a número limitado de países.
Nesse contexto, o problema está em que os prêmios Nobel se concentram nas ciências exatas, que não são adequadamente cultivadas nos países menos desenvolvidos, exatamente os detentores da parcela mais importante da população mundial. A solução encontrada foi conferir-lhes participação significativa nos prêmios Nobel da Literatura. Assim, estes foram conferidos a uma poetisa chilena, a um romancista peruano e até a um escritor egípcio. É verdade que um argentino foi premiado nas ciências exatas. Isso, contudo, ocorreu porque a escolha foi feito no dia em que se comemorava o aniversário do rei, com largo consumo de aquavita. E o encarregado de anotar os votos os creditou a nome errado.
Para ilustrar a preocupação com o equilíbrio geográfico podemos lembrar criativa solução que se deu no caso da França. Esse país estava recebendo número insuficiente de prêmios. Para corrigir a situação escolheu-se, para o prêmio de Física, cientista que declarava ter encontrado meio de anular a força da gravidade. Criou-se situação embaraçosa quando alguns membros da comissão puseram em dúvida a validade das provas para sua descoberta oferecidas pelo candidato. Salvou o dia a lembrança de um dos presentes de que o cientista também tinha trabalhos de caráter econômico. Ele se tornou assim o recente agraciado francês, com o prêmio Nobel de Economia.
O importante para nós é que os encarregados da premiação perceberam não ter sido o Brasil, mais importante país da América Latina, jamais agraciado com o prêmio Nobel. Para corrigir essa falha foi feita cuidadosa pesquisa na literatura de língua portuguesa e, com base nela, concedeu-se prêmio Nobel a autor de importante obra literária. Acontece que o agraciado era português. A comissão sueca encarregada da escolha não estava informada que o Brasil havia se tornado independente de Portugal.
Para corrigir o vexame decidiu-se compensar o Brasil conferindo a um de seus cidadãos a dignidade mais alta, do prêmio Nobel de Economia. Esta, por ser considerada ciência quase-exata (embora só pelos economistas) é colocada em categoria superior à Literatura.
A implementação da proposta era facilitada pelo fato de que, segundo tendência recente entre os especialistas do setor, começa-se a valorizar o aspecto – Política – da Economia. Ou seja, volta-se a utilizar a denominação original de Economia Política, sinalizando que esta não pode mais ser tratada como ciência abstrata e altamente matematizada. Defende-se a volta a propostas concretas de política econômica, inclusive acompanhadas de ações no sentido de implementá-las. É nesse contexto que deveria ser escolhido o laureado brasileiro.
Presentemente, duas personalidades estão sendo consideradas. Não estamos autorizados a fornecer os nomes podendo apenas designar um por RC (r de Roberto e c de Campos) e outro por FH (f de Fernando e h de Henrique). O primeiro foi selecionado em função de sua “teoria dos dinossauros” e o segundo de sua “teoria da dependência”.
Seria muito longo explicar aqui os motivos da dupla escolha. Isso será feito nos dois artigos seguintes.
João Paulo de Almeida Magalhães
Economista, é integrante do Conselho Editorial do MONITOR MERCANTIL.