Um Prêmio Novel de Economia para o Brasil – II

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Mostramos no artigo anterior, com base nas informações obtidas junto aos responsáveis pela premiação Nobel, que existe nesta a preocupação com certo equilíbrio geográfico. O Brasil, mais importante país de sua região, jamais recebeu a honraria. Mostramos que, depois da tentativa frustrada de conferir-lhe o prêmio Nobel de Literatura, amadureceu a decisão de conceder a cidadão brasileiro o prêmio Nobel de Economia. Com base em informação reservada apuramos que existem dois sérios candidatos. Um, pela sua contribuição para a “teoria dos dinossauros” e outro, pela comprovação definitiva da “teoria da dependência”. Seus nomes não podem ser divulgados mas sabe-se que as iniciais do primeiro são RC (r de Roberto e c de Campos) e do segundo FH (f de Fernando e h de Henrique). No presente artigo examinaremos as credenciais do primeiro, tal como estão sendo consideradas pela comissão do Prêmio Nobel, deixando para próximo artigo as credenciais do segundo.
Comecemos pela contribuição científica de RC para a Economia. A teoria dos dinossauros sustenta a tese da próxima e necessária extinção da anomalia histórico-biológica representada pela sobrevivência, nas economias retardatárias, dos dinossauros-desenvolvimentistas. Esses remanescentes do período jurássico insistem, entre outras coisas, em defender ampla ação do Estado como forma de eliminar o atraso econômico. RC sustenta que eles já morreram (e não sabem) ou estão muito perto disso. A viabilidade desses animais pré-históricos depende, de fato, da existência de condições propícias ao desenvolvimento econômico e estas já teriam desaparecido no Brasil e América Latina em geral, devendo o mesmo suceder nos países asiáticos.
Durante algum tempo essa tese foi posta em dúvida porque RC vive, sabidamente, na Disneylândia, sendo grande amigo do Tio Patinhas e admirador de Professor Pardal. Alegou-se, mesmo, que dinossauros não existiam e que RC, como freqüentador e admirador da Disneylândia, adquirira simplesmente a disfunção psicológica consistente em ver dinossauros por toda parte.
Recentemente, no entanto, os fatos evoluíram no sentido de comprovar a tese de RC. Os dinossauros-desenvolvimentistas existem de fato e como a eliminação do atraso econômico das economias retardatárias começa a se tornar inviável, desaparecem as condições para sua sobrevivência. Ainda se discute se os dinossauros-desenvolvimentistas asiáticos estão condenados, mas esse é certamente o caso dos latino-americanos. Os asiáticos foram, realmente, menos atingidos pela epidemia de CW (Consenso de Washington) enquanto os latino-americanos viram-se gravemente afetados pela doença.
A CW provocou na América Latina fortes ataques de neoliberalismo com os sintomas de abertura radical e indiscriminada da economia às mercadorias e capitais externos. A abertura às mercadorias inviabilizou os produtores da região, sobretudo por ter sido agravada pela medicação imposta pelo FMI, de altos juros e sobrevalorização cambial. A abertura financeira permitia o controle das economias da região pelas empresas multinacionais, que se recusam a exportar para os grandes mercados mundiais, única forma  de retomar o desenvolvimento.
No caso dos asiáticos, as duas aberturas não ocorreram com a mesma amplitude pelo que a sobrevivência dos dinossauros-desenvolvimentistas locais ainda é possível. O FMI deverá, contudo, resolver o problema. Penetrou na região e está aplicando ali os mesmo remédios que tanto sucesso tiveram na cura do desenvolvimento latino-americano.
Resumindo, em termos de ciência econômica a contribuição de RC foi de fundamental importância ao prever a eliminação das condições requeridas pelo desenvolvimento o que levará, inexoravelmente, ao desaparecimento dos dinossauros-desenvolvimentistas remanescentes. Aliás, particularmente abundantes e viciosos no Brasil.
A premiação Nobel hoje leva em conta não a Economia, como ciência abstrata, mas a Economia Política, enquanto instrumento de ação concreta. Nesse contexto, a comprovação de que o candidato atuou no sentido de transformar em realidade suas previsões é tão importante quanto a contribuição teórica. Também sob esse aspecto RC conta pontos a seu favor. Em sua atuação profissional contribuiu de forma importante, para bloquear o desenvolvimento gerador de dinossauros.
Durante o Governo JK envidou esforços para impedir a implementação do Programa de Metas, propondo substitui-lo pelo Programa de Estabilização Monetária apoiado pelo FMI. Infelizmente não teve sucesso e o Brasil registrou duas décadas de crescimento acelerado, com a conseqüente proliferação de dinossauros-desenvolvimentistas. No Governo CB conseguiu eliminar o teto de 12% ao ano para os juros, viabilizando a drástica elevação destes, que eliminou as veleidades de retomada do desenvolvimento após o Plano Real.
Mais recentemente, escrevendo em dois importantes ornais do Brasil, conseguiu, durante muito tempo, convencer seus leitores de que os países asiáticos estavam atacados pela epidemia de CW e seguindo rigorosamente as receitas do FMI. Com isso, pôde evitar que o país adotasse o mesmo intervencionismo estatal daquela área, o que resultaria em grave surto de desenvolvimento.
As contribuições de RC tanto para a teoria como a prática econômica são, portanto, incontestáveis, o que justifica ser ele um dos dois candidatos ao primeiro prêmio Nobel brasileiro. Os títulos de FH são, contudo, igualmente importantes, como se verá no próximo artigo.

João Paulo de Almeida Magalhães
Economista, é integrante do Conselho Editorial do MONITOR MERCANTIL.

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