Uma arma de guerra

A importância do planejamento estratégico nas universidades para enfrentar desafios futuros e destacar-se no mercado competitivo. Por Paulo Alonso.

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Ministério da Educação - MEC (Foto: Senado Federal)
Ministério da Educação - MEC (Foto: Senado Federal)

Peter Drucker, renomado consultor em administração, ensina que “a melhor maneira de predizer o futuro é criá-lo”. Observando tal afirmação, pode-se concluir que o futuro das instituições de ensino superior dependerá, em consequência, das ações dos seus dirigentes. Assim sendo, faz-se mister que a direção de uma universidade faça com que todos os envolvidos no processo de gestão desenvolvam um trabalho conjunto, visando o crescimento qualitativo da própria instituição, pois a falta de um conceito único entre os líderes pode comprometer, e muito, o crescimento de um estabelecimento de ensino, provocando um conflito interno entre os administradores. O grande desafio é saber se as lideranças universitárias estão também atentas às suas estruturas de concorrência, as reais necessidades mercadológicas e as exigências dos órgãos reguladores (MEC, CNE, Inep, Capes). As instituições de ensino não podem acomodar-se ao sucesso que tiveram no passado.

O professor Geoff Yang, outro estudioso da administração universitária, afirma que agora “os rápidos chegam antes dos lentos”. É preciso que uma universidade decida rápido o seu destino e tornar-se distinta. Velocidade, afinal, é uma característica de pioneirismo e empreendedorismo. Tom Peters, outro guru da administração, faz um alerta: “tone-se distinto ou (será) extinto”. Com essa afirmação, Peters quer dizer que a escola precisa ter missão, visão, valores, essência, estrutura e significados. E o futuro só poderá apontar para o sucesso de quem conseguir mostrar a sua diferença. Daí a necessidade de se discutir, criar e implantar planos estratégicos para o desenvolvimento da universidade, pois sem ele, e lembrando Alexander Graham Bell, não é válido seguir sempre pela estrada por onde outros já passaram”. É preciso, ao contrário, descobrir novos caminhos e segui-los, pois a escola que desconhece que caminho trilhar, realmente não chegará a nenhum lugar.

Aliás, Marvin Bower, consultor de empresas há mais de 30 anos, observa que os dirigentes comprometidos com o planejamento estratégico sistemático são altamente bem-sucedidos porque pensam profunda, criativa e continuamente em termos da pergunta: “o que estamos tentando fazer e como podemos fazer de maneira mais rentável, considerando a concorrência?” Ainda segundo Bower, planejamento estratégico está intimamente relacionado com o ajustamento da organização com o seu ambiente, resolvendo problemas básicos e contornando as limitações existentes, bem como capitalizando sobre vantagens herdadas ou desenvolvidas e aproveitando as principais oportunidades. Afinal, quem não planeja acaba sendo planejado pela mudança.

Recentemente, a revista HSM Management apresentou resultados de pesquisa mostrando que o planejamento estratégico é a ferramenta mais utilizada pelos executivos na última década. O mesmo relatório evidenciou que no cenário educacional foram mínimas as demonstrações da cultura do planejamento estratégico nas universidades. O certo é que quem não planeja é surpreendido por alterações no ambiente externo; não acompanha as mudanças no mercado em que atua: precisa sempre se reprogramar para o retrabalho; depende do dia a dia; é desprovido de informações sobre as tendências e cenários do setor, só reage às iniciativas da concorrência e não tem condições de neutralizar fraquezas e ameaças e não potencializa forças, pois as desconhece e, assim, perde as oportunidades.

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Ao contrário, quem planeja tem condições de avaliar as perspectivas a curto, médio e longo prazos; age sobre o mercado; potencializa forças internas para melhorar a qualidade da escola, neutralizando as fraquezas visando a retenção de alunos; projeta o futuro da escola, pois tem visão de futuro; desenvolve diferenciais competitivos; pode antecipar-se a situações desfavoráveis, desenvolve serviços educacionais adequados ao uso do cliente/aluno; inova o projeto institucional e pedagógico da universidade e é capaz de desenvolver parcerias com fornecedores e identificar parcerias estratégicas, como os necessários convênios nacionais e internacionais interinstitucionais.

Fazer planejamento estratégico é um desafio para aqueles que sabem olhar, e de frente, o futuro. E a visão do futuro só pode ser desenvolvida por líderes e esses precisam necessariamente compartilhar este futuro através do planejamento estratégico.

Uma (verdadeira) arma de guerra!

Paulo Alonso, jornalista, é reitor da Universidade Santa Úrsula.

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