Enquanto o ministro Pedro Malan se senta em cima de todos os pleitos da siderurgia nacional contra a importação predatória de aço, os países desenvolvidos têm multiplicado seu arsenal protecionista. Entre 1997 e 2000, dos 1.216 processos antidumping, de direitos compensatórios e salvaguardas abertos pelos países desenvolvidos, cerca de 30% foram contra importações do setor siderúrgico. Em tempo, esses dados constam de estudo encomendado pelo Ministério do Desenvolvimento brasileiro.
As contradições de Lavagna
O novo ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, assume o cargo com um discurso que, como parece ser a norma do governo Eduardo Duhalde, carrega contradições inconciliáveis. Ligado ao setor produtivo, promete priorizar a indústria nacional e não privilegiar os interesses dos credores do país nem dos especuladores internos e externos.
Com isso, sinalizaria a retomada de uma política industrial, uma das principais pré-condições para a Argentina desembarcar do projeto colonial iniciado pela dobradinha Menem/Cavallo. Ao mesmo tempo, no entanto, Lavagna parece disposto a levar adiante a exigência do FMI de apertar o cerco fiscal às províncias. Como o incentivo ao crédito e ao consumo são indispensáveis para a Argentina voltar a crescer, essa intenção, na prática, anula as medidas positivas que venham a ser tomadas em defesa da indústria.
A insistência no garrote fiscal é mais danosa até do que o retorno ao câmbio fixo, desde que esse se restrinja a período bastante limitado, suficiente apenas para preparar medidas mais de fundo contra a anarquia cambial. Aliás, mesmo entre os defensores originais da paridade do peso com o dólar, muitos pregavam sua manutenção por prazo bastante limitado. Já a prática recorrente de corte de gastos e juros elevados é equivalente à decisão do doente de trocar o remédio pelo veneno.
Mil e uma noites
Se é verdade que o econômico é a razão oculta por trás de tudo, o Brasil tem cada vez menos razões para ficar em cima do muro diante do massacre dos palestinos levado a cabo pela blitz do governo de Ariel Sharon. No primeiro trimestre deste ano, as exportações do Brasil para o mundo árabe saltaram para US$ 503 milhões. Esse resultado é 14% superior aos US$ 440 milhões no mesmo período do ano passado. Na mesma base de comparação, as importações recuaram 56%, de US$ 860 milhões, no primeiro trimestre de 2001, para US$ 380 milhões, em 2002. Com isso, o país obteve superávit de US$ 123 milhões de janeiro a março deste ano, contra déficit de US$ 420 milhões, no primeiro trimestre de 2001.
Caminho das arábias
O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB), Paulo Atallah, saúda o resultado como uma prova de o Brasil já pode comemorar a consolidação da corrente de comércio (exportações e importações) com o mundo árabe. “Somados os recursos que entraram e os que deixaram de sair do país chegamos a US$ 543 milhões. Essa expansão do comércio com o mundo árabe representa metade do saldo geral da balança comercial brasileira nos três primeiros meses deste ano, de US$ 1,1 bilhão”, destaca Atallah.
A pé
Nem os três aumentos consecutivos do preço da gasolina este ano foram suficientes para alavancar as vendas de carro a álcool. Segundo Renato Ferreira, gerente do Autoline.com, um sítio automobilístico, afirma que, diferentemente do que muita gente pensa, as vendas de carros a álcool se mantêm no mesmo patamar nos últimos 30 meses. De olho nesse nicho de mercado, o sítio lançou uma seção especial com cerca de 400 ofertas de carros a álcool, entre zero quilômetro e usados. De acordo com Ferreira, promover o encontro entre vendedor e comprador desse tipo de veículo é a tarefa mais difícil para sua comercialização.