Uso de Ozempic e similares reduzirá em US$ 48 bi gastos com alimentos nos EUA

Produtos com base no GLP-1, como Ozempic, diminuem apetite e desafiam indústria de alimentos e bebidas

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Embalagem e caneta do Ozempic, da Novo Nordisk
Ozempic (foto Novo Nordisk)

O aumento do uso das “canetinhas” para emagrecer provocará uma perda de US$ 48 bilhões nos gastos dos consumidores nos Estados Unidos com alimentos e bebidas nos próximos 10 anos. Esse dado consta no estudo “Getting to know GLP-1 users, a new type of consumer”, publicado pela KPMG.

GLP-1 (peptídeo semelhante a glucagon 1) é o nome do hormônio usado para tratar da diabetes tipo 2, que se popularizou pelo efeito de emagrecimento por provocar a redução do apetite. O medicamento mais conhecido é a “canetinha” Ozempic, que leva as pessoas a comerem menos – afetando a indústria de alimentos.

Segundo a KPMG, o consumo global de GLP-1 deve crescer 29,6% ao ano até 2030. O estudo indica que 3,5% da população norte-americana, ou 13 milhões de consumidores, utilizam medicamentos GLP-1, número que continua crescendo.

Quase 1/3 dos usuários (31%, para ser mais preciso) gasta menos com mantimentos todos os meses, e 21% dos que responderam à pesquisa estimam que haverá menos calorias consumidas pelo usuário médio do GLP-1 anualmente antes mesmo de começar a medicação.

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Cerca de 1 em cada 8 adultos nos Estados Unidos (aproximadamente 12,5% da população adulta) usou um medicamento GLP-1, como Ozempic ou Mounjaro, em algum momento da vida, e cerca de 6% dos adultos, ou mais de 15 milhões de pessoas, está atualmente usando, segundo pesquisa da KFF.

O Ozempic engordou o valor das ações de seu fabricante, o laboratório dinamarquês Novo Nordisk, levando seu valor de mercado a US$ 471 bilhões (novembro de 2024), entre os 20 maiores do mundo.

Oportunidades do Ozempic em nova relação com os alimentos

“A grande preocupação da indústria de alimentos e bebidas é tentar prever como esse mercado vai se comportar nos Estados Unidos quando milhões de americanos diminuírem o apetite. O importante nesse momento é definir cenários prováveis e tentar entender como o portfólio de cada empresa pode ser repensado em termos de categorias, uma vez que as pessoas não vão deixar de comer e beber, mas vão buscar categorias diferentes e porções menores em relação as que consomem atualmente”, afirma Fernando Gambôa, sócio-líder de Consumo e Varejo da KPMG no Brasil e na América do Sul.

A publicação também evidenciou que esse cenário pode ser visto como uma oportunidade. A maioria dos usuários desses medicamentos optam por mudanças mais saudáveis no estilo de vida, incluindo mudanças comportamentais, como melhor nutrição e mais exercícios. O comportamento de compra dos usuários do GLP-1 pode mudar para estar alinhado aos novos hábitos de consumo.

“As empresas que conseguirem explorar essas mudanças de comportamento desses consumidores têm a oportunidade de aumentar a participação de mercado e desenvolver novas fontes de receitas”, explica o sócio da firma de auditoria e consultoria.

O estudo apresenta ainda cinco comportamentos que representam padrões de consumo que as empresas de alimentos e bebidas devem reconhecer nessa nova realidade:

  • Cortador de calorias: não muda o que compra, mas reduz o quanto compra.
  • Escolha saudável: mantém uma dieta ampla, substituindo o que consome por opções nutritivas e de menor caloria.
  • Alimentação por categorias: está focado na perda de peso aliada ao uso do medicamento GLP-1, sendo o perfil com mudanças de comportamentos mais significativos.
  • Premium: reduz o quanto ele consome, mas mantém as despesas comprando mais itens sofisticados. Provavelmente é o consumidor de maior renda, que quer continuar a desfrutar o prazer de comer bem.
  • Consumidor de produtos básicos: diminuirá as despesas gerais além da redução pura do volume.

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