O lucro da Vale caiu no terceiro trimestre, mas o resultado foi melhor do que se esperava. A mineradora fechou o trimestre com lucro líquido atribuído aos acionistas menor, de US$ 2,4 bilhões, uma baixa de 15% quando comparado com igual período de 2023.
Mas os investidores acreditavam em algo ainda menor, próximo a US$ 1,7 bilhão. Ou seja, sempre pode ser pior. Inclusive as ações da mineradora marcavam valorização de 4% na tarde desta sexta-feira, dia da teleconferência com analistas para comentar os resultados. O balanço da companhia foi divulgado na noite desta quinta-feira (24), após fechamento do mercado.
A reação positiva do mercado financeiro, após a queda do lucro atribuído aos acionistas, tem uma razão forte. A mineradora anunciou nesta sexta-feira fechamento do acordo de reparação entre as partes envolvidas do rompimento da barragem de Fundão da Samarco, em Mariana, MG, ocorrido em 5 de novembro de 2015. O acordo definitivo prevê pagamento de aproximadamente R$ 170 bilhões, referentes a obrigações passadas e futuras, para atender as pessoas, as comunidades e o meio ambiente impactados pelo rompimento. O acerto financeiro tem prazo de terminar em 2030.
Na teleconferência, a diretoria da companhia disse que o acerto representa uma nova fase para a Vale e deixaria para trás questionamentos sobre a tragédia. Além disso, “desconstrói o principal argumento de advogados das vítimas do rompimento da barragem em ação movida contra a BHP na Justiça de Londres”, frisou nesta sexta-feira o vice-presidente Executivo de Assuntos Corporativos e Institucionais da Vale, Alexandre D’Ambrosio.
A Vale confirmou que o lucro líquido 15% menor foi devido, principalmente, a um menor Ebitda Proforma e ao efeito negativo de Coligadas & JV’s, resultado do acordo definitivo pelo rompimento da barragem da Samarco.
“O caso aqui no Brasil desconstrói o principal argumento dos advogados no Reino Unido, que é de que esse tipo de problema não está sendo resolvido de forma séria no Brasil, e que acabou de cair por terra com esse acordo, porque ele mostra que, de fato, a resolução aqui é possível, é eficiente, é rápida e é o local correto”, afirmou D’Ambrosio.
Segundo a mineradora, o impacto financeiro com a queda do lucro foi parcialmente compensados por um efeito positivo do resultado com baixa de ativos não circulantes relacionada à venda de 50% da participação da VODC.
O Ebitda Proforma Ajustado totalizou US$ 3,7 bilhões, 21% menor a/a e 6% menor t/t, devido, principalmente, a preços realizados de finos de minério de ferro menores e custos de frete maiores, que foram parcialmente compensados pelo efeito positivo da depreciação do real, menores custos e despesas e maiores volumes de vendas. A dívida líquida expandida totalizou US$ 16,5 bilhões em 30 de setembro, US$ 1,8 bilhão maior t/t, devido, principalmente, às provisões adicionais relacionadas à Samarco.
















