Valle Central do Chile – Parte 2

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Na parte Meridional do Valle Central do Chile se encontram o Valle de Curicó e o Valle del Maule. Não tão distantes assim de Santiago, mas seguindo rumo ao sul, tendo ao lado as presenças da costa do Pacifico e dos Andes, mesmo que em configurações distintas.

O Valle de Curicó iniciou seu cultivo de uvas para vinicultura no século XIX e conta com vinhedos centenários, no entanto, está bastante associado à modernidade do vinho chileno, uma vez que foi ali que, em 1979, a consagrada vinícola catalã Torres se instalou, próximo da Cordilheira, a 200km de Santiago, com um projeto inovador, que mudou a cara do vinho chileno. O perfil climático é o mediterrâneo do Valle Central, e a região conta com amplas áreas que se estendem de oeste a leste e sofrem influencias climáticas diferenciadas nas interseções com as Cordilheiras dos Andes e da Costa.

Com solos aluviais e vulcânicos bem drenados, a região conta também com boas fontes de irrigação. Duas cepas absolutamente predominantes, uma branca e outra tinta: Sauvignon Blanc e Cabernet Sauvignon, esta com 1/3 dos vinhedos. Chama atenção os vinhos da Sauvignon Blanc plantada junto aos Andes, com frescor e acidez mais vibrante.

Logo abaixo, está o Valle del Maule, a partir de 270km sul de Santiago – o mais extenso do Chile, com aproximadamente 28 mil ha de vinhedos. A atividade vitícola é uma das mais antigas, iniciada no século XVI com a cepa País, trazida pelos espanhóis e que ainda hoje corresponde a quase 1/3 do volume produzido pela região. Trata-se tradicionalmente da região de produção de grande volume, com predomínio de vinhos mais populares, embora este perfil não se apresente como uma generalidade atualmente, desde que algumas vinícolas de prestígio e projetos inovadores ali se instalaram. A exploração com objetivos mais qualitativos inclui até a releitura da uva País.

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Diferentemente das outras áreas do Valle Central, o Maule não sofre influência marítima, pois se encontra em áreas planas limitadas a leste por colinas costeiras. Seus vinhedos são mais condicionados pelas altas temperaturas do clima mediterrâneo e por ventos frios da Cordilheira dos Andes, que favorecem a amplitude térmica. Castas variadas, com destaque para a Cabernet Sauvignon, a Carmenère e a Merlot, mas a grande vedete tem sido a Carignan, que tem levado já há alguns anos enólogos de vinícolas do Maule e de outras regiões a explorarem o potencial dessa casta neste território.

Amplamente cultivada na Europa mediterrânea, a Carignan (Cariñeña na Espanha) foi resgatada no Chile na década de 1990 e ganhou a graça de vinícolas de boutique (Odfjell, De Martino, Morandé). A sua alta resistência faz com que sobreviva bem aos invernos rigorosos e verões longos e secos do Maule. De maturação muito tardia, consegue amadurecer lentamente sem ressecar e sem perder a acidez, uma vez que se nutre de água e compostos minerais das profundezas do subsolo.

A maldição da Carignan e a sua associação a vinhos de grande quantidade foi definitivamente quebrada pela aquisição de competência para trabalhá-la em alguns lugares do mundo como o Chile. Os melhores vinhedos da Carignan no Vale do Maule provêm de vinhas velhas plantadas em encostas de solos de baixa fertilidade.

Para finalizar a cobertura do Valle Central vitivinícola chilleno, listo abaixo nomes de Viñas de destaque situadas nos seus cinco vales e das uvas que dão origem à boa parte dos melhores vinhos dessas regiões.

Valle del Maipo

Principais vinícolas: Almaviva; Aquitania; Baron de Philippe Rotschild; Carmen; Clos Quebrada de Macul; Concha Y Toro; Cousino Macul; De Martino; Perez Cruz; Santa Carolina; Santa Rita; Tarapacá; Tres Palácios; Undurraga; Viñedos Chadwick.

Principais cepas: Cabernet Sauvignon, Merlot e Carmenère.

Valle de Colchagua

Principais vinícolas: Apaltagua; Bisquertt; Caliterra; Casa Lapostolle; Casa Silva; Los Vascos; Luis Felipe Edwards; Maquis; Montes, Mont Gras; Santa Cruz; Viu Manent.

Principais cepas: Carmenère, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Malbec e Riesling.

Valle de Cachapoal

Principais vinícolas: Anakena; Casas del Toqui; Château Los Boldos, Clos de Luz; Torreón de Paredes.

Principais cepas: Cabernet Sauvignon, Carmenère e Merlot.

Valle de Curicó

Principais vinícolas: Bouchon Family Wines; Echeverria; J. A. Jofré; Miguel Torres; Requingua; San Pedro; Valdivieso.

Principais cepas: Cabernet Sauvignon e Sauvignon Blanc.

Valle del Maule

Principais Vinícolas: Balduzzi, Calina, Garage Wine C.O., La Reserva de Caliboro (Erasmo); Laberinto; Terranoble.

Principais cepas: País e Carignan.

 

Para saber mais sobre eventos, turmas abertas de formação em vinhos da Cafa Wine School, de Bordeaux, entre outros projetos realizados por Miriam Aguiar, visite miriamaguiar.com.br / instagram: @miriamaguiar.vinhos

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